Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Curso para aperfeiçoar professor tem baixa eficácia

Conclusão faz parte de estudo do Instituto Ayrton Senna realizado com mais de 3.000 professores

Educação|

Bom aproveitamento dos cursos está associado à falta de alinhamento das ações com o plano de carreira do magistério
Bom aproveitamento dos cursos está associado à falta de alinhamento das ações com o plano de carreira do magistério Bom aproveitamento dos cursos está associado à falta de alinhamento das ações com o plano de carreira do magistério

A maioria das atividades de formação continuada com professores no Brasil (70%) tem baixa eficácia, segundo estudo do IAS (Instituto Ayrton Senna) realizado em parceria com o BCG (The Boston Consulting Group).

Por outro lado, os cursos de aperfeiçoamento, diz a pesquisa, são uma das principais alavancas para melhorar o desempenho de docentes e alunos.

A divulgação do levantamento, realizado com cerca de 3 mil professores, gestores e especialistas brasileiros, será feita hoje (7) em São Paulo e deve ter a presença do ministro da Educação, Henrique Paim. Os dados foram obtidos com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Professores brasileiros gastam 20% do tempo de aula para colocar ordem na sala

Publicidade

Esse tipo de formação, voltada a professores que já começaram a lecionar, enfrenta dificuldades para deslocar o foco da teoria para questões reais da sala de aula. Além do déficit de docentes no País, a maioria das redes não tem programas estruturados de formação continuada.

Tutoria com professores mais experientes, formação de ingressantes na carreira e observação crítica da sala de aula estão entre as atividades com melhores resultados, na opinião de especialistas e dos próprios docentes. O estudo revelou, entretanto, que elas são as que menos aparecem no País.

Publicidade

Prioridades

Segundo a analista de projetos de Educação e Desenvolvimento do IAS, Daniela Arai, o Brasil é um dos que menos incentivam professores a fazer formação continuada. Ela explica que ações governamentais de curto prazo e alta visibilidade são as mais frequentes, comprometendo um planejamento adequado dos programas. 

Publicidade

— Formação de professores é investimento de longo prazo. Acaba não sendo a principal preocupação dos governantes, avalia.

Leia mais notícias de Educação no R7 

Além da preferência por ações de curto prazo e visibilidade, o estudo menciona cinco principais obstáculos para o êxito da formação continuada.

Também pesam a carência de incentivos formais, a escassez de tempo, lacunas e baixa aplicabilidade do conteúdo das ações oferecidas, falta de alinhamento das ações com o plano de carreira do magistério e alta rotatividade do corpo docente.

Com a função de "tapar buracos" da formação original, é para os recém-chegados à sala de aula que as ações podem ser mais efetivas. Não só para ensinar melhores práticas, como manter o interesse no ensino. Segundo Daniela, as redes que trabalharam com ingressantes, em residências e tutorias tiveram impactos significativos.

Experiências

Um dos bons exemplos citados no estudo foi o da rede estadual de Goiás, que em 2011 implementou um programa de tutoria de coordenadores pedagógicos.

Com o sucesso da ação, estenderam a proposta para professores de matemática e língua portuguesa do ensino fundamental 2 (6.º ao 9.º ano) e médio, com apoio diário de professores mais experientes. A atividade melhorou os índices de aprendizagem dos alunos entre 2011 e 2013.

— Vale a pena tirar da sala de aula esse ótimo professor. Ele vai acompanhar dez, 15 professores e influenciar mais alunos. Ele é a referência e tem legitimidade para influenciar os pares, explica Ralph Gomes Alves, da Superintendência de Inteligência Pedagógica e Formação da rede goiana.

A professora Núbia Oliveira, tutora diária de matemática, está em treinamento para a função desde 2011 e acompanha professores de seis escolas de Goiás.

No início, ela encontrou receio dos professores para atividades, como a observação de aulas. Mas hoje, com o amadurecimento do projeto, há professores de outras disciplinas ou etapas do ensino que a procuram por ajuda.

— Um dos primeiros pontos de dificuldade é que o professor não sabe planejar, aponta Núbia, que dá aulas há 18 anos.

— Ele foi preparado para uma sala homogênea, mas na execução encontra salas lotadas, alunos com muitas dificuldades.

No caso dos docentes antigos, o desafio é maior: "É difícil mudar uma mentalidade errada mantida por anos." Entre as atividades desenvolvidas na formação, estão a escuta ativa, em que se ouve demandas de professores para cada tipo de sala de aula, e o acompanhamento in loco.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.