Demitido, gerente abre franquia com indenização e já pensa em 2ª loja
Trabalhador foi despedido em setembro de 2014 e abriu a loja em março deste ano
Economia|Joyce Carla, do R7
Alexander Porto, de 38 anos, tinha uma carreira de mais de uma década na indústria farmacêutica. Foi de representante de vendas até gerente de produto e tinha todos os benefícios de trabalhar em uma multinacional — sonho de alguns trabalhadores brasileiros. Embora a carreira estivesse em ascensão, ele não estava satisfeito com a jornada de trabalho exaustiva e a baixa qualidade de vida.
— Havia uma pressão enorme por resultados. Eu tinha que fazer horas extras com frequência, às vezes tinha que trabalhar de sábado e domingo, não conseguia tempo para ir à praia, fazer atividades físicas no fim do expediente nem podia encontrar minha família sem pensar no trabalho. Enfim, minha qualidade de vida estava deteriorada.
Porto conta que, quando começou a relutar contra essa carga de trabalho extra, passou a ser colocado de lado dentro da empresa, enquanto outras pessoas que aceitavam essa situação se sobressaíam e ganhavam mais espaço.
— Então eu comecei a procurar uma solução que me desse mais equilíbrio entre o retorno financeiro e a qualidade de vida. Porque antes, eu tinha muitos benefícios, mas não vivia.
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Segundo Porto, um professor do MBA que ele fazia mencionou a franquia como uma opção, que não seria como um investimento de banco, já que era preciso trabalhar bastante para atingir o sucesso, mas que haveria a autonomia próxima de um negócio próprio.
— Já estava estudando o mercado de franquias, conversando com pessoas e pegando dicas do Sebrae. E, no meio desse processo, fui demitido. Daí aproveitei para tomar a decisão.
Seis meses
A demissão de Porto aconteceu em setembro do ano passado. Ele diz que, depois disso, passou um tempo fora do País, para descansar e pensar nos próximos passos que daria.
— Em dezembro, eu já estava fazendo uma reunião com a Acerte Franchising e, em janeiro deste ano, assinei o contrato. No dia 9 de março, inaugurei a minha lavanderia [Prima Clean].
Em seis meses, ele foi de demitido a dono de uma franquia. Agora, com três meses de loja funcionando, Porto já conseguiu equilibrar o capital de giro — não precisa mais colocar dinheiro do bolso na lavanderia — e já pensa na segunda loja.
— Abri essa franquia com um amigo, e nós combinamos que, quando desse certo, abriríamos a segunda loja para cada um ter a sua. Já estamos pensando em abrir a próxima até o fim deste ano.
Além do resultado financeiro positivo que está conseguindo, Porto diz que está muito satisfeito em poder usar os conhecimentos que adquiriu na vida corporativa em sua loja.
— Às vezes, é difícil colocar uma ideia em prática em uma grande empresa. Agora, eu posso aplicar o que aprendi e usar o meu capital intelectual. Além disso, consegui a minha qualidade de vida. Eu trabalho bastante, como meu professor disse que seria, mas tenho tempo para correr, para fazer atividades físicas, ir à academia, e não recebo e-mails de chefe que devem ser respondidos imediatamente, mesmo que esteja de folga com a família.
Muito estudo e perfil
Porto conta que, para chegar à decisão de abrir uma lavanderia, teve que estudar muito o mercado de franquia, conversou com muitas pessoas, fez diversas reuniões com franqueadores e analisou o próprio perfil.
Outro exemplo de quem decidiu abandonar a vida de funcionário para ser patrão é de Ana Carolina Teixeira, de 27 anos. Ela era analista de tecnovigilância em uma indústria de produtos cirúrgicos e vai inaugurar uma pizzaria na próxima semana. Diferentemente de Porto, ela não foi demitida, mas pediu para sair.
— A decisão de abrir um negócio foi tomada em conjunto com o meu marido. Nós conversamos com muitas pessoas e estudamos o mercado. A princípio pensamos até em uma farmácia, porque eu sou farmacêutica de formação, mas acabamos optando por abrir uma pizzaria, porque nos identificamos mais com o modelo de negócios da Dídio.