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Uso de óvulos de jovens permite gravidez em idade avançada

Idosa de 74 anos conseguiu realizar sonho de ser mãe graças à generosidade de uma jovem; doadora e receptora de óvulos revelam suas motivações

Saúde|Deborah Giannini, do R7

No país, a FIV é permitida até os 50 anos, com óvulos doados ou próprios
No país, a FIV é permitida até os 50 anos, com óvulos doados ou próprios

O que permite que mulheres em idades avançadas, como a indiana Erramatti Mangayamma, 74, engravidem e dêem à luz bebês? Após 60 anos, ela conseguiu realizar um antigo desejo de ser mãe, tendo filhos gêmeos, graças à ciência - ela recorreu à fertilização in vitro (FIV) - e à generosidade de uma jovem, que lhe doou óvulos, que ela já não produzia mais.

"Com óvulos doados, teoricamente uma mulher pode engravidar em qualquer idade. Porém, é preciso saber que uma gravidez acarreta uma sobrecarga no organismo. Quanto maior a idade, maior o risco de complicações, tanto para o bebê quanto para a gestante", afirma o ginecologista Paulo Gallo, especialista em reprodução humana e diretor-médico do Vida Centro de Fertilidade, no Rio de Janeiro.

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"O ideal é que a mulher engravide com óvulos doados até os 50 anos. Se ela tiver a saúde muito boa, no máximo até os 55. Depois disso, o risco obstétrico é muito grande e deve ser evitado", acrescenta.


Erramatti Mangayamma, 74, é considerada a mulher mais velha a dar à luz
Erramatti Mangayamma, 74, é considerada a mulher mais velha a dar à luz

A ovodoação é realizada por meio de clínicas especializadas em reprodução assistida. Geralmente é recomendada a partir dos 42 anos, em média, quando a qualidade dos óvulos cai bruscamente, interferindo na qualidade dos embriões e, portanto, no sucesso de uma gravidez.

Segundo o médico, pode também ser indicada antes dessa idade devido à falência ovariana, a chamada menopausa precoce, ou no caso de problemas de saúde que envolva os óvulos.


A fecundação utilizando óvulos doados é feita por meio do método de fertilização in vitro, ou seja, em laboratório, sendo o embrião transferido para a futura mãe, após preparação do útero, por meio de um cateter.

O fato de uma mulher estar na menopausa não diminui a chance de ela engravidar com óvulos doados. "Muito pelo contrário. Como o ovário não está produzindo hormônios, é até mais fácil o preparo endometrial sem o risco de interferência de hormônios que a própria mulher produza", explica. 


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Segundo ele, a idade da mãe que gera o bebê não interfere diretamente em seu desenvolvimento. "Pode interferir por risco de pré-eclâmpsia, que é o aumento da pressão arterial, diabetes gestacional, chance de o bebê nascer prematuro ou com baixo peso, mas em relação à formação, não", ressalta.

"Dependendo do sistema circulatório dessa mulher, ela pode vir a ter um bebê com menos peso, pois, com a idade, as artérias tendem a ir obstruindo, ficarem mais estreitas. Isso acontece também no útero, o que acaba ocasionando uma chegada menor de nutrientes e oxigênio para o neném e, assim, ele poderia ter um peso menor aos nascer", completa.

Amor pelos embriões

Carla*, 45, grávida de 5 meses, utilizou óvulos doados. A escolha da doadora, cujas características físicas e tipo sanguíneo são compatíveis com os da receptora, foi feita pela clínica.

Ela afirma que o fato de os óvulos não terem seu DNA nunca chegou a incomodá-la. "No caso da ovodoação, vários pontos são positivos: óvulos mais novos, menor chance de doenças genéticas por causa da idade e, além disso, depois que você começa a gerar e sentir o bebê, tudo fica pra trás, nada importa! Só o desejo de ser mãe", diz. 

"O amor que você sente pelos embriões antes mesmo da implantação, faz você esquecer esse detalhe", completa.

Carla só contou para os pais, os sogros e os melhores amigos que recorreu a óvulos doados. Ela julga não considerar necessário contar futuramente para o filho.

Mãe é a receptora

Já Fabiana, 33, decidiu doar seus óvulos. Segundo ela, a primeira razão foi diminuir os custos do seu tratamento de fertilização in vitro - a receptora paga todo o tratamento da doadora, exceto as medicações, por essa razão o custo do tratamento de quem utiliza óvulos doados tende a ser mais alto.

Fabiana conta que já tem filhos e tinha feito laqueadura. No entanto, decidiu engravidar novamente e, por essa razão, teve que buscar o tratamento.

Ela diz que não tem curiosidade de conhecer a mãe que os utilizou. "A partir do momento da decisão, a mãe passa a ser a receptora", acredita. "Não tenho curiosidade de conhecer a criança que foi gerada porque eu doei apenas os óvulos, não gostaria ter esse acesso", explica.

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Para ela, saber que outra mulher só conseguirá engravidar graças à doação de seus óvulos, é a maior satisfação. "É gratificante saber que podemos, por meio da doação, ajudar outras mulheres na tão sonhada maternidade", finaliza.

*Os nomes são fictícios, utilizados a pedido das entrevistadas

Posso escolher o sexo do bebê? Tire dúvidas sobre a fertilização in vitro:

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