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'Congelei meus óvulos para ganhar tempo', diz mulher de 38 anos

Procedimento dá tranquilidade emocional, mas não é garantia de gravidez, segundo especialistas; entenda como funciona o congelamento de óvulos

Saúde|Deborah Giannini, do R7

A administradora Cristina Barros tem 12 óvulos congelados
A administradora Cristina Barros tem 12 óvulos congelados A administradora Cristina Barros tem 12 óvulos congelados

“Congelei meus óvulos para ganhar tempo e tranquilidade. Para garantir meu poder de escolha”, diz a empresária Cristina Barros, 38, solteira. A busca por “tranquilidade emocional” é um dos principais fatores que levam mulheres a buscarem o procedimento, de acordo com o ginecologista Carlos Alberto Petta, do Serviço de Reprodução Humana do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

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Congelar óvulos estende o tempo para engravidar, mas não é garantia de que a tentativa dará certo, segundo os especialistas. “A vantagem é a chance que a mulher terá no futuro. A probabilidade de engravidar aos 30 anos é de 60%. Se ela congela nesta idade e o utiliza aos 40, por exemplo, quando a porcentagem cai para 35%, ela terá preservada a chance de 60%”, afirma Petta.

Segundo ele, a procura pelo serviço aumentou 100% no último ano. Na Clínica Huntington, especializada em reprodução humana e uma das pioneiras no procedimento no país, o serviço passou de 5% do total dos tratamentos para 30% nos últimos cinco anos.

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“Existe uma dinâmica entre as mulheres que têm tornado isso mais frequente, que surge em rodas de conversa. Elas discutem: ‘Eu já congelei meus óvulos e você?’”, afirma o ginecologista Eduardo Motta, diretor da Huntington.

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O gatilho que impulsionou Cristina a tomar a decisão do congelamento ocorreu justamente em uma conversa com as amigas. “Um pouco antes de eu fazer 38 anos, uma amiga de 40 tentou congelar e não teve óvulos viáveis. Deu um clique: o tempo está passando. Estamos muito novas socialmente, mas fisiologicamente somos iguais às mulheres de 20 anos atrás”, afirma.

O ideal é que os óvulos sejam congelados até os 35 anos de idade. Segundo Petta, até esta idade a qualidade e a quantidade dos óvulos obtidos no tratamento são melhores. No entanto, Motta afirma que é raro mulheres buscarem pelo procedimento até essa idade. “A faixa etária que mais procura é dos 35 aos 40 anos. É preciso que a mulher esteja ciente de que os resultados são menos eficazes a partir dos 35 anos”, afirma.

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Cristina fez dois tratamentos e obteve seis óvulos em cada, alcançando um “acervo” de 12 óvulos congelados. “Fiz dois para aumentar a chance de sucesso. Não senti nada durante os procedimentos”, diz.

Motta explica que, embora o tratamento para a retirada de óvulos seja o mesmo, tanto para congelamento quanto para a fecundação in vitro (FIV), as mulheres encaram os procedimentos de forma diferente. “As que congelam os óvulos têm uma aceitação melhor, encaram de uma forma mais positiva, pois não há a ansiedade de saber se vai dar resultado. Para elas, é muito mais fácil repetir porque o pensamento é ‘eu fiz o que podia fazer’”, afirma.

Procedimento completo leva duas semanas

O congelamento é feito a partir de óvulos obtidos por meio de estimulação por hormônio. O procedimento completo dura em torno de duas semanas. Começa no primeiro ao terceiro dia menstruação, com a aplicação de injeções com hormônios que estimulam o amadurecimento dos folículos ovarianos durante cerca de 7 dias.

Folículos são os precursores dos óvulos. A cada ciclo menstrual, os ovários produzem diversos folículos, mas apenas um amadurece e forma um óvulo.

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Com a estimulação de medicamentos, todos os folículos daquele ciclo evoluem para óvulo. A quantidade de óvulos produzida varia em cada mulher, mas a média são de 12 óvulos entre 30 e 35 anos, 8, entre 36 e 40 anos, e dois, após os 40, de acordo com a ginecologista Maria Cecília Erthal, especialista em reprodução humana e diretora-médico do Vida-Centro de Fertilidade, no Rio de Janeiro.

“Depende da reserva ovariana, quantidade de folículos com a qual a mulher nasce e vai perdendo ao longo da vida”, explica Maria Cecília.

A dosagem do hormônio anti-mulleriano é o exame para analisar a reserva. Mas Petta ressalta que a reserva revela o número de óvulos, mas não sua qualidade, fundamental para a formação do embrião. “A qualidade dos óvulos está relacionada à idade da mulher”, afirma.

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Para estimular que os folículos evoluam para óvulos, são utilizadas duas injeções: nos primeiros seis dias uma injeção à base de FSH; no sétimo dia é aplicada uma outra, em dose única, chamada de antagonista, que evita a ovulação espontânea, segundo Maria Cecília. Um terceiro medicamento é utilizado para maturação dos óvulos e, após exatas 36 horas, será realizada a aspiração.

A aspiração é feita por meio da introdução de uma agulha longa pela vagina, que alcança os folículos nos ovários. Essa agulha está acoplada a um sistema de pressão, que leva os folículos para um tubo de ensaio. O procedimento dura 10 minutos.

Para a realização do procedimento, a mulher é sedada por médico anestesista. Maria Cecília explica que, no total, a mulher fica 1 hora na clínica e, então pode ir para casa.

Os óvulos coletados são congelados por meio de nitrogênio líquido, em temperatura abaixo de 190°C.

Hiperestimulação é rara

Um dos riscos do procedimento é a chamada Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, mas, segundo a especialista em reprodução humana, trata-se de uma condição raríssima.

Ocorre quando há uma resposta exagerada dos ovários aos medicamentos. Ela explica que os indicadores são um grande número de óvulos – acima de 15 – e o nível do hormônio estradiol acima 3.000 pg/ml. Causa distensão abdominal, desconforto e náuseas, sendo potencialmente grave.

Ela ressalta a importância da realização do procedimento com especialistas em reprodução humana com grande experiência para evitar esse tipo de risco, pois é o médico quem irá determinar o tipo e a dose dos medicamentos.

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O procedimento de congelamento de óvulos não é oferecido pelo SUS nem por convênios médicos e custa em torno de R$ 15 mil. A anuidade para manter os óvulos congelado é de R$ 1.000, em média.

Petta lembra que, uma alternativa para não pagar o tratamento é a ovodoação. “A mulher doa parte dos óvulos coletados para quem precisa e essa pessoa que recebe os óvulos paga seu tratamento de forma integral ”, explica. “Todos os óvulos considerados bons, ou seja, maduros, são divididos entre elas”, completa.

Aos 32 anos, Tatyane Goulart assume empresa da família e pretende congelar óvulos:

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