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Tecnologia e Ciência

Rãs radioativas: cientistas revelam novas descobertas sobre os anfíbios de Chernobyl

Estudos iniciais apontavam que a radiação em Chernobyl causaria deformidades e danos genéticos na fauna local, mas uma nova pesquisa trouxe revelações inesperadas

Tecnologia e Ciência|André Naef, do R7

A rã que foi base para o estudo é comumente encontrada no oeste asiático e sudeste europeu Reprodução/CCBY/Omid Mozaffari — 16/4/2019

Desde o acidente nuclear de Chernobyl, em 1986, a zona de exclusão, que cobre 2.800 km² no norte da Ucrânia, tornou-se um verdadeiro refúgio natural, atraindo pesquisadores e especialistas do mundo todo. Acreditava-se que a radiação presente na área provocaria deformidades físicas e genéticas nos animais que vivem na região. No entanto, novas evidências sugerem que algumas espécies, como a rã verde oriental (Hyla orientalis), estão resistindo surpreendentemente bem à exposição prolongada à radiação.

Em uma pesquisa recente, publicada na revista Biology Letters, cientistas estudaram quase 200 rãs verdes orientais que habitam a zona de radiação. Todos os indivíduos tinham entre dois e nove anos, e foram monitorados para avaliar possíveis impactos da radiação em seus corpos e comportamentos. Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que a exposição contínua à radiação não afetou de maneira significativa a longevidade ou os hormônios de estresse desses anfíbios. Além disso, não foi observada nenhuma relação entre a quantidade de radiação absorvida e a integridade dos telômeros - marcadores biológicos ligados ao envelhecimento celular.

Esses resultados desafiam décadas de especulação científica sobre o impacto negativo que a radiação de Chernobyl poderia ter sobre a vida selvagem da região. Ao contrário das descobertas realizadas em outras espécies, como roedores, que apresentaram uma redução drástica na expectativa de vida quando expostos à radiação, as rãs verdes orientais parecem ter desenvolvido uma resiliência notável, talvez como uma resposta adaptativa ao ambiente.

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A pesquisa sugere que os níveis de radiação no local, agora já muito reduzidos em relação aos primeiros anos após o desastre, podem não ser tão prejudiciais quanto se acreditava anteriormente. Além de abrir novas perspectivas sobre a capacidade de adaptação de algumas espécies em ambientes extremos e desperta uma importante reflexão sobre como a vida selvagem reage a desastres nucleares.

As conclusões preliminares sugerem que a fauna de Chernobyl pode estar desenvolvendo mecanismos únicos de adaptação - um fenômeno que, se melhor compreendido, pode trazer novas percepções para a conservação de espécies em áreas contaminadas ao redor do mundo.

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