Três em cada dez pacientes que recebem coração no Brasil esperam menos de um mês

O curto espaço de tempo em que o apresentador Fausto Silva, de 73 anos, conseguiu um coração para um transplante gerou muita discussão nas redes sociais. Ele passou pela cirurgia no domingo (27), 19 dias após ter sido incluído na lista de espera.

Os dados do Sistema Nacional de Transplantes mostram, porém, que, assim como Faustão, três em cada dez pacientes que recebem um coração esperam menos de um mês.

O Ministério da Saúde informou que, entre 1º de janeiro e 27 de agosto deste ano, foram realizados 262 transplantes cardíacos no país.

O tempo de espera foi o seguinte:

• Menos de 30 dias: 72 pessoas (27,5%)

• De 30 a 90 dias: 65 pessoas (24,8%)

• De 3 a 6 meses: 39 pessoas (14,8%)

• De 6 meses a 1 ano - 48 pessoas (18,3%)

• Mais de 1 ano: 38 pessoas (14,5%)

Apesar de haver 180 pessoas na lista de espera por um coração no estado de São Paulo no mês passado, o estado de saúde do apresentador fez com que ele tivesse prioridade.

Faustão estava internado desde o começo do mês e passava por diálise. No domingo, ele era o segundo da lista, mas a equipe médica do primeiro paciente recusou o órgão por motivos que não foram divulgados. 

A lista é única, tanto para pacientes do SUS quanto da rede privada, e fiscalizada por uma série de órgãos de controle.

Na semana passada, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que os transplantes, de modo geral, dependem "de fatores como disponibilização do órgão por meio do processo de doação, ordem cronológica, gravidade do caso e disponibilidade ou não de tratamentos alternativos, com prioridade aos casos de urgência, em que há risco de morte".

Mesmo que uma pessoa esteja no topo da lista pelo critério cronológico, se o coração que estiver disponível não for compatível a ela, o órgão é ofertado a outros, levando em conta a gravidade de cada caso.

Segundo as normas de compatibilidade para transplante de coração, o receptor só pode receber o órgão de um doador com peso que varie até 20% para mais ou para menos em relação ao de quem aguarda o transplante.

Um paciente de 80 kg, por exemplo, só pode receber um órgão de um doador que pese entre 64 kg e 96 kg.

Em São Paulo, o tempo de espera por um transplante de coração para potenciais receptores do grupo sanguíneo B, como era o caso em questão, é de um a três meses — mas pode ser reduzido por urgência.

Desde ontem, as redes sociais foram tomadas por comentários mentirosos de que Faustão havia furado a fila para conseguir um coração. A família dele rechaçou as alegações.

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