Três sinalizadores foram disparados durante show em boate de Santa Maria
Casa noturna foi palco de tragédia que deixou 231 mortos no último domingo
Cidades|Paulo Robertos Tavares, especial para o R7, em Santa Maria (RS)
A Polícia Civil gaúcha afirma ter indícios que comprovam a utilização de três sputniks — um tipo de fogo artifício —, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, na madrugada do último domingo (27), na boate Kiss, em Santa Maria (RS). De acordo com o delegado Sandro Meinnerz, um dos responsáveis pela investigação, o artefato estaria preso a uma luva, na mão do vocalista do grupo, Marcelo de Jesus dos Santos, e seria acionado a distância pelo produtor Augusto.
De acordo com o delegado regional, Marcelo Arigoni, dois sinalizadores foram disparados para baixo e um para cima.
— Temos elementos que comprovam a utilização de equipamento pirotécnico na boate.
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No incêndio, morreram 231 pessoas e o número de vítimas internadas chegava a 118 até a manhã desta terça-feira (29). Dessas, 75 estão em estado grave e correm risco de morrer.
O vocalista, um integrante da banda e dois sócios da boate foram presos na terça-feira (28) após terem prisão temporária de cinco dias decretada pela Justiça.
Tipo de sinalizador
A polícia investiga agora que tipo de sinalizador foi usado na boate no dia do incêndio. Existem dois modelos: um para uso interno — conhecido no Rio Grande do Sul como “fogo frio” —, e outro para uso externo.
Além disso, também está sendo apurado quem vendeu esses fogos. Segundo Arigoni, para vender esse tipo de equipamento pirotécnico é preciso uma autorização do poder público.
— Estamos checando todos os fatos e procurando quem vendeu os sputiniks. Se eles foram a causa do incêndio, a perícia irá revelar.
Trabalho da perícia
O trabalho da perícia foi concluído na manhã desta terça-feira (29). A boate Kiss, no entanto, permanecerá disponível para outras possíveis averiguações. Desde o dia do acidente, o trecho da rua dos Andradas, uma das mais movimentadas da cidade, continua interditado. Segundo Arigoni, a via será liberada assim que tapumes foram colocados na porta e no buraco feito na parede da boate para o resgate das vítimas.
— Não podemos deixar esta rua fechada para sempre. Ainda hoje, teremos acesso a mais documentos relativos ao funcionamento do estabelecimento, assim como a planta do prédio, que nos mostrará a localização de dutos e outros locais.
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O resultado da perícia não foi divulgado e a equipe que investiga o caso se reunirá ainda nesta quarta-feira para analisar os laudos da perícia.
Outro lado
O advogado de defesa de Mauro Hoffmann, um dos proprietários da boate Kiss, Mário Cipriani, afirmou que seu cliente está “à disposição da polícia, colaborando no que é pedido”.
— A prisão de cinco dias foi pedida porque a polícia considera imprescindível às investigações. Por isso, estamos colaborando.
Sem citar nomes de possíveis envolvidos, Cipriani disse ainda que “há várias pessoas que têm responsabilidade na tragédia, talvez os menos responsáveis sejam os donos da boate”.