Mortes de pelo menos 18 presos no Norte do País foram provocadas por rivalidade entre PCC e CV
Facções de São Paulo e Rio de Janeiro vivem fim de uma aliança de quase duas décadas
Cidades|Do R7
A cúpula da Segurança Pública desmentiu os números divulgados pela imprensa nacional de que 25 presos foram assassinados e afirmou que foram dez o número de mortos na briga de facções no domingo (16), na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, o maior presídio de Roraima. As informações foram passadas em coletiva a imprensa nesta segunda-feira (17).
"O que houve foi reflexo do que está ocorrendo no País inteiro, e a ordem das mortes veio do Rio de Janeiro. Fomos pegos de surpresa, apesar de estarmos cientes de que as mortes ocorreriam, por conta da visita nas unidades prisionais que sempre foi respeitada", disse o secretário de Justiça e Cidadania, Uziel Castro.
Segundo a cúpula da Segurança Pública, no Norte, outros dois Estados, Rondônia e Pará, tiveram rebeliões após o rompimento no crime organizado. Em Porto Velho (RO), ao menos oito presos morreram após uma briga entre facções na Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro, nesta segunda-feira.
Briga nacional das facções
Quase uma centena de criminosos da maior facção criminosa do País, o PCC, foi transferida das unidades nas quais estavam presos.
O motivo é o fim de uma aliança de quase duas décadas com a principal quadrilha carioca, o Comando Vermelho. A preocupação da polícia, agora, é que o racha cause futuras guerras pelo controle das rotas de abastecimento de drogas, armas e, claro, de favelas.
Integrantes do Comando Vermelho que estão presos em São Paulo foram obrigados a pedir transferência para unidades neutras. Mas até junho passado, PCC e CV estavam aliados em uma sangrenta guerra pelo controle do tráfico na fronteira com o Paraguai.
Roraima
A confusão em Boa Vista começou quando os presos integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) quebraram os cadeados e invadiram a Ala 12, onde estavam os integrantes do CV (Comando Vermelho) durante o horário de visita.
Dos dez mortos, a segurança pública já identificou sete dos presos, entre os quais Valdineys de Alencar Sousa, o Vida Loka, que se intitulava líder do Comando Vermelho, e Leno Rocha de Castro, que seria o segundo no grupo. Ambos tiveram as cabeças decepadas. Alguns dos corpos foram incinerados, o que dificultou a identificação.
Dos cerca de 1.200 presos de Roraima, 92 se declararam integrantes da facção Comando Vermelho, que domina 10% do presídio, e foram separados de ala por sofrerem ameaças.
"Nós separamos os integrantes do Comando Vermelho na Ala 12, que foi onde ocorreu o conflito. Todos os mortos são do Comando Vermelho", disse o secretário.
Seis presos foram levados para o Hospital Geral de Roraima e dois permanecem internados, mas não estão em estado grave.
Rondônia
Em Porto Velho, os presos colocaram fogo dentro das celas e as vítimas morreram por asfixia por conta da fumaça. Outros dois presos ficaram feridos.
Durante o motim várias celas foram destruídas. Segundo informações, o quebra-quebra começou depois que um preso foi transferido para o Ênio Pinheiro, e os detentos não aceitaram a presença dele no pavilhão já que o criminoso fazia parte da facção do PCC da capital.
Houve princípio de fuga, os presos usaram pedaços de madeira, ferro e até uma foice foi encontrada com os presos, muitos deles foram espancados por outros detentos que estavam no comando da rebelião.