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Tecnologia e Ciência
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Golpistas usam inteligência artificial para clonar vozes e  extorquir dinheiro de vítimas

Em um dos casos, uma senhora pensou estar falando com o neto, que dizia estar preso e precisava de dinheiro para fiança

Tecnologia e Ciência|Filipe Siqueira, do R7


As vítimas dos golpes são principalmente idosos
As vítimas dos golpes são principalmente idosos

Golpistas começaram a utilizar inteligência artificial para enganar vítimas e ganhar milhares de dólares. Em um dos casos mais assustadores, criminosos utilizaram um software avançado para imitar a voz do neto de uma senhora de 73 anos e quase conseguiram extorquir dinheiro dela.

A canadense Ruth Card recentemente recebeu a ligação de alguém que dizia ser Brandon, um neto dela, que contou estar preso e precisava de dinheiro para fiança. Quase sem pensar, ela e o marido Greg correram para o banco.

Conseguiram sacar 3.000 dólares canadenses (R$ 11,2 mil, na cotação atual) de uma agência de Regina, no Canadá, e só não tiraram mais porque o gerente de uma segunda agência havia falando com um cliente que dissera ter recebido uma ligação semelhante, mas percebera que a voz era falsificada a tempo.

"Estávamos realmente convencidos de que conversamos com Brandon", disse Ruth Card, em entrevista ao jornal Washington Post.

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Assim como no Brasil, golpes que usam identidade de conhecidos são comuns nos Estados Unidos e Canadá. Mas, recentemente, eles começaram a ficar mais sofisticados graças ao uso de inteligência artificial generativa.

Programas relativamente baratos permitem imitar vozes com pequenas amostras de áudio que podem ser obtidas de vídeos publicados online. A IA identifica características únicas da voz, como sotaque e entonação, e o que não consegue estabelecer com precisão, é preenchido com vozes semelhantes pesquisadas em imensos bancos de dados que alimentam tais programas.

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Em uma ligação, basta ao golpista digitar que o programa "fala" com a vítima.

Uma dessas ferramentas mais famosas, criada pela startup EvenLabs, foi criticada por não criar formas de coibir o mau uso da ferramenta. No fim de fevereiro, um jornalista da Vice testou uma versão de 5 dólares da ferramenta e conseguiu acessar a própria conta bancária.

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No fim de janeiro, a empresa afirmou no Twitter que vai criar ferramentas para identificar vozes criadas por IA.

Advogados e bitcoins

Alguns não têm tanta sorte quanto Ruth. O Washington Post relatou o caso de Benjamin Perkin, cujos pais idosos foram roubados em 21 mil dólares canadenses (R$ 78,4 mil, na cotação atual).

Os pais dele receberam a ligação de alguém que disse ser advogado e informou que Benjamin tinha se envolvido em um acidente de carro e precisava de dinheiro para pagar advogados e evitar ficar preso.

O advogado disse que Benjamin falaria ao telefone e a voz soou igual à dele, segundo o depoimento. Isso convenceu os pais a transferirem o dinheiro, por meio de bitcoins — o que torna quase impossível rastrear o destino dos fundos e investigar o caso.

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Como golpistas geralmente usam criptomoedas e podem ligar de telefones em praticamente qualquer país do mundo, rastreá-los é extremamente difícil. O pânico do momento também dificulta perceber o golpe: os pais de Benjamin afirmaram que a ligação parecia estranha, mas era convincente o bastante.

A saída, segundo alguns juristas, é criminalizar as fabricantes de softwares do tipo. Mas isso só ocorrerá quando casos como esses forem julgados, e para isso são necessários processos.

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