Crocodilo gigante viveu há 70 milhões de anos em SP, diz estudo
Descrito por pesquisadores do Rio, o Roxochampsa paulistanus é tio-avô dos crocodilos atuais; fósseis foram encontrados no Sudoeste paulista
Tecnologia e Ciência|Do R7
Um crocodilo gigante de até 4 metros de comprimento e mordida tão potente que seria capaz de destruir a concha de um molusco e até o casco de uma tartaruga. Esse é o Roxochampsa paulistanus, que viveu há 70 milhões de anos em São Paulo - e pode ser considerado tio-avô dos atuais crocodilianos. Ele foi descrito por pesquisadores da Universidade do Estado do Rio (Uerj) e da Federal do Rio (UFRJ) em estudo publicado na revista científica Plos One.
O grupo encontrou fósseis de mandíbula e dentes de dois indivíduos em rochas da formação Presidente Prudente, no Sudoeste paulista. Os fósseis, concluíram eles, pertenciam a um gênero totalmente diferente de outros animais pré-históricos já achados no local. Ele teria sido contemporâneo de um dos maiores dinossauros que já habitaram o país, o Austroposeidon magnificus.
O professor da Uerj André Pinheiro explica que ele teria, no mínimo, 2,5 metros de comprimento e, só a cabeça tinha 40 centímetros. Vivia em região cortada por rios. Teria sido extinto juntamente com os dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, e, por isso, não deixou descendentes diretos.
O nome da nova espécie foi dado em homenagem ao pesquisador Mathias Roxo que, em 1932, encontrou dois dentes e uma tíbia que teriam pertencido a um crocodilo pré-histórico.
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Na época, Roxo só conseguiu associar o seu achado a espécies encontradas no Hemisfério Norte e se questionava como eles teriam vindo parar por aqui.
"Roxo só errou ao identificar as características como ligadas a espécimes que viviam no Hemisfério Norte", explicou Pinheiro. "Esse grupo, na verdade, está aparentado com animais terrestres do Sul. Esse espécime em especial, se destaca por ser semi-aquático."
Pinheiro explica que as características dos dentes e da mandíbula do crodocilo indicam dieta variada, que incluía peixes de água doce, moluscos, caranguejos e tartarugas.
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"O formato de seus dentes, não muito pontudo e não muito achatado, com estrias profundamente marcadas de alto a baixo e esmalte robusto, indica que ele conseguia comer presas duras, animais com estruturas de proteção, como as tartarugas", explica Pinheiro.