Serial killer de GO: suspeito diz que foi coagido a confessar crimes, mas polícia garante ter provas
Thiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, foi preso em casa na noite de terça-feira
Cidades|Márcia Francês, do R7
O advogado do vigilante Thiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, que confessou a morte de 39 pessoas em Goiânia, disse que ele nega os crimes. Em entrevista ao R7 Thiago Huascar declarou que o cliente afirma que os policiais "foram perguntando e ele foi concordando".
— Ele falou que foi coagido.
O defensor confirmou que Rocha tentou se suicidar dentro da cela. O vigilante está preso na Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos, em Goiânia. De acordo com Huascar, o cliente pediu um café para o agente que o vigia 24 horas por dia. Enquanto o policial saiu para atender ao pedido, ele retirou uma lâmpada, quebrou e cortou os pulsos com o vidro.
— Ele levou seis pontos, mas passa bem.
A Polícia Civil confirmou a tentativa de suicídio e informou que ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. No entanto, a instituição nega que o suspeito tenha sido coagido a confessar os crimes, como explica o delegado Norton Luiz Ferreira, assessor de comunicação da Polícia Civil de Goiânia.
— A Polícia Civil entende que o advogado está fazendo o papel dele, embora, no âmbito da Polícia Civil, não existe o contraditório. [...] Ele confessou todos os crimes, existem provas que ligam ele a esses crimes, não só a confissão dele, existem elementos suficientes para a prisão dele e, de todos os crimes que ele confessou de ter matado as mulheres, em seis, a polícia técnica já fez o laudo balístico e confirmou que a arma apreendida com ele foi utilizada em todos esses crimes.
Ele é um psicopata que praticou crimes em série, diz diretor-geral da Polícia Civil
Relembre os principais assassinos em série que já assustaram o Brasil
Perfil
O advogado Huascar falou ainda sobre as primeiras impressões do seu cliente. Segundo o defensor, Rocha tem "mania de perseguição".
— Ele é um cara sério, sistemático, fechado, tem mania de perseguição. Fica olhando para um lado, para o outro.
Uma ex-namorada do vigilante, que não quis se identificar, disse à TV Record que o reconheceu nos vídeos que foram divulgados pela imprensa.
— Pelas imagens, já dava para detectar que era ele. Eu sempre convivi com ele, então eu sabia.
Crimes
Em sete meses, 15 mulheres foram mortas em Goiânia. A primeira vítima foi a adolescente Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, morta no dia 18 de janeiro. A última vítima desta série de crimes foi outra adolescente, Ana Lídia de Souza, também com 14 anos, baleada em um ponto de ônibus no dia 2 de agosto. Todas essas vítimas, que tinham idades entre 14 e 29 anos, foram mortas da mesma forma: um motoqueiro se aproxima, atira e foge sem levar nada.
A partir destes assassinatos, uma força-tarefa foi instaurada pela polícia de Goiânia. Havia dois meses, essa força-tarefa seguia as pistas do suspeito e investigava também outros crimes. No início, a polícia dizia não acreditar que os homicídios tivessem sido cometidos por uma única pessoa. Entre os motivos que reforçavam a hipótese estava o fato de que, nos depoimentos colhidos, testemunhas citarem motocicletas de diferentes marcas e cilindradas. Além disso, as características físicas dos suspeitos também divergiam.
Na quarta-feira (15), o diretor-geral da Polícia Civil, João Carlos Gorski, afirmou que não havia dúvidas de que Rocha é um serial killer que agia em Goiânia.
— Hoje eu entendo que ele é um psicopata que praticou crimes em série.
Assista ao vídeo:
O vigilante foi identicado em imagens registradas por câmeras de segurança no último domingo (12), perto de uma lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista. O caso foi incluído na força-tarefa. Segundo testemunhas, o motociclista tentou atirar na vítima, mas a arma falhou. Então, ele chutou a boca da jovem e fugiu.
Rocha foi preso em casa, em um bairro da periferia de Goiânia na noite de terça-feira (14). Ele trabalhava como vigilante em um dos maiores hospitais do Estado. Entre os colegas de empresa, ele era considerado acima de qualquer suspeita. Até agora a polícia confirma que o maníaco matou 39 pessoas, mas o número pode ser maior. Entre as vítimas, estão oito moradores de rua e 16 mulheres. No início ele matava aleatoriamente e depois começou a seguir um padrão, como explica o diretor-geral da Polícia Civil.
— Utilizou faca, depois ele foi passando para arma de fogo, matando homens. De um certo tempo para cá, ele começou a matar mulheres.
Imagens de câmeras de segurança foram fundamentais para que a polícia chegasse até o suspeito. Os vídeos mostram o assassino de moto rondando as vítimas e também executando mulheres e moradores de rua.