Plataforma de petróleo da Petrobras, fundeada na Baía de Guanabara, zona sul do Rio de Janeiro
Estadão ConteúdoAproveitando a "queda livre" das ações da Petrobras, o economista Rafael Bianchini usou metade de seu 13º salário para comprar nesta semana 450 papéis da PETR 4, as chamadas ações preferenciais da estatal petrolífera.
— Eu comprei baseado nos fundamentos da empresa. Acredito bastante no corpo técnico da companhia e o setor que ela está: petróleo e energia.
Rafael está seguindo uma doutrina do mercado: comprar as ações quando estão em baixa para vendê-las mais tarde na alta. Especialistas entrevistados pelo R7 recomendam a compra dos papéis da maior empresa brasileira, mas fazem um alerta: é preciso ter paciência para suportar a variação de preços até que as ações se recuperem.
Petróleo baixo pode alterar projetos como o pré-sal
No momento, as notícias relacionadas à Petrobras não são as melhores: o preço do petróleo caiu 40% em 2014, a estatal não divulgou o balanço trimestral na última sexta-feira (12) e as denúncias de corrupção continuam afetando a imagem da empresa.
Diante deste cenário, o preço das ações da Petrobras caiu 10% e chegou ao pior nível em dez anos.
O valor de mercado da empresa não deve permanecer muito tempo nesse patamar baixo, mas não é possível saber quanto mais tempo levará até a Petrobras se recuperar.
De acordo com o professor de finanças do Ibmec/RJ Gilberto Braga, para quem acredita que a estatal vai se recuperar, comprar ações da Petrobras é uma “bela aposta”.
Por outro lado, o diretor da Escola de Investimentos Leandro&Stormer, Leandro Ruschel, avalia que o cenário da Petrobras é tão ruim que fica difícil de avaliar o patrimônio da empresa e, consequentemente, o valor das ações.
— A Petrobras não vai quebrar, mas, para o acionista, a perda pode ser muito ruim. Este é o pior momento da história da companhia.
Braga afirma que, mesmo com todos os problemas, ninguém em "sã consciência" acredita que a Petrobras valha tão pouco.
— Em algum momento, o preço das ações deve subir.
FGTS
Quem comprou ações da estatal com o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) não deve vender agora seus papéis. Os dois especialistas afirmam que, por enquanto, a perda é potencial, mas virtual. O prejuízo só se concretiza quando as ações são vendidas. Por isso, segundo Braga, o melhor é esperar.
Já Ruschel afirma que o investidor deve avaliar as alternativas, antes de vender, porque, se for extremamente necessário usar o dinheiro (para a compra de um imóvel por exemplo), a perda será muito grande.
Estômago forte
Mesmo com a sugestão de aguardar pela recuperação dos papéis, Braga alerta para a necessidade de ter "estômago forte" para aguentar o período de flutuação dos preços.
— Há analistas apontando que as ações podem cair até R$ 5 antes de voltar a subir. Esses são especuladores profissionais, que acompanham o mercado o tempo todo. Quem não é especulador pode comprar as ações esperando que haja uma melhora, mas terá que suportar o efeito gangorra (hora em alta, hora em baixa).
O economista Rafael Bianchini diz ter consciência de que fez um investimento sem prazo para ser recuperado.
— Longuíssimo prazo. Eu espero, pelos próximos dois anos, bastante instabilidade. Eu tenho um pouco de renda fixa, imóvel e coloquei na PETR4, que é a parte [do investimento] mais arriscada.
Apesar do risco, Rafael não faz uma aposta no escuro, pois ele já teve no passado experiências positivas com o mercado financeiro. Há algum tempo, o economista tinha uma carteira de investimentos com ações da Petrobras, Vale, Itaú e Banco do Brasil. Com a valorização dos papéis, ele conseguiu dar a entrada em um imóvel.
— Foi ótimo. Dei a entrada no apartamento em que moro hoje com um investimento que fiz em ações.
* Colaborou Vanessa Beltrão, do R7