A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera atingiu o nível mais alto dos últimos 800 mil anos, segundo a Organização Meteorológica Mundial. Em 2023, quando houve a última atualização sobre o tema, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera era 151% maior comparada à era pré-industrial. Além da substância, pesquisadores também identificaram aumento de metano (266%) e óxido nitroso (124%). Os gases são os principais responsáveis por mudanças climáticas. Apesar do aumento ser esperado, especialistas responsáveis pelo relatório apontam preocupações na aceleração do aumento das temperaturas do oceano e nível do mar, além de um aquecimento geral, identificado mesmo sem ter ocorrido o fenômeno El Niño.Segundo a organização, todos os últimos dez anos foram, sozinhos, os mais quentes em 175 anos de medições. As temperaturas recordes de 2024 subiram, principalmente, pelo aquecimento global. Já o El Niño, também teve influência no processo, somado com mudanças no ciclo solar e a redução de aerossóis de resfriamento.É estimado que o mar absorva cerca de 90% do calor extra retido pelos gases de efeito estufa. “A retenção causa o aquecimento da água e afeta a vida marinha, os padrões climáticos e o nível do mar. Esse processo também afeta a acidificação da superfície do oceano, que tem aumentado ao longo dos últimos 39 anos”, informou o Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 2024, além das temperaturas recordes registradas, o aquecimento do oceano atingiu o nível mais alto em 65 anos. Entre 1993 e 2002, por exemplo, o aumento do nível do mar era de 2,1 mm por ano. Já entre 2015 e 2024, esse número mais que dobrou, passando para 4,7mm. “A elevação do nível do mar tem sérios impactos e em ‘cascata’ nos ecossistemas e infraestruturas costeiras. Cerca de 74% da população global vive em áreas costeiras, que abrangem até 50 km a partir do oceano. O aumento do nível do mar também pode contaminar as águas subterrâneas por água salgada”, conclui a pasta. O número de deslocamentos provocados por fenômenos climáticos em 2024 foi o maior desde 2008, informou a organização. A intensificação de conflitos, seca e altos preços dos alimentos gerou crises alimentares em18 países. Com a mudança climática, especialistas entendem que os eventos extremos devem ficar mais intensos e frequentes. No documento, a organização indica a necessidade de investimentos em serviços climáticos que consigam emitir alertas a fim de reduzir os impactos dos eventos extremos. Atualmente, apenas metade dos países do mundo possuem sistemas adequados.