Adolescente arruína 4,6 mil estudos científicos com vídeo no TikTok
Publicação de Sarah Frank na rede social indicava site de pesquisas que remunera internautas que respondem a questionários
Tecnologia e Ciência|Lucas Ferreira, do R7
Uma simples dica em um vídeo do TikTok fez a americana Sarah Frank arruinar 4,6 mil estudos científicos de um site voltado para pesquisas de público. A adolescente, inocentemente, contaminou as amostras demográficas das teses, e milhares de trabalhos precisaram ser paralisados.
Frank publicou no dia 23 de julho um vídeo em que dava uma dica preciosa aos usuários do TikTok que queriam fazer uma renda extra sem sair de casa. A jovem indicou o site Prolific.co, portal no qual é possível ganhar dinheiro participando de pesquisas.
O vídeo da adolescente alcançou 4,2 milhões de visualizações e, consequentemente, o Profilic.co ganhou uma série de novos inscritos que participaram assiduamente de suas pesquisas.
Porém, sem saber, Frank acabou contaminando as amostras demográficas do site e dos estudos direcionando ao portal de pesquisa, em sua maioria, jovens mulheres.
“Nós notamos um grande aumento no número de participantes dos Estados Unidos na plataforma, de 40 mil a 80 mil”, indicou um membro do Laboratório de Comportamento de Stanford. “[O crescimento] é incrível, mas agora muitos estudos contêm enviesamento de gênero, com 85% das participantes sendo mulheres. A idade média é por volta de 21 anos”.
O vídeo viral de Frank desagradou a muitos usuários do site, já que a alta procura para participar dos estudos diminuiu a retribuição em dinheiro fornecida pelo Prolific.co.
“Eu recebi muitos comentários maldosos me acusando de sozinha arruinar o site por ser egoísta — ainda que eu não tenha recebido nenhuma compensação pelo vídeo”, contou Frank ao site The Verge.
O chefe de tecnologia do Prolific.co, Phelim Bradley, afirmou ao The Verge que a explosão de novos usuários vem caindo e, atualmente, o site apresenta uma estabilidade nos níveis de gênero do portal.
“Antes do TikTok, cerca de 50% das respostas em nossa plataforma eram de mulheres. O surto levou essa estatística a 75% por alguns dias, mas, desde então, esse número tem caído e estamos, no momento, de volta aos 60% de respostas do público feminino.”
Cerca de 30% dos estudos do site foram afetados pela dica de Frank. Entretanto, segundo o Prolific.co, grande parte das pesquisas pode ser recuperada.
Além de devolver aos pesquisadores o valor investido para a publicação da pesquisa no site, a Prolific.co desenvolverá mecanismos para que estudos não possam ser infectados demograficamente no futuro.