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Tecnologia e Ciência

As tecnologias que precisam de aprimoramento em 2024 e o que foi solucionado em 2023

Mensagens de texto e carros autônomos e ainda precisam melhorar, enquanto carregadores e chips digitais ganharam eficiência

Tecnologia e Ciência|Brian X. Chen

As empresas de tecnologia gostariam que acreditássemos que seus produtos contam uma história de progresso. Telefones mais rápidos! Câmeras melhores! Telas mais brilhantes! Mas, apesar de todas as melhorias, algumas peças apresentam falhas há muito tempo.

A tecnologia de mensagem de texto, que criou o que muitos chamam de disparidade "balão verde x balão azul", fez com que a troca de mensagens entre telefones da Apple e do Android fosse uma experiência aquém do esperado, desde que o smartphone existe. Invenções mais recentes, como carros autônomos e criptomoedas, continuam a colocar as pessoas em risco.

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Para dar crédito a quem merece, no ano passado houve algumas melhorias que foram grandes vitórias para os consumidores. Agora temos um cabo de alimentação comum para carregar nossos diversos dispositivos. Os smartphones dobráveis, que abrem e fecham como um livro, agora têm um software mais intuitivo para o consumidor. As empresas também avançaram na tecnologia de serviço telefônico sem fio, o que simplificou muito o processo de troca de plano e levou a uma diminuição significativa de gastos.

Com o início de um novo ano, vamos dar uma olhada na tecnologia que precisa ser aprimorada em 2024 e refletir sobre as soluções que encontramos em 2023.


A tecnologia que precisa melhorar em 2024

As mensagens de texto ainda necessitam de muitas melhoras e operar entre diferentes aparelhos
As mensagens de texto ainda necessitam de muitas melhoras e operar entre diferentes aparelhos Sisi Yu/The New York Times

1) Mensagens de texto

"Quem é o balão verde?" Entre usuários de smartphones, essa se tornou uma pergunta comum em mensagens de grupo. Quando usuários de iPhone enviam mensagens para outros aparelhos da mesma marca, elas aparecem em azul e acessam vantagens exclusivas, como emojis divertidos e animações. Mas, quando as mensagens são trocadas entre usuários de iPhone e usuários do Android, o balão fica verde, muitos recursos falham e as fotos e os vídeos perdem qualidade.

A incompatibilidade tecnológica entre smartphones criou uma divisão sociológica mais profunda. Nas escolas, as crianças que têm um telefone Android muitas vezes são ridicularizadas e excluídas das atividades pelas que têm um iPhone, segundo especialistas em educação. E alguns adultos que usam aplicativos de namoro veem as mensagens enviadas por meio de um balão verde como um "sinal de alerta" para a instabilidade financeira de um possível pretendente, porque alguns telefones Android custam menos que um iPhone.

Ainda neste ano, uma grande parte desses problemas de mensagens de texto será corrigida. A Apple anunciou que planeja adotar serviços de comunicação avançada, um padrão moderno de SMS que fabricantes de telefones Google e Android usam. Mensagens de texto enviadas entre iPhones e Androids ainda vão aparecer em verde, mas vídeos e imagens serão carregados em alta resolução, e recursos como compartilhamento de localização e recibo de leitura também vão funcionar. Mas ainda não se sabe ao certo se isso será suficiente para encerrar a guerra dos balões.

Carros autônomos prometeram muito e ainda não entregaram
Carros autônomos prometeram muito e ainda não entregaram Jim Wilson/The New York Times – 01.11.2023

2) Carros autônomos

A ascensão e queda da Cruise, empresa de carros autônomos, é uma história exemplar para o modus operandi do Vale do Silício de colocar a inovação acima de tudo, inclusive da segurança pública. Em outubro, alguns meses depois que os órgãos reguladores da Califórnia permitiram que a Cruise e a Waymo operassem serviços pagos de táxi sem motorista, um veículo da Cruise atingiu um pedestre em San Francisco e o arrastou por seis metros.

Pouco depois, os órgãos reguladores ordenaram que a Cruise, subsidiária da General Motors, interrompesse seu serviço de robotáxi. A empresa cortou 25 por cento de seus funcionários, e Kyle Vogt, o diretor executivo da empresa, pediu demissão.

Esperamos que 2024 seja um ano melhor para a tecnologia de direção autônoma. A Waymo, empresa de carros autônomos do Google, continua a testar o serviço com muito menos contratempos. Os carros da marca ainda não rivalizam com um motorista competente – na minha experiência, eles podem ter dificuldade em encontrar zonas de embarque, parar de repente e seguir rotas ineficientes –, mas muitos motoristas humanos também podem ser irritantes.

Bolsas e operadoras de criptoativos implodiram no último ano
Bolsas e operadoras de criptoativos implodiram no último ano Karsten Moran/The New York Times – 03.02.2023

3) Criptomoedas

Para alguém comum que está experimentando as criptomoedas, a premissa da tecnologia tem sido duvidosa desde o início: você compra moeda virtual por meio de um sistema descentralizado de computadores, semelhante à forma como a Wikipedia é administrada por uma rede descentralizada de escritores. Em teoria, isso oferece privacidade e dá aos consumidores mais controle sobre seu dinheiro do que um banco tradicional.

A implosão espetacular da bolsa de criptomoedas FTX destacou os riscos consideráveis de acumular dinheiro em um serviço financeiro descentralizado. Quando sua bancarrota foi decretada em 2022, aqueles que possuíam ativos na empresa perderam dinheiro, embora ainda pudessem recuperar parte dele no processo de falência. Sam Bankman-Fried, o fundador da FTX, foi condenado em novembro por sete acusações de fraude e conspiração, envolvendo o desvio de US$ 10 bilhões de clientes para financiar contribuições políticas, investimentos em capital de risco e compras luxuosas, incluindo uma cobertura de cinco quartos nas Bahamas.

Além do risco inerente de confiar dinheiro a um grupo não regulamentado e relativamente desconhecido, ainda não há um caso de uso sólido de criptomoedas entre pessoas comuns. Embora possa haver muita coisa para comprar com criptomoedas, o processo de transação, que envolve o uso de aplicativos de carteira de criptomoedas de terceiros, continua sendo mais complexo e demorado do que fazer pagamentos tradicionais com cartão de crédito ou serviço bancário.

A tecnologia que foi corrigida em 2023

A chegada do USB-C finalmente tornou os carregadores melhores
A chegada do USB-C finalmente tornou os carregadores melhores Derek Abella/The New York Times

1) Carregadores

Todo mundo entende esta situação: você está viajando e pensou que tinha levado os cabos para carregar o telefone, o laptop e os fones de ouvido, mas percebe que deixou um deles em casa, por isso tem de comprar outro. Essa situação irritante foi agravada por empresas (sobretudo a Apple) que projetaram seus produtos para funcionar com carregadores exclusivos da marca.

Graças a uma nova regulamentação europeia que exige que todos os dispositivos portáteis usem um carregador comum, agora estamos um passo mais perto do sonho de andar com um só cabo para todos os nossos aparelhos. No ano passado, os novos iPhones deixaram de ser produzidos com a porta Lightning que a Apple vinha usando havia mais de uma década. Em vez disso, passaram a vir com a conexão USB-C, porta de carregamento de forma oval muito usada por vários laptops, telefones Android e acessórios de áudio. Que alívio.

Smartphones com duas telas são eficientes, mas ainda caros
Smartphones com duas telas são eficientes, mas ainda caros Jim Wilson/The New York Times – 22.06.2023

2) Telefones dobráveis

Nos últimos quatro anos, fabricantes como a Samsung e a Motorola têm lançado smartphones que podem ser dobrados ou desdobrados para diminuir ou aumentar o tamanho da tela. Ganharam pouco destaque porque eram difíceis de usar, seu software era complicado e custavam quase US$ 2 mil, mais que o dobro do preço dos telefones tradicionais.

No ano passado, o Google lançou o Pixel Fold, telefone dobrável que corrigiu muitos dos problemas e deu uma resposta clara sobre o motivo pelo qual a categoria deveria existir: desdobrado, transforma-se em um tablet que torna a leitura de e-mails, a exibição de vídeos e leitura de quadrinhos mais agradável do que em uma tela normal. Dobrado, torna-se um smartphone comum que não fica muito volumoso dentro do bolso. Nos meus testes, achei também a câmera excelente e a bateria teve longa duração.

O problema que ainda resta é o preço. Por US$ 1.800, o Pixel Fold pode ser inacessível para a maioria das pessoas. Mas o amadurecimento da tecnologia oferece um vislumbre empolgante do que está por vir para smartphones e telas em geral.

A tecnologia de chips digitais melhorou a operação dos smartphones
A tecnologia de chips digitais melhorou a operação dos smartphones Derek Abella/The New York Times

3) eSIM

Quando começou a chegar aos smartphones, há cerca de seis anos, a tecnologia eSIM, o equivalente digital do cartão SIM que carrega seu número de telefone, era difícil de ser recomendada. Tinha como objetivo simplificar o processo de ativação de uma nova linha telefônica quando você leva um smartphone para o exterior e se conecta a uma rede estrangeira, por exemplo. Mas, no começo, o eSIM era uma bagunça. Alguns planos falhavam na ativação e outros cobravam taxas exorbitantes por pequenas quantidades de dados celulares.

Em 2023, a tecnologia atingiu um ponto alto. Agora, dezenas de operadoras de rede móvel oferecem serviços sem fio rápidos e confiáveis por muito menos do que as operadoras tradicionais e os passos para ativar o eSIM também estão mais simples.

Tudo isso leva a benefícios que podem ajudar você a economizar milhares de dólares ao longo de alguns anos em serviços sem fio. Ao viajar ao exterior, você pode facilmente usar o eSIM para ativar um plano de telefone e pagar alguns dólares por um pacote generoso de dados celulares (por exemplo, US$ 4,50 por um gigabyte de dados na Itália usando o aplicativo de eSIM Airalo).

Para o serviço sem fio doméstico, se você assina a AT&T, a T-Mobile ou a Verizon, pode usar o eSIM para experimentar planos de telefone mais baratos oferecidos por operadoras com desconto, como a Visible, a Consumer Cellular e a Mint Mobile, que custam US$ 25 por mês – e romper com sua operadora assim que encontrar um plano mais satisfatório.

c. 2024 The New York Times Company

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