MPF denuncia núcleo do PMDB suspeito de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras
Ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, doleiro Youssef e o lobista Fernando Baiano estão na lista
Brasil|Marc Sousa, da TV Record, em Curitiba (PR)
O MPF (Ministério Público Federal) informou nesta segunda-feira (15) que apresentou ontem à noite denúncia contra mais quatro suspeitos de envolvimento no esquema de cartel e pagamento de propina na Petrobras, descoberto pela operação Lava Jato da PF (Polícia Federal). Na última quinta (11), o MPF já tinha denunciado 36 pessoas.
Os quatro suspeitos denunciados na noite de ontem fazem parte do núcleo do PMDB na Lava Jato. São eles: o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cuñati Cerveró; o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, mais conhecido como Fernando Baiano; o doleiro Alberto Youssef; e o executivo da Toyo Setal Júlio Gerin de Almeida Camargo.
Eles são acusados pelos crimes de corrupção contra o sistema financeiro nacional e por lavagem de capitais. Os crimes ocorreram entre 2006 e 2012.
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Além da denúncia, o MPF pediu ainda o ressarcimento aos cofres públicos no valor de aproximadamente R$ 156 milhões, sem prejuízo do confisco de aproximadamente R$ 140 milhões provenientes de crime. Busca-se, assim, um retorno de R$ 296 milhões.
Youssef já fazia parte da lista de 36 denunciados na última quinta pela Procuradoria da República do Paraná, quando foram acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Propina para aluguel de navio
Segundo a nova denúncia da MPF, em 2006, o então diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista e operador financeiro Fernando Soares acertaram com Julio Camargo, da Toyo Setal, o pagamento de vantagens indevidas, no valor aproximado de US$ 15 milhões (R$ 40,2 milhões).
O objetivo era viabilizar a contratação, pela Petrobras, do Navio-Sonda Petrobras 100000 com o estaleiro Samsung Heavy Industries no valor de US$ 586 milhões (R$ 1,5 milhão). O navio seria utilizado para perfuração de águas profundas na África.
Após as negociações — e confirmada a promessa de pagamento da propina —, Cerveró adotou as providências necessárias, no âmbito da diretoria internacional, para que a contratação do navio-sonda fosse efetivada.
A partir de então, Fernando Soares passou a receber a propina combinada e, em seguida, a repassar uma parte dos valores para Cerveró.
O esquema se repetiu de forma praticamente idêntica no ano seguinte. Nesta nova oportunidade, contudo, foi acertado entre Soares, Cerveró e Camargo o pagamento de vantagens indevidas no montante aproximado de US$ 25 milhões (R$ 64,1 milhões) para a viabilização da contratação do Navio-sonda Vitoria 10000, que operaria no Golfo do México, com o estaleiro Samsung Heavy. Tal contratação foi estimada em US$ 616 milhões (R$ 1,6 milhão).
Em razão dos US$ 40 milhões (R$ 107 milhões) repassados nesses dois anos, a título de propina, para Fernando Soares e Nestor Cerveró, Júlio Camargo receberia da Samsung outros US$ 13 milhões (R$ 34,9 milhões) por ter viabilizado os negócios.
A partir de agora, a Justiça analisa o caso para ver se aceita a denúncia.