Fóssil de réptil confundido com dinossauro é encontrado no Acre
Mandíbula foi achada por menino de 11 anos; Purussauro poderia devorar um Tinarossauro Rex se tivessem vivido na mesma época', diz paleontólogo
Tecnologia e Ciência|Laís Vieira, do R7*
Um fóssil de um réptil pré-histórico, conhecido como Purussauro, foi encontrado por um menino de 11 anos, próximo ao Rio Acre, no município de Brasileia, no interior do Acre, no dia 11 de julho, enquanto pescava com seu pai.
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A mandíbula do réptil que viveu há 8 milhões de anos foi avaliada pelo paleontólogo Jonas Filho, professor da Ufac (Universidade Federal do Acre). O fóssil do animal, que foi confundido com um dinossauro pelo menino, na verdade, é um réptil semelhante aos atuais jacarés. Segundo paleontólogo, na época em que os Purussauros viveram, os dinossauros já estavam extintos.
Quando ficou sabendo do fato, o professor foi até o local para poder remover o fóssil de forma rápida e segura, tendo em vista que já estava um pouco danificado.
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O animal pré-histórico foi um dos maiores que já viveu na região da Amazônia. O réptil podia chegar a até 12 metros de comprimento e pesar cerca de 8 toneladas. "Por não ter predadores naturais, ele conseguia chegar até esse tamanho”, explica o paleontólogo.
Pelo tamanho da mandíbula, de 1,40 m, o professor explica que o fóssil do Purussauro encontrado no Acre podia chegar a mais que 10 metros.
Mesmo não vivendo na mesma época do dinossauro, Jonas Filho afirma que o Purussauro tinha uma mordida mais forte do que de um Tinarossauro Rex. A força de uma mordida do réptil podia chegar a 7 toneladas. “O Purussauro seria capaz de devorar um Tinarossauro Rex se tivessem vivido na mesma época”, afirma o paleontólogo.
O encontro do fóssil não causa surpresa para o professor, já que os restos dos fósseis do jacaré pré-histórico foram encontrados pela primeira vez em 1892 pelo naturalista João Barbosa Rodrigues. E, em 1986, um crânio de aproximadamente 1,30 metros foi retirado no Acre pela equipe de Laboratório de Paleontologia da Ufac, liderado por Jonas Filho.
O paleontólogo acredita que, boa parte do esqueleto, incluindo o crânio do animal, ainda deve estar no mesmo local de onde foi achada a mandíbula. “Mas não existe uma previsão para pesquisar e escavar o local, por falta de recursos”, diz.
Os Purussauros que viveram no período Mioceno, quarta era da época geológica. Eles se alimentavam de roedores gigantes (phoderomys), tartarugas gigantes (podochynemys) e peixes. Eles começaram a ser extintos devido aos impactos das mudanças climáticas que afetaram sua alimentação.
Para o paleontólogo, a descoberta é de grande relevância para os estudos, pois pode fornecer informações cruciais de como viviam e como se alimentavam. Além disso, ele ressalta que um fóssil é um patrimônio público, que não pode ser financiado nem leiloado e deve ser usado para estudos.
Vejas as peças egípcias do Museu Nacional que foram recuperadas
*Estagiária do R7, sob supervisão de Deborah Giannini