CEO da chinesa Lifan diz aguardar decisão sobre Impeachment de Dilma para pensar em investir
Executivo da montadora reforçou a necessidade de se estabilizar a economia brasileira
Carros|Diogo de Oliveira, do R7, em ChongQing (China)*
Com operação ainda modesta no Brasil, a Lifan aguarda os próximos capítulos da política nacional para fazer suas investidas. Em visita à sede da montadora em ChongQing, na China, R7 conversou com executivos da montadora, dentre eles o atual CEO, Mu Wang. No bate-papo com um pequeno grupo de jornalistas brasileiros, Mu foi enfático ao dizer que o momento é delicado no País. Segundo o mandatário da marca chinesa, enquanto não houver sinais de estabilidade econômica, é impossível traçar planos maiores.
— Não sabemos o que acontecerá no Brasil em termos de liderança, por isso é difícil projetar agora que passos daremos. Há um pensamento, um interesse em ter uma operação maior no País, afinal trata-se de um dos maiores mercados de veículos do mundo. No momento, apostamos em uma estratégia diferente, com foco no pós-vendas e nos concessionários. Ainda somos pequenos, mas é certo que cresceremos muito nos próximos anos. Porém, tudo dependerá do rumo que a política e a economia tomarão.
De forma espontânea (e até um tanto sincera), Mu comentou a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o executivo, a necessidade de mudar a condução política no País é urgente, para que a economia saia da crise e volte a apresentar estabilidade e até sinais de crescimento. Segundo o CEO, da forma como está, é inviável para investidores estrangeiros cogitar grandes investimentos e aportes financeiros, uma vez que não há como prever o fim da crise e o resgate da confiança.
— O impeachment não será favorável à Lifan especificamente, mas esperamos que o cenário econômico possa se estabilizar. Se a economia do País voltar a crescer, com certeza podemos ter uma operação local. Não é uma questão de sair a presidente atual (Dilma), e sim a economia reagir para que as empresas voltem a investir de forma segura. Como investidor, é necessário ter boas perspectivas para dar um passo maior. E da forma como está o Brasil, não há qualquer previsibilidade de cenário futuro.
Hatch aventureiro vem aí
Durante a entrevista, Mu antecipou boa parte dos planos da Lifan para o próximo triênio. A montadora planeja lançar 14 novos modelos até 2018, dos quais três devem vir para o Brasil. No segundo semestre deste ano, além do X60 CVT (automático), a marca lançará o crossover compacto X50, exibido na edição 2014 do Salão do Automóvel de São Paulo. Segundo a fabricante, o crossover aventureiro (que deriva do sedã 530) já está até homologado, mas virá "em um momento mais adequado".
Quando desembarcar por aqui, o X50 tentará atrapalhar a vida de modelos como Hyundai HB20X e Renault Sandero Stepway. Para tanto, virá com um motor 1.5 a gasolina e câmbio manual. Na China, há opção automática, com o mesmo câmbio CVT do X60. Porém, para não atrapalhar a vida do modelo mais vendido, o crossover menor deve oferecer apenas transmissão manual de cinco marchas. A estreia será no fim do ano, possivelmente durante o Salão do Automóvel de São Paulo.
Ofensiva de SUVs
A febre de utilitários esportivos também chegou à China, e a Lifan deve mandar ao Brasil outros dois modelos recém-lançados em seu país. Ainda não há confirmação de datas, mas a montadora assumiu que estuda vender por aqui os SUVs X7 e X80. Ambos são inéditos e chegariam em 2017, com promessa de acabamento melhorado, maior segurança e tecnologias inéditas. É o caso, por exemplo, da chave presencial com partida do motor por botão e das novas centrais multimídia.
Outro item importante é o controle de estabilidade, que virá de fábrica em todas as versões pela primeira vez no X7. O SUV intermediário da marca foi lançado recentemente no mercado chinês e sua principal virtude são os sete lugares, além, é claro, do preço agressivo comum aos veículos chineses. Já o X80 é o SUV topo de linha da Lifan, também com sete lugares, porém com acabemento ainda mais esmerado. Ambos são produzidos em uma nova fábrica equipada com 70 robôs próxima à sede em ChongQing.
*O jornalista viajou a convite da Lifan do Brasil