Jardineiro confirma que queimou colchão em que corpos de PC Farias e namorada foram encontrados
Leonino Tenório diz que, após a perícia, fez serviço de limpeza na casa onde crime ocorreu
Cidades|Do R7, com Rede Record e Agência Estado
O ajudante de serviços gerais Leonino Tenório de Carvalho, responsável pela limpeza do quarto onde aconteceram as mortes do empresário Paulo César Farias, ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor, e sua namorada, Suzana Marcolino, foi o primeiro a depor no júri popular do caso, que começou nesta segunda-feira (6). O jardineiro confirmou que, além de limpar o local após a perícia da polícia, ateou fogo no colchão da cama em que foram encontrados mortos PC Farias e sua namorada.
— A ideia foi minha, porque pensei que não iria "incomodar mais". "Todo bagulho" que não tem mais utilidade a gente joga fora.
Pressionado, porém, Tenório disse que queimou o colchão a mando de outro funcionário — chamado Flávio —, e que recebeu ordens do chefe para fazer uma “limpeza” na casa.
Após o depoimento do jardineiro, o garçom Genival da Silva França foi a segunda testemunha a prestar depoimento no júri popular dos quatro ex-policiais militares acusados de coautoria no duplo homicídio. O julgamento começou por volta das 13h30 desta segunda-feira.
Júri
Estão no banco dos réus os ex-militares que atuavam como seguranças do empresário. São eles Adeildo dos Santos, Josemar dos Santos, José Geraldo da Silva e Reinaldo Correia de Lima Filho. O juiz Maurício Breda, da 8ª Vara Criminal, será o responsável pelo caso. Marcos Louzinho é o promotor e José Fragoso Cavalcanti, advogado de defesa dos acusados.
O irmão de PC Farias, Augusto César Farias, está entre as testemunhas, mas falou que não deve se pronunciar no tribunal alegando imunidade parlamentar. No entanto, ele disse acreditar que realmente Suzana matou o empresário e depois cometeu suicídio. Atualmente ele é deputado federal pelo Estado de Alagoas.
A filha do empresário, Ingrid Farias, informou que falará no julgamento e deve contar que o pai comentou dois dias antes da morte que pretendia terminar o relacionamento com Suzana, o que não agradou a namorada. Ingrid tinha apenas 15 anos na época do crime e disse também acreditar que a morte se trate de um crime passional.
Um dos depoimentos mais esperados é do perito Fortunato Badan Palhares. Ele assinou o primeiro laudo sobre as mortes em que apontava Suzana como autora do assassinato de PC Farias, após o crime, ela se suicidou. A versão foi desmentida por um segundo laudo, mas a defesa dos réus deverá usar o documento produzido por Palhares como prova.
Serão ouvidos também os peritos Jerson Odilon e Nivaldo Cantuária. Funcionários da casa de veraneio em que o casal foi morto, uma ex-amante de PC Farias e um jornalista estão entre as demais testemunhas.
O Ministério Público ofereceu denúncia aos quatro réus, porém nenhum deles foi apontado exatamente como o assassino, por isso respondem por coautoria do crime. Mesmo ao longo desses 17 anos, ninguém foi acusado como mandante do crime que nunca foi realmente esclarecido.
No entanto, o promotor de Justiça Marcos Mousinho quer que os quatro sejam condenados pelo crime de homicídio, e não de coautoria. O promotor disse acreditar que eles não cumpriram com sua função — zelar pela vida das vítimas — porque sabiam que o crime seria cometido.
PC Farias
Na época em que foi morto, PC estava em liberdade condicional. Ele respondia por crimes como sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte do tesoureiro foi investigada como queima de arquivo, pois ele poderia fazer revelações sobre a participação de outras pessoas nos esquemas.
O advogado dos réus, José Fragoso, disse que o segundo laudo estaria cheio de erros técnicos, considerados gravíssimos em sua avaliação.
— Suzana Marcolino foi a única responsável pela tragédia que tirou a vida dela e do Paulo César Farias. Suzana tinha os motivos que só mesmo ela poderia dizer quais seriam.