Satélites de empresa de Elon Musk 'invadem' fotos do Hubble e atrapalham serviço do telescópio
Lançamentos da SpaceX estão impedindo que o espaço seja bem observado, mostrou um estudo
Tecnologia e Ciência|Do R7
O trabalho de registro do espaço feito pelo telescópio Hubble está sendo prejudicado pela quantidade cada vez maior de objetos na órbita terrestre. Um estudo mostrou que os maiores causadores de interferências nas imagens feitas pelo Hubble são satélites, principalmente da SpaceX, a empresa de tecnologia espacial comandada pelo bilionário Elon Musk.
O telescópio fez diversas contribuições para a compreensão do espaço desde que entrou em serviço, há mais de 30 anos. A partir do fim de 2021, ele começou a ser ofuscado pelo James Webb.
Mas o telescópio enfrenta problemas para cumprir a missão, especialmente porque os satélites Starlink, da SpaceX, orbitam em formações brilhantes e lineares pelo céu. Esses "obstáculos" prejudicam a missão do telescópio e causam ruído nos registros feitos por ele.
Segundo um estudo publicado pela revista Nature Astronomy, entre os anos de 2009 e 2020, as chances de um satélite interferir nas fotos do Hubble eram de 3,7%. Em 2021, esse número saltou para 5,9%. O aumento drástico se deve principalmente aos diversos satélites Starlink lançados nesse período.
"Vamos viver com esse problema. E a astronomia será impactada", disse Jonathan McDowell, astrônomo do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, ao jornal New York Times.
Desde o fim do estudo, encerrado em 2021, a quantidade de satélites Starlink duplicou, e atualmente soma mais de 3.500. "Haverá ciência significativamente mais cara de se fazer", completou McDowell.
Os atrônomos já fizeram inúmeras críticas às empresas privadas, e principalmente à SpaceX, de que estão "poluindo" o espaço. Em resposta aos apontamentos dos especialistas, Musk ironicamente disse que deveriam "mover os telescópios para a órbita".
Os astrônomos consideram a sugestão excessivamente cara e um desperdício de energia. Além disso, pode ser só questão de tempo até que outras faixas da órbita estejam ocupadas.
O Hubble orbita a cerca de 540 km acima da superfície da Terra, cerca de 16 km abaixo da órbita da maioria dos satélites da Starlink.
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A Nasa afirma que, atualmente, a maioria das interferência causadas por objetos espaciais da Starlink é mínima. Com técnicas de redução de ruídos, "a maioria das imagens afetadas ainda pode ser usada", disse um informe da agência enviada ao NY Times.
"Atualmente, as faixas de satélite não representam uma ameaça significativa à eficiência científica e à análise de dados do Hubble", conclui o comunicado da agência. Ainda assim, um número não informado de registros do Hubble já foi descartado por causa da interferência dos satélites.
Mas é possível que o problema piore nos próximos anos. O estudo estima que até 2030 existirão 100 mil satélites circundando a Terra. Só a Starlink afirmou que a meta é ter 42 mil até lá.
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