A bela entre as feras: aluna de engenharia brilha na oficina mecânica
Ao lado de 15 garotos, estudante coloca a mão na graxa para montar carros de competição
Educação|Mariana Nwabasili, do R7
Minoria em uma equipe que desenvolve carros para competições, a aluna do 4º ano do curso de engenharia do Centro Universitário FEI, Fernanda Carpi, quer se destacar numa área dominada pelos homens: a oficina mecânica.
Mulheres já ultrapassam 60% dos formandos em nível superior
O sonho de ser uma fera dentro dos boxes começou a virar realidade no início do ano, quando ela se tornou a primeira integrante mulher do projeto Bajo, que constrói veículos off-road para competições universitárias.
Ganhando ou não as disputas que a equipe participa no Brasil e exterior, se ela chegar ao final do curso já será uma vitoriosa. Segundo o MEC (Ministério da Educação), do total de formandos nas engenharias em 2012 (último dado disponível), apenas 25,5% eram mulheres.
Fernanda reforça esta estatística ao revelar que frequentava uma turma que tinha apenas quatro meninas de um total de 60 alunos — segundo a FEI, o número de alunas que cursam engenharia na instituição representa 24% do total e matriculados.
— Conforme fui avançando no curso de engenharia mecânica percebi que esta desigualdade se manteve, mas o número de meninas na faculdade hoje é maior do que quando cheguei.
Elas querem e podem
A estudante começou a fazer ciências da computação, porém, optou pela mecânica porque tem paixão por carros e cálculos. Esses dois fatores favorecem a superação das dificuldades que ela sente para executar certas tarefas.
— Tem algumas coisas que os garotos fazem que eu não consigo, como, por exemplo, levantar um carro para trocar a roda. O curso exige um grande esforço intelectual e físico.
Fernanda relata que não se importa em sujar a roupa e as mãos de graxa para checar ou trocar os freios. Mesmo que isso signifique sacrificar um "pouquinho" da sua vaidade.
— Desde que entrei no projeto Baja não fui mais à manicure.
Estereótipos reforçam mito da dificuldade feminina em exatas
Uma das explicações para o número pequeno de mulheres nos cursos de engenharia ainda é o estigma social, que determina que garotas são menos aptas do que garotos a executar tarefas que envolvem números.
A revista norte-americana Science, especializada em notícias científicas, divulgou resultados de uma pesquisa mostrando que a maioria das pessoas acha que as mulheres têm conhecimento menor do que os homens em matemática.
Segundo a publicação, entre as consequências desse pensamento está a distorção das decisões de contratação de mulheres para trabalhos nas áreas de exatas.
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Fernanda não nega que já se deparou com algumas barreiras nesse sentido, mas garante que é tratada com igualdade e respeito por seus colegas.
— É preciso existir igualdade em qualquer setor. Muitas vezes o preconceito faz a mulher interiorizar a ideia de inferioridade. Tem algumas que pensam ‘porque eu sou mulher, posso não conseguir e nem vou tentar [fazer um curso de engenharia]’. É preciso tentar. Qualquer um pode e consegue fazer este curso.