Durante a sessão, o dólar bateu o maior valor desde o fim de 2002
Getty ImagesO dólar teve uma sessão volátil e encerrou estável frente ao real nesta quinta-feira (3), puxado para baixo por ruídos sobre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e pela perspectiva de vendas de divisas relacionadas à alta da CSLL sobre instituições financeiras, mas preocupações locais mantiveram a moeda norte-americana perto das máximas em quase treze anos.
No fechamento, o dólar ficou estável, a R$ 3,7598 na venda. Na máxima do dia, a divisa subiu 1,53%, a R$ 3,8175, maior nível intradia desde 11 de dezembro de 2002 (R$ 3,8200). Na mínima, recuou 0,69%, a R$ 3,7338.
"Os boatos de que o Levy poderia sair do governo incomodam muito o mercado. Por isso, quando você ouve algo no sentido contrário, a reação é bastante positiva também", explicou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
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O ministro cancelou nesta quinta-feira sua viagem para a reunião do G-20, na Turquia, para se reunir com a presidente Dilma Rousseff, informou a assessoria de imprensa do Ministério. Duas autoridades do governo disseram à Reuters que Levy não tem planos de renunciar e que a reunião foi convocada para discutir o Orçamento.
Em entrevista ao El País concedida na quarta-feira, Levy afirmou que não tem intenção de deixar o Ministério. Especulações sobre a possível saída do ministro pressionam os ativos brasileiros, por receios de que o governo abra mão da ortodoxia defendida por ele.
No início da semana, o governo enviou ao Congresso Nacional proposta para o Orçamento de 2016 prevendo inédito déficit primário. A notícia deu força às apostas em perda do selo de bom pagador do País, levando o dólar a disparar 5,83% nas últimas quatro sessões.
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O dólar também foi puxado para baixo nesta quinta-feira pelo aumento da CSLL (Contribuição sobre o Lucro Líquido) sobre instituições financeiras, aprovado pela Câmara. Segundo a proposta, que segue ao Senado, a contribuição subirá para 20% até 1º de janeiro de 2019, ante os atuais 15%, o que pode levar bancos brasileiros com subsidiárias no exterior a vender dólares para manter sua proteção cambial.
"[A queda do dólar] aconteceu justo quando a Câmara dos Deputados iniciou a votação da medida provisória que aumenta a alíquota da CSLL do setor financeiro", escreveu o operador da corretora SLW, João Paulo de Gracia Correa, em nota a clientes.
No fim da manhã, essas expectativas se somaram, segundo operadores, a entradas de divisas relacionadas ao cálculo da Ptax, taxa formulada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais.
Agentes financeiros continuaram ainda atentos à possibilidade de o Banco Central ampliar a atuação no câmbio, uma vez que a alta do dólar sobre o real tende a pressionar a inflação. "O mercado está desconfiado. O BC está quieto demais", disse o operador de câmbio de uma corretora nacional.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 9.450 contratos de swap cambial tradicional, que equivalem à venda futura de dólares, para a rolagem do lote que vence no próximo mês. Ao todo, o BC já rolou US$ 1,369 bilhão, ou cerca de 14% do total de US$ 9,458 bilhões e, se continuar neste ritmo, vai recolocar o todo o lote.
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