O dólar segue uma trajetória de alta neste ano e fechou a semana cotado em R$ 2,396, o maior valor desde 3 de março de 2009, quando tinha sido vendido a R$ 2,441.
De acordo com o professor de economia do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), Gilberto Braga, a influência da valorização da moeda norte-americana no Natal é "irreversível".
— A ceia deste ano será menos farta e focada em produtos do Mercosul.
Dólar subiu de R$ 1,95 para R$ 2,35 em menos de seis meses
Braga afirma que alguns supermercados e exportadores ainda têm um estoque para alguns produtos.
— No entanto, os alimentos perecíveis ou com vida útil menor ficarão mais caros. Quem fizer questão de ter esses produtos na ceia vai pagar mais por eles.
O professor conta que muitos comerciantes atrasaram os pedidos de Natal para tentar pegar um dólar mais barato, mas não conseguiram. O tempo está passando e o dólar, subindo.
Mesmo com intervenções do BC (Banco Central), a moeda norte-americana encostou em R$ 2,40 e voltou a fechar no maior nível em mais de quatro anos. Em 2013, o câmbio subiu 16,99%, a maior alta acumulada desde o início das turbulências no sistema financeiro internacional. Apenas em agosto, o dólar registrou aumento de 4,97%.
Intervenções do BC
O BC (Banco Central) tem realizado com frequência swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro). Gilberto Braga explica que essa operação equivale a vender a moeda agora com o compromisso de revenda já com valor fixado no futuro.
— Com isso, o Banco Central tenta determinar a faixa de cotação do câmbio no futuro.
Segundo o professor de economia, essa estratégia vinha funcionando em determinados momentos.
— A ideia era limitar a especulação, diminuir a margem da cotação. Mas quanto mais longo for o prazo, maior é o risco.
Para Braga, o arsenal que o governo tinha para equilibrar o valor do dólar está chegando ao fim.
— O governo já tentou conter por meio tradicionais, com medidas fiscais, mas também não deu certo. Só falta estimular transações em dólar.
Crise econômica
O professor lembra que, em 2008, durante a crise econômica, as taxas de juros eram baixas no exterior, isso ajudou o Brasil. Agora, a crise está cedendo, a economia brasileira está crescendo pouco e a inflação alta demonstra instabilidade que os investidores tentam evitar.
— Por isso, num primeiro momento, existe a possibilidade de o capital sair do País. Além disso, a economia americana e a europeia têm apresentado bons resultados. O dólar está subindo por razões mercadológicas, a demanda pela moeda americana expõe a fraqueza da economia brasileira e pressiona ainda mais a inflação.