A quantidade de consumidores com contas a pagar no mês de março de 2015 aumentou 3,76%, na comparação com março de 2014. Hoje, 37,5% da população brasileira entre 18 e 95 anos estão negativados em bancos ou outros serviços que implicam pagamento de boletos, como água, luz e telecomunicações.
São 54,7 milhões de brasileiros endividados. Também houve crescimento em relação ao número de dívidas não pagas, com variação de 3,46% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (13) pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela Cndl (Confederação Nacional de Dirigentes Logistas).
Segundo o presidente da Cndl, Honório Pinheiro, embora o setor de varejo trabalhe de forma anticíclica, as variáveis macroeconômicas influenciam o consumo da população.
— A economia está parada e a política que a influencia diretamente vive momentos difíceis no Brasil.
Economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti explicou que dois fatores atuam de forma contrária no consumo, o que acaba equilibrando os números da inadimplência.
— Primeiro, desde 2013, há uma queda na oferta de crédito pelos bancos e também um recuo na demanda. Isso faz com que hajam menos contas a pagar e a inadimplência acaba. [...] Por outro lado, temos o fraco crescimento da economia, inflação e juros em alta. Isso piora a geração de empregos e a confiança dos consumidores. O momento econômico dificulta o pagamento das dívidas.
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Segundo marcela, embora a variação tenha sido positiva em março de 2015, “mantém-se a tendência de desaceleração em relação ao pico de agosto do ano passado, quando tivemos aumento de 5,09% na quantidade de devedores.”
Em relação à participação dos setores, os maiores crescimentos foram em água, luz, telecomunicações e bancos. Marcela disse que os bancos são os principais financiadores da economia, o que aumenta a inadimplência no setor. De acordo com os dados, 47,71% das contas a pagar são decorrentes do aumento de 2,15% em relação a março de 2014.
Água, luz e telecomunicações representam 7,03% (aumento de 0,59% na variação anual) e 15,3% das dívidas, respectivamente. No caso das telecomunicações, com variação positiva de 1,46% nas dívidas, Marcela informou que cada vez mais as pessoas dão importância à comunicação instantânea e acabam contratando pacotes de dados e celulares que não cabem no orçamento.
Na comparação com o número de pendências por tempo de atraso, as faixas que registraram maior variação foram as de dívidas com 91 a 180 dias de atraso (3,96% de aumento) e 181 a 360 dias (6,03% de aumento).
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Segundo a economista, isso é reflexo das compras de Natal, do pagamento de impostos e da compra de material escolar no início do ano.
— Ano passado, fizemos uma pesquisa em que as pessoas diziam que parcelariam as compra de Natal em até cinco vezes. Então, acabamos vendo a alta da inadimplência entre março abril.
Para a Cndl/ SPC Brasil, o número de inadimplentes é maior na faixa de dívidas com 3 a 5 anos de atraso (11,1%). “Elas acabam ficando pra trás, porque as pessoas acham que são impagáveis, mas dá pra negociar. O endividado tem de ser criativo para apertar o orçamento, mas sempre dá pra negociar”, concluiu Marcela Kawauti.