Temer condena uso indiscriminado da palavra 'crise' e pede 'harmonia' no País
Vice-presidente exaltou a 'transparência absoluta' do governo com a previsão do Orçamento
Brasil|Fernando Mellis, do R7
Um dia após o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ser hostilizado por manifestantes em São Paulo, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), defendeu, nesta segunda-feira (31), que a sociedade brasileira tenha mais harmonia.
Temer disse que essa disputa entre alguns setores da sociedade “não ocorre apenas nas palavras, mas, às vezes, nas agressões físicas".
— Isso nos induz à necessidade de recuperar aquilo que é típico do Brasil, que é a ideia de certa harmonia.
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Temer também falou que tem se usado “indiscriminadamente a palavra crise”.
Ele defendeu que não há crise administrativa, já que a máquina pública continua funcionando normalmente, e, muito menos, crise institucional, uma vez que todos os poderes mantêm sua autonomia. Mas deixou claro que o País precisa vencer as crises política e econômica.
— No instante em que nós, governo, não conseguimos ter apoio do Congresso Nacional, fragiliza a governabilidade. Quando isso acontece, nós começamos a dizer que esboça-se uma crise política. Como também esboça-se uma crise econômica. Nós não podemos ignorar.
O vice-presidente comentou o fato de o governo enviar para o Congresso o orçamento de 2016 com previsão de saldo negativo.
— É uma coisa extremamente preocupante. Por que o orçamento registrou o déficit? Primeiro para registrar a transparência absoluta das questões orçamentárias. Ou seja, não há maquiagem nas contas. [...] Nós sabemos que o déficit não é bom para o Brasil. Podemos até ter um rebaixamento da nota do País. O que é péssimo.
Impostos
Sem chance de aprovar a volta da CPMF (Contribuição Provisória de Movimentação Financeira), o antigo imposto do cheque, o governo deixou de lado essa proposta. Temer disse que “foi algo de última hora” e que alertou a presidente Dilma Rousseff de que haveria uma grande derrota no Congresso Nacional.
— Embora trabalhamos juntos, não vamos pensar em uma carga tributária mais elevada. Ninguém quer isso, ninguém suporta isso.
Após essa declaração, ele foi aplaudido por quem assistia à palestra no Fórum Exame, em São Paulo e, em tom bem-humorado, respondeu.
— Eu vou levar esse aplauso para o [ministro da Fazenda Joaquim] Levy e para o [Ministro do Planejamento] Nelson Barbosa.
Questionado de qual seria a maneira de reequilibrar as contas públicas, o vice-presidente disse que todos os setores da sociedade têm que trabalhar juntos para saber qual será a melhor forma, mas que pode começar pelo governo.
— Não há ideia de tributos. As propostas vão surgir. Eu percebo que a grande maioria vai lutar, obviamente, pelo corte das despesas da máquina estatal. Se todos se convencerem disso, acho eu haverá meios enormes.