Quando o assunto é carro, pouca disputas são tão acirradas quanto a protagonizada pela dupla japonesa Honda Civic e Toyota Corola, que chegou aqui nos anos 90 e, há mais de uma década, divide a liderança do segmento de sedãs médios do País.
A fama de "carro que não quebra", sustentada pela ótima mecânica e baixa manutenção, explica o sucesso dos nipônicos. Mas as semelhanças acabam aí. Numa conversa de bar, os donos do Corolla elogiarão seu conforto e desempenho, enquanto os do Civic apontarão o estilo e prazer em dirigir.
Mas será que essa disputa se resume à oposição entre razão e emoção? Neste comparativo, reunimos as versões intermediárias dos dois modelos: Corolla XEI (R$ 82.050) e Civic LXR (R$ 74.900). Qual leva a melhor?
Mais salgado, o Corolla estreou em março deste ano a 11ª geração, com um visual mais ousado e esportivo. O Civic, por outro lado, mantém o desenho acertado da 9ª geração, lançada em 2012, mas recebeu em junho pequenos retoques, como a nova grade frontal e cabine escurecida.
Lado a lado, o Corolla é mais imponente, e nem podia ser diferente uma vez que ele é maior em todas as dimensões — são 10 centímetros só no comprimento. Números esses que refletem no maior espaço interno e do porta-malas, que leva 21 litros a mais que no Civic.
Por dentro, os dois sedãs se equivalem em nível de acabamento, mas o Civic é mais estiloso e inspirado, com seu cockpit voltado para o motorista e quadro de instrumentos em dois andares.
Nesse ponto, falta à cabine “quadradona” do rival mais sintonia com o visual da carroceria. Apesar disso, o Corolla entrega itens tecnológicos indisponíveis até como opcional no Civic, como a central multimídia com tela “touch” com câmera de ré, TV e DVD.
Em relação aos itens e série, ambos oferecem direção elétrica, ar-condicionado digital, piloto automático, volante multifuncional com aletas para troca de marchas e vidros elétricos com sistema um toque nas quatro portas, mas só o Corolla traz cinco air bags — no Civic são dois.
Ao volante, as diferenças continuam visíveis, mas não como antes. De olho na clientela do rival, o Corolla deu na nova geração uma atenção especial à esportividade. Com isso, a suspensão ficou um pouco mais rígida e a direção, ligeiramente mais direta.
Na hora de acelerar, o sedã equipado com motor 2.0 de 153,6 cavalos (etanol) ficou mais interativo e empolgante, graças também ao bom trabalho da nova transmissão CVT (continuamente variável), que aposentou o antiquado câmbio automático de quatro marchas da geração anterior.
Já no Civic, o apelo esportivo aparece assim que o motorista senta no banco, em posição mais baixa que o usual. A partir daí, a suspensão mais durinha e direção precisa garantem a diversão ao volante do sedã, que conta com propulsor 2.0 de 155 cavalos (etanol). Nas curvas, ele é imbatível.
No acumulado do ano até outubro, o Corolla emplacou 49.571 unidades, contra 44.486 do Civic — uma vantagem de 5.085 carros, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Na ponta do lápis, o Corolla vence a disputa por oferecer maior espaço interno, porta-malas, itens de série e uma transmissão mais moderna que o rival. Pena cobrar tão caro por isso e não trazer equipamentos que concorrentes mais baratos já oferecem, como teto solar, ar-condicionado de duas zonas e controle de estabilidade.
Nessa perspectiva, oferecer mais por menos — estratégia usada pelas marcas que estão buscando espaço — passou longe das já consolidadas montadoras nipônicas. Quem sai perdendo é o consumidor.
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