Cerca de 70% de mais de 15 mil árvores mortas na borda sul da Floresta Amazônica tiveram suas copas danificadas pela quebra de galhos ou partes do tronco antes de morrerem. As causas, falta de água e a força dos ventos, estão diretamente ligadas à ação humana e às mudanças climáticas. A descoberta é de um estudo brasileiro publicado no Journal of Ecology. Ela preocupa, pois aponta como outras partes da Amazônia podem ser atingidas no futuro caso a combinação de desmatamento e aquecimento global não seja detida.
A mortalidade de árvores na borda sul é maior do que em qualquer outra região da Amazônia e, segundo a pesquisa, um aumento pode representar um ponto de inflexão para a floresta. A análise foi feita com dados de dez anos de pesquisas de campo na área que já é a mais seca, a mais quente e a mais fragmentada das regiões da Amazônia. Ela só foi possível graças a mais de 20 anos de monitoramento e contagem em áreas da floresta.
ÁRVORES MORTAS
O índice de 70% representa as árvores mortas após serem encontradas vivas, mas com as copas quebradas na contagem anterior. Das achadas mortas, sem catalogação anterior, a maioria morreu por quebra do tronco (54%); uma proporção menor morreu em pé (41%), e poucas foram desenraizadas (5%).
A mortalidade para árvores em pé foi maior em florestas sujeitas a secas mais intensas. Enquanto as árvores com copa mais exposta à luz eram mais propensas à morte por danos mecânicos, as menos iluminadas eram mais suscetíveis à morte por seca.
A quebra das copas resulta em maior exposição das árvores a pragas, mais fragilidade nas secas e menor capacidade de fotossíntese. O desmatamento deixa as que ficam em pé mais expostas à ação dos ventos, que tendem a ser mais fortes em decorrência do aumento da temperatura. Com mais árvores mortas, fica menor a capacidade de a floresta reter o dióxido de carbono, principal gás causador do aquecimento global.
Segundo a pesquisadora Simone Matias Reis, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), autora do estudo, a morte das árvores está ligada ao desmatamento na chamada fronteira agrícola, no sul da Amazônia. As medições foram feitas em Mato Grosso e no Pará. "Conforme aumenta o desmatamento para a agricultura e para a criação de pastos, a floresta fica mais exposta e a região desmatada pode ter diminuição de chuvas e aumento da intensidade dos ventos."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.