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“Pedi licença porque não queria trabalhar com Afif”, diz secretário de Alckmin

José Aníbal chama o acúmulo de cargos do vice-governador de SP de "imoralidade" e "antiético"

Brasil|Filippo Cecilio, do R7

Assim que soube que o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), pretendia se sentar na cadeira de comando do Estado enquanto o governador Geraldo Alckmin (PSDB) viajava, o secretário de Energia José Aníbal resolveu pedir licença de seu posto.

Alckmin passou os últimos três dias em Paris defendendo a candidatura da cidade de São Paulo à Expo 2020. Para que Afif — que também ocupa o cargo de ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa — assumisse em seu lugar, precisou ser exonerado do cargo em Brasília. A medida da presidente Dilma Rousseff que resolveu esse imbróglio foi publicada em edição extra do Diário Oficial na última sexta-feira (7).

Entretanto, Afif não tem o que temer. Ele deve ser reconduzido a seu posto na capital federal já na próxima quinta-feira (13), mesma data em que Alckmin reassume em São Paulo.

A dupla função de Afif vem gerando forte discussão entre os políticos. Ele se apoia em parecer favorável da AGU (Advocacia-Geral da União) para se manter nos dois cargos. Mas, na última terça-feira (11), o relator do pedido de cassação de mandato do vice na Assembleia Legislativa de São Paulo deu parecer favorável ao andamento do processo.

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Antes disso, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Marcos Elias Rosa, já havia se manifestado pela inadmissibilidade do acúmulo de cargos.

O secretário José Aníbal faz parte de um grupo que não engoliu os últimos passos políticos de Afif. Primeiro, sua migração, ainda em 2011, do DEM para o PSD. O novo partido, ao nascer, ajudou a desidratar sua antiga legenda, aliada de todas as horas do PSDB.

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Depois, a nomeação de Afif como ministro. O movimento do governo federal garantiu o apoio do PSD à reeleição de Dilma, o que arrepiou de vez as penas dos tucanos.

Aníbal justifica sua decisão como sendo uma “questão política” e chama de “imoralidade” o fato de Afif assumir o Palácio dos Bandeirantes após ter aceitado o cargo na Esplanada dos Ministérios.

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— Pedi essa licença porque não queria trabalhar com Afif.

Confira abaixo a entrevista com José Aníbal:

Portal R7 – Qual o motivo do seu pedido de licença?

José Aníbal - É uma questão política. E a estou tratando desse modo. Acho uma imoralidade ele [Afif] assumir o governo do Estado. É uma postura antiética. E já que ele manifestou o desejo de assumir, eu tomei essa decisão de me afastar, de pedir uma licença enquanto ele estiver no governo.

R7 – Você não queria trabalhar com Afif?

Aníbal – Mas é claro. Pedi licença porque não queria trabalhar com Afif. E não é nenhuma questão pessoal, é apenas política. A política tem que ter limites. A política do vale-tudo cria essa animosidade crescente da população contra os políticos. E com razão.

R7 – O senhor considera que Afif deve ter seu mandato de vice-governador cassado ?

Aníbal - Não é minha área, não quero estar envolvido nesse aspecto jurídico. Mas penso o seguinte: há um conflito em ser o vice-governador do Estado de São Paulo e deixar de servir a esse Estado para servir à outra esfera de governo e à Presidência da República. Ser vice é um cargo de confiança. Se vira moda isso e o governo começa a cooptar vice-governadores para serem ministros de Estado... Isso é um absurdo, não faz o menor sentido. Foi importante a Assembleia dar curso a essa avaliação sobre a legalidade ou não da situação. Esse tem que ser o procedimento.

R7 – Quanto de sua decisão é baseado em motivações partidárias? O PSD já declarou apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014?

Aníbal - O apoio do PSD à Dilma neste momento é irrelevante.

R7 – Por quê?

Aníbal - Porque não estamos diretamente em processo eleitoral. E o PSD é um partido que, eles mesmos dizem, não é nem isso, nem aquilo, nem aquilo outro. Eles não têm eira nem beira. Não é que eu esteja cobrando uma verdadeira marca ideológica do partido. É que ele simplesmente não tem ideologia nenhuma. É o paroxismo da falência do nosso sistema partidário. Ele é a expressão acabada dessa falência. Não tem convicção nenhuma, projeto nenhum para o País. Basta ver a ruinosa gestão que [o ex-prefeito] Gilberto Kassab fez na cidade de São Paulo.

Portal R7 – O governador Afif te procurou nesses dias, tentou algum contato?

Aníbal - Não, de forma alguma. E nem eu o procurei.

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