Viver de aluguel é mais vantajoso do que comprar a tão sonhada casa própria
Se fizer as contas, brasileiro verifica que é melhor investir grana ao invés de adquirir imóvel
Economia|Alexandre Garcia, do R7
Sonho de muitos brasileiros, sair do aluguel e comprar a casa própria pode não ser a melhor opção para quem pretende garantir um pé de meia no futuro. Se você tem dinheiro em mãos ou pretende entrar num financiamento, a questão é sempre a mesma: compensa comprar um imóvel ou permanecer no aluguel e aplicar o dinheiro?
Na avaliação de economistas ouvidos pelo R7, adquirir um imóvel à vista ou parcelado é sinônimo de perder dinheiro, já que o valor investido em uma propriedade tende a render mais em outros fundos.
O economista e idealizador do blog Quero Ficar Rico, Rafael Seabra, avalia que, do ponto de vista financeiro, é “sempre mais vantajoso” alugar um imóvel e investir parte daquele montante que seria totalmente utilizado para realizar um financiamento imobiliário.
— Muitas vezes, as pessoas que moram de aluguel têm a falsa impressão de que estão perdendo um dinheiro que poderia ser usado no financiamento de um imóvel. O que elas não sabem é que, se você fizer a simulação para comprar um imóvel e verificar o preço de aluguel deste mesmo imóvel, vai constatar que os juros que você vai pagar desde o primeiro mês vai ser maior do que a locação.
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A percepção de Seabra é a mesma para aqueles que pretendem comprar um imóvel à vista. Ele calcula que, se preferir investir R$ 500 mil em um fundo com rentabilidade de 1% ao mês ao invés de comprar um imóvel do mesmo valor, o brasileiro pode contar um rendimento mensal de R$ 5.000 e utilizar parte da grana para pagar a locação de um local para morar.
— O aluguel desse imóvel que custa R$ 500 mil dificilmente será superior a R$ 2.500 ao mês. Então, é mais vantajoso investir esse dinheiro e alugar um imóvel similar pagando R$ 2.500. Assim, sobraria R$ 2.500 mensais para fazer outros investimentos.
A conselheira federal do Cofecon (Conselho Federal de Economia) Celina Ramalho explica que a decisão entre comprar ou alugar um imóvel deve levar em conta os objetivos pessoais e o perfil do investidor.
— [Comprar um imóvel] é viável se a intenção for garantir um bem de família. Agora, para investimento, nós temos a possibilidade do consumidor entrar em mercados de capitais na busca por rentabilidades maiores. [...] Com isso, ao invés de imobilizar o dinheiro comprando um imóvel, é possível viver de aluguel e pagar um valor que hoje em dia está em torno de 0,5% do imóvel ao mês e ter ganhos maiores em ativos variados.
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Para Seabra, a vantagem em viver de aluguel ao invés de comprar a casa própria só não é visível no caso dos beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida, que têm os juros subsidiados pelo governo. Tendo em vista esse cenário de juros variados, Celina afirma que o mais indicado ao interessado em financiar um imóvel é analisar as taxas de diferentes instituições.
— É importante fazer uma pesquisa de quais opções de financiamento existem, porque cada banco tem uma prioridade. Para valores maiores, um banco oferece uma taxa mais interessante e, para preços menores, a Caixa Econômica tende a bater os valores das prestações.
Brasileiro alugou mais
Dados do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo) mostram que, no ano passado, enquanto a compra de imóveis usados caiu 21,36%, o volume de novas locações no Estado de São Paulo cresceu 61,39%.
O presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto, avalia que a perda de poder aquisitivo da população, o aumento do desemprego, a alta dos juros e a redução dos financiamentos bancários foram responsáveis pela queda no volume de vendas de imóveis ao longo do ano passado.
— Alugar foi a saída para as famílias que perderam as condições de acesso à compra da casa própria por causa da crise econômica.
O cenário citado por Neto pode ser verificado em diversos indicadores divulgados neste começo de 2016. De acordo com o Secovi-SP (Sindicato da Habitação), o valor médio das locações residenciais em São Paulo caiu 0,3% no mês de janeiro e acumula alta bem inferior à inflação ao longo dos últimos 12 meses, de 3,2%.
Em âmbito nacional, o Índice FipeZap de Locação aponta para uma queda nominal de 3,66% no preço dos novos contratos de aluguel nos últimos 12 meses. O índice, que analisa os preços em 11 cidades do País, revela que, atualmente, o valor do metro quadrado da locação no Brasil custa, em média, R$ 30,97 ao mês.