Qualificação de professores exclui temas ligados à sala de aula
Cursos sobre reuniões pedagógicas são os mais frequentados pelos docentes, diz pesquisa
Educação|Do R7
Uma pesquisa realizada com cerca de 3.000 professores e gestores escolares brasileiros mostra que mais de 70% desses profissionais fazem formação continuada, mas estas atividades abordam questões desvinculadas das atividades em sala de aula.
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O estudo foi feito pelo pelo Instituto Airton Senna em parceria com o BCG (The Boston Consulting Group), e contou com a participação de especialistas em educação dos Estados Unidos, México, Chile, Brasil, Finlândia, Portugal, China e Austrália.
A pesquisa aponta que, no Brasil, docentes que buscam aperfeiçoamento se deparam mais com cursos que abordam temas como o acesso a material didático, reuniões pedagógicas e participação em eventos educacionais.
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Baixo impacto
Frente a este cenário, observa-se que o enfoque em práticas conjuntas e mais distantes do cotidiano escolar resulta em iniciativas de baixa impacto na melhoria do ensino.
Poucas são as atividades práticas nos cursos complementares de formação de professores. Além disso, falta a abordagem de temas relativos à organização da carreira docente, como a mentoria, que consiste na proporção de momentos reflexivos sobre o processo de auto-avaliação das competências profissionais e na orientação do trabalho do professor como um todo.
Dentre entrevistados para a pesquisa, menos de 2% relataram receber esse tipo de formação, que se mostra como uma das mais eficazes nas redes que são referência em formação de docentes.
Pensando na realidade brasileira, Bernardete Gatti, uma das idealizadoras da pesquisa “Professores no Brasil: impasses e desafios”, publicada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2009, avalia que é preciso uma mudança estrutural no oferecimento de formação continuada aos professores do País.
— Dado o contingente de profissionais que estão sendo formados nas instituições privadas, seria interessante uma política específica de avaliação, diferente do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), afirma.
De acordo com o relatório, a carência em incentivos formais para a formação continuada de professores e a baixa aplicabilidade do conteúdo dos cursos nas salas de aula são desafios que precisam ser vencidos no caminho da melhoria do ensino.