Entenda como o financiamento do imóvel usado é afetado pela poupança
Caderneta teve, em março, o pior saldo negativo desde 1995
Economia|Joyce Carla, do R7
A Caixa Econômica Federal, que detém 70% dos financiamentos imobiliários no País, mudou a regra para a compra do imóvel usado e só vai financiar metade do valor da casa própria para quem precisar utilizar recursos da poupança — que é a principal fonte de crédito para o setor.
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O motivo é o resultado ruim das cadernetas de poupança. Com saldo negativo, sobra menos dinheiro para fazer os financiamentos. Segundo o último balanço do BC (Banco Central), divulgado no início de abril, os saques na poupança superaram os depósitos em R$ 11,4 bilhões no mês de março.
Esse foi o maior saldo negativo da série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995. Além disso, o saldo negativo de março completou uma série de três meses de resultados ruins para a mais tradicional forma de investimento do brasileiro. Desde 2006, a poupança não tinha três meses seguidos de saques maiores do que os depósitos.
O diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, explica que, com a inflação alta, a poupança vem perdendo rentabilidade.
— Assim, os investidores estão saindo para outras opções que rendem mais. Além disso, a inflação corrói a renda das famílias, que passam a ter menos dinheiro para poupar e ainda precisam usar o dinheiro que tinham na caderneta para pagar as contas. Isso tudo faz com que o saldo da poupança fique negativo.
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Financiamentos
Os bancos devem destinar no mínimo 65% dos depósitos da poupança para crédito imobiliário. Do total, 80% têm de ser para imóveis na linha do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e o resto para operações com taxas de mercado — SFI (Sistema Financeiro Imobiliário).
O foco da Caixa para este ano é habitação social e, em segundo lugar, os financiamentos no âmbito do SFH, que abrangem imóveis de até R$ 750 mil. Estes últimos são os que sofrerão a mudança no valor que o comprador terá de pagar na entrada do imóvel.