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Após cinco meses, famílias de vítimas da tragédia na boate Kiss falam em "sensação de injustiça"

Para marcar a data, 242 pessoas vão se deitar embaixo de um viaduto e soltar balões

Cidades|Vanessa Beltrão, do R7

Famílias de vitimas da tragédia estão ocupando desde a noite desta terça-feira (25) a Câmara de Vereadores de Santa Maria
Famílias de vitimas da tragédia estão ocupando desde a noite desta terça-feira (25) a Câmara de Vereadores de Santa Maria Famílias de vitimas da tragédia estão ocupando desde a noite desta terça-feira (25) a Câmara de Vereadores de Santa Maria (Yuri Weber/Agência O Dia/Yuri Weber)

Após cinco meses de uma das maiores tragédias da história do País, o incêndio na boate Kiss, no Rio Grande do Sul, que terminou com 242 pessoas mortas, o sentimento ainda é de injustiça, segundo o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Adherbal Alves Ferreira.

— Nós estamos vivenciando um momento de sensação de impunidade, de injustiça. Até agora, nos tiraram tapetes em todos os sentidos e a sociedade que está vendo isso, não é mais os pais, o problema agora virou social.

Ferreira, que perdeu uma filha na tragédia, diz que esse sentimento é causado também pela decisão da Justiça do Rio Grande do Sul que concedeu, em maio deste ano, liberdade aos quatro homens presos acusados de envolvimento no incêndio. Para a decisão, o relator, desembargador Manuel José Martinez Lucas, alegou que os réus não apresentam riscos à sociedade e que depois de quatro meses o clamor público teria esfriado. Os outros dois desembargadores acompanharam o voto do relato. Os sócios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandagueira, Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Bonilha Leão estavam presos na Penitenciária Estadual de Santa Maria.

— Foi uma grande infeliz surpresa para todos nós. A sensação é de impunidade mesmo, porque foi vergonhoso a ação que os desembargadores fizeram. Eles definiram tecnicamente, o ser humano é ser humano, tem alma, sentimento, coração. Isso transpareceu que a Justiça é cega. E é cega mesmo.

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O processo criminal está em curso na Justiça. Sobreviventes e uma funcionária da boate começaram a ser ouvidos nesta semana. No início deste mês, oito bombeiros foram indiciados por supostas omissões na fiscalização na casa noturna antes do incêndio.

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No meio de todas as dificuldades, Ferreira diz acreditar que a tragédia contribuiu para uma mudança no País. Isso, segundo ele, porque após o incêndio na boate, casas noturnas foram fechadas por falta de segurança.

— O País se mobilizou de uma forma diferente.

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Cinco meses

Para lembrar os cinco meses da tragédia, 242 pessoas vão se deitar embaixo do viaduto Evandro Behr, em Santa Maria, (RS) e soltar balões às 18h. O objetivo é fazer referência aos corpos das vítimas amontoados. Sinos também irão badalar no horário.

Do local, uma caminhada será realizada até a basílica Medianeira para a realização de uma celebração religiosa. Os familiares também ocupam desde a noite da terça-feira (25) a Câmara de Vereadores de Santa Maria (RS). O objetivo é pressionar a Casa a afastar integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga responsabilidades públicas pela tragédia na boate Kiss.

Incêndio

O incêndio dentro da boate Kiss no centro de Santa Maria, cidade a 290 km da capital, Porto Alegre, aconteceu na madrugada de 27 de janeiro. O número de mortos chegou a 242. 

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O fogo começou porque, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, um dos integrantes acendeu um artefato pirotécnico — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se espalharam em poucos minutos.

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A casa noturna estava cheia na hora que o fogo começou. Cerca de mil pessoas estariam no local. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. Os donos não tinham qualquer autorização do Corpo de Bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da boate estava vencido desde agosto de 2012, afirmou o Corpo de Bombeiros.

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