Venda de imóvel usado e aluguel residencial têm 1ª queda no ano em SP
Mais da metade das vendas – 58,36% do total – foi feita com financiamento de bancos
Economia|Do R7

As vendas de imóveis usados e o aluguel residencial registraram em março a primeira queda no ano no Estado de São Paulo, de acordo com um levantamento feito pelo Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo) com 1.152 imobiliárias em 37 cidades paulistas.
Em relação a fevereiro, as vendas foram 12,47% menores e o aluguel de casas e apartamentos encolheu 3,41%. No acumulado do primeiro trimestre, porém, as vendas somam saldo positivo de 2,87% e a locação, de 59,17%.
O presidente do conselho, José Augusto Viana Neto, afirma que os resultados da pesquisa mostram que “os dois mercados começam a perder força e se encaminhar para uma nova fase, de desaquecimento e ajuste ao estado geral da economia”.
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O esfriamento das vendas e do aluguel no período não foi suficiente para convencer os proprietários de imóveis a reduzir os preços de venda e os aluguéis.
O Índice Creci-SP, que mede o comportamento de ambos com base nos valores pesquisados em imobiliárias cadastradas na entidade, registrou alta de 3,7% em março e 4,53% no acumulado do primeiro trimestre.
— Os proprietários sempre vão resistir a baixar preços e aluguéis, até porque sabem que a demanda é muito maior que a oferta.
Os próximos meses, porém, poderão mudar esse comportamento se a Economia continuar caminhando para uma recessão, como parece inevitável.
— Aumento de desemprego, queda no poder de compra com inflação em alta, perda ou redução da capacidade de poupar e enfraquecimento da demanda por esses mesmos motivos serão os fatores capazes de dobrar a resistência, como já acontece no mercado de imóveis novos.
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Venda financiada predomina
A queda de 12,47% nas vendas de imóveis usados em março foi puxada por três das quatro regiões que compõem a pesquisa do Creci de São Paulo. Em comparação com fevereiro, as vendas caíram 24,27% na capital, 14,06% no interior e 30,27% nas cidades de Santo André, São Caetano, São Bernardo, Diadema, Guarulhos e Osasco. No litoral houve crescimento de 16,81%.
Mais da metade das vendas — 58,36% do total — foi feita com financiamento de bancos, predominantemente da Caixa Econômica Federal (49,64% dela e 8,72% dos demais bancos). As vendas à vista somaram 36,8% do total de contratos, e os consórcios, 0,48%. As vendas a prazo bancadas pelos proprietários não chegaram a 5% (4,36% foi a soma desse tipo de operação).
Dos imóveis usados vendidos nas 37 cidades pesquisadas, 53,51% do total eram apartamentos e 46,49%, casas. Os imóveis mais vendidos no Estado em março foram os de valor final até R$ 300 mil, com 57,87% dos contratos assinados nas 1.152 imobiliárias pesquisadas pelo Creci-SP. No desmembramento das vendas por faixas de preço, 69,59% das unidades vendidas custavam até R$ 4.000 o metro quadrado.
Para vendê-los, os proprietários concederam descontos médios sobre os preços inicialmente fixados de 5,72% para imóveis em bairros de áreas nobres, de 7,03% nas regiões de periferia e de 7,39% nos bairros centrais das 37 cidades componentes da pesquisa.
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Desconto no aluguel
O comportamento do mercado de locação em março foi diferenciado nas quatro regiões que compõem a pesquisa do Creci de São Paulo. Puxaram a queda geral de 3,41% sobre fevereiro o interior (- 8,72%) e as cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Guarulhos e Osasco (- 5,08%). Na capital houve aumento de 4,39% e no litoral, de 1,96%.
Os donos de imóveis situados em bairros de áreas nobres sentiram maior dificuldade para alugar que os proprietários de casas e apartamentos localizados em outras regiões das 37 cidades pesquisadas pelo Creci-SP. Eles aumentaram em 55,55% o desconto concedido sobre o valor inicial do aluguel, que era de 8,05% em fevereiro e passou a 12,52% em março.
Nos bairros mais periféricos, o desconto também aumentou em março – passou de 8% para 9,57%, alta de 19,63%. Nos bairros de regiões centrais, o desconto foi reduzido em 26,88%, baixando de 11,41% em fevereiro para 8,34% em março.
Mais da metade dos imóveis alugados em março no Estado (51,99%) tinha aluguel mensal de até R$ 1.000. Do total de imóveis alugados pelas imobiliárias pesquisadas pelo Creci-SP, 53,83% eram casas e 46,17% eram apartamentos.
As 1.152 imobiliárias pesquisadas receberam em março 1.063 imóveis, devolvidos por inquilinos que desistiram do aluguel por motivos financeiros (31,41%) ou por outros motivos (68,59%). Esse percentual representa 47,03% do total dos novos contratos de locação do estado.
Mais caro, mais barato
A maioria desses imóveis (59,85%) foi alugada com garantia de pagamento pelo fiador, em caso de inadimplência do inquilino. Na sequência, apareceram o depósito de três meses do aluguel (19,62%), o seguro de fiança (14,66%), a caução de imóveis (4,32%), a locação sem garantia (0,9%) e a cessão fiduciária (0,64%).
Segundo a pesquisa Creci-SP, as locações de março concentraram-se nos bairros centrais das 37 cidades em que foi feita (78,83% do total), distribuindo-se as demais pelos bairros de periferia (15,71%) e de regiões nobres (5,45%).
A boa notícia apurada pela pesquisa foi a queda da inadimplência. O percentual de inquilinos com o aluguel atrasado era de 3,89% em fevereiro e caiu para 3,86% em março, uma redução de 0,9%.
A pesquisa Creci-SP foi realizada em 37 cidades do Estado de São Paulo. São elas: Americana, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Campinas, Diadema, Guarulhos, Franca, Itu, Jundiaí, Marília, Osasco, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo, Sorocaba, Taubaté, Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião, Bertioga, São Vicente, Peruíbe, Praia Grande, Ubatuba, Guarujá, Mongaguá e Itanhaém.
