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Manutenção do IPI reduzido deve salvar indústria automobilística brasileira de fiasco em 2014

Queda de 16,8% na produção de veículos no 1º semestre reflete a baixa de 7,6% nas vendas

Economia|Do R7

O balanço da indústria automobilística brasileira no primeiro semestre, divulgado nesta segunda-feira (7) pela Anfavea, mostrou que apenas um milagre tirará o setor do vermelho em 2014. Segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos, houve queda acentuada de 16,8% na produção entre janeiro e junho, período em que o volume de licenciamentos caiu 7,6% — na comparação com os primeiros seis meses de 2013.

Em números brutos, foram 1,57 milhão de unidades entregues pelas fábricas no primeiro semestre deste ano, contra 1,88 milhão produzidas no mesmo período de 2013. Já os emplacamentos caíram de 1,80 milhão de modelos, somados nos primeiros seis meses do ano passado, para 1,66 milhão, acumulados até a metade de 2014. Como consequência, houve baixa nas exportações e no nível de emprego, que recuou 3,7% na comparação entre junhos.

Só IPI reduzido pode não resolver

Durante a coletiva de imprensa, em São Paulo, a Anfavea projetou um cenário bem mais "azul" para o segundo semestre, exaltando a manutenção do IPI reduzido (Imposto sobre Produtos Industrializados) como fundamental para a retomada. No entanto, a associação das montadoras, por meio do presidente Luiz Moan, reconheceu que será necessário mais que o congelamento do imposto, lembrando a forte restrição de crédito em 2014.


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— Ainda há um cenário de forte restrição ao crédito, que se for minimizado poderá funcionar como catalisador do desempenho. Se o IPI fosse elevado, o panorama para o segundo semestre ficaria comprometido, pois cada ponto porcentual de aumento do imposto acarretaria um aumento de 1,1% no preço, com impacto de 2,6% de queda nas vendas. Isso sem falar no aumento da carga tributária do veículo brasileiro, que já é uma das mais altas do mundo.


28,1% do preço dos carros é imposto

Para ilustrar, a Anfavea divulgou um estudo que mostra que até 28,1% do preço de um veículo nacional flex (com motor de 1.0 a 2.0) é imposto. De acordo com a entidade, a carga de tarifas brasileiras é bem maior que a aplicada na Itália (18%), no Japão (9,9%) e nos Estados Unidos (7%). A comparação foi feita com base na participação dos impostos no preço final ao consumidor, que não é o mesmo critério usado nos outros países.


Nos EUA e no Japão, por exemplo, a carga tributária adicionada ao preço do veículo é informada. A diferença é que, no Brasil, há "tributos escondidos". Ou seja, seguindo este critério, a carga de impostos por aqui chega a 54,2% do valor limpo. Ainda segundo a Anfavea, mesmo com o IPI reduzido, a geração de tributos do setor automobilístico em 2013 foi de generosos R$ 178,5 bilhões, segundo estimativas. Trata-se de 12% do total de tributos considerados.

Exportações em queda livre

Se os números de produção e licenciamentos estão ruins, o de exportações anda péssimo para as fabricantes de veículos em 2014. Em junho, foram enviados ao exterior 24,2 mil veículos, 31,2% menos que em maio (35,2 mil) e expressivos 51,1% menor que junho de 2013 — quando 49,4 mil carros deixaram o País rumo ao estrangeiro. No acumulado do ano, a situação é preocupante: 169,5 mil unidades contra as 262,3 mil somadas em 2013 (-35,4%).

Com o tempo nebuloso, a Anfavea revisou as projeções para 2014, admitindo queda em todos os números da indústria. A expectativa agora é de recuos de 5,4% nos licenciamentos, de 10% na produção e de 29,1% nas exportações. Mesmo assim, para dar um tom otimista, a associação das fabricantes ressalta que o balanço do segundo semestre deve ser muito melhor que este do primeiro. Menos mal.

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