Bombeiros alegam dificuldade em atender nova lei de incêndio após tragédia da Kiss no RS
Governo quer um agente em eventos acima de 200 pessoas; prefeituras alegam falta de verba
Cidades|Do R7, com Rede Record
O Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul alegou não ter condições financeiras para atender a nova lei de incêndio do Estado, determinada após o incêndio na boate Kiss que deixou 242 mortos, em Santa Maria. Segundo a nova norma, todos os eventos com mais de 200 convidados precisam ser acompanhados por um bombeiro pessoalmente.
As prefeituras se reuniram e fizeram a proposta de disponibilizar um agente nos eventos acima de 400 pessoas por uma questão de estrutura, mas não houve acordo. Outra proposta das prefeituras é de que as empresas organizadoras das festas tenham no quadro de funcionários uma pessoa capacitada para combater incêndios atuando como brigadistas.
Além do incêndio na Kiss, outra casa noturna e o mercado municipal de Porto Alegre também pegaram fogo, mas somente o primeiro fez vítimas.
O governo deu um prazo de cinco anos para que estabelecimentos, escolas e departamentos públicos se adequem a nova lei.
Incêndio
O incêndio dentro da boate Kiss no centro de Santa Maria, cidade a 290 km da capital, Porto Alegre, aconteceu na madrugada de 27 de janeiro.
O fogo começou porque, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, um dos integrantes acendeu um artefato pirotécnico — uma espécie de fogo de artifício chamado "sputnik" — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se espalharam em poucos minutos.
A casa noturna estava cheia na hora em que o fogo começou, com cerca de mil pessoas. O incêndio provocou pânico e muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência. Os donos não tinham qualquer autorização do Corpo de Bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da boate estava vencido desde agosto de 2012, afirmou o Corpo de Bombeiros.
Dois músicos e dois donos da casa noturna chegaram a ser presos, mas respondem ao processo em liberdade. No mês passado, a Justiça determinou a limpeza e descontaminação da boate para avaliar se é possível realizar uma reconstituição do incêndio. A boate ainda está lacrada com tapumes. A Brigada Militar disponibiliza ao menos um policial para fazer a segurança na boate 24 horas por dia para preservar o local até que a Justiça determine a liberação.
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