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Educação

Sem prever remoção de terras contaminadas na USP Leste, Cesteb recomenda liberação do campus 

Comunidade tem medo de que cobertura do solo com grama não contenha poeira poluída

Educação|Mariana Queen Nwabasili, do R7

Terra contaminada na Each está localizada em uma região central do campus, próximo às áreas de alimentação
Terra contaminada na Each está localizada em uma região central do campus, próximo às áreas de alimentação

Em carta encaminhada à diretoria da Each (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), mais conhecida como USP Leste, no início da última semana, o gerente do departamento de áreas contaminadas da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo), Elton Gloeden recomenda a reabertura do campus, interditado desde o início do ano.

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Para Gloeden, a instalação de equipamentos para a remoção de gases do subsolo, a colocação de grama sobre a terra contamina e a instalação tapumes em parte do campus são medidas que garantem a volta do funcionamento da Each em suas instalações.


— Os gases presentes no subsolo, notadamente o metano, não impõem um risco iminente à segurança dos usuários do campus da USP Leste. O risco pode ser classificado como potencial, escreve o gerente com base no último parecer técnico da Cetesb.

Grama 


Apesar das considerações atuais, em reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das áreas contaminadas realizada na Câmara dos Vereadores de São Paulo, no dia 27 de maio, Gloeden afirmou que “grama somente” não garante o encapsulamento da contaminação presente no solo. 

— Isso foi feito em caráter emergencial. O que a Cestesb considera como uma proposta razoável seria a realização de uma cobertura melhor, com um solo limpo, com algum tipo de material que conseguisse isolar esse material, além demarca-lo para que não se tenha contato nenhum com esse material, disse Gloeden.


Na ocasião, Gloeden também mencionou que a USP deveria apresentar um projeto executivo de intervenção e confinamento das terras. Porém, nos despachos da Cetesb apresentados até o momento, o projeto não consta. À época, o gerente também falou que a retirada das terras contaminadas do campus teria um custo inviável.

— Há uma contradição aí. Temos uma avaliação de que a conclusão que eles [da Cetesb] chegam não está certa. Se, em maio, ele [Gloeden] disse que grama não isola a contaminação, porque indicou a liberação do campus então? — questiona Adriana Tufaile, professora de ciências da natureza e gestão ambiental e integrante da diretoria da Adusp (Associação dos Docentes da USP),

Segundo a docente, a terra contaminada na Each está localizada em uma região central do campus, próximo às áreas de alimentação.

— Uma cobertura feita só com grama não contém a poeira da terra contaminada. É possível que voltemos ao campus e sejamos contaminados por essa poeira.

Procurada pelo R7, Maria Cristina Toledo, diretora da Each, não quis comentar o assunto.

— Quando voltarmos à normalidade, que não sei quando isso irá acontecer, poderemos conversar com mais tranquilidade — disse. 

Por meio de assessoria de imprensa, a direção comunica que o parecer da Cetesb foi visto com bons olhos, pois indica uma ação que viabilizaria o retorno das aulas na Each. Porém, adverte que o que realmente vai liberar o campus é uma decisão judicial e que, nesse sentido, aguarda decisão do Ministério Público sobre o tema. 

Crise ambiental

Em 2011, a Each recebeu um depósito ilegal de 100 mil metros cúbicos de terra contaminada. Em meados de 2013, a Cetesb encaminhou à instituição um auto de infração questionando contaminação da área. A interdição da USP Leste foi efetuada por meio de decisão da Justiça proposta pelo Ministério Público Estadual no final daquele ano. 

A ação fez com que o campus fosse fechado no começo de 2014, fazendo com que, durante todo o último semestre, os mais de 4.500 alunos da instituição fossem obrigados a assistir aulas em prédios e salas improvisadas para recebê-los.

As aulas ocorreram em unidades da USP na região oeste de São Paulo e em universidades particulares localizadas na zona leste. Os contratos de aluguel que garantiram as aulas nos prédios privados vecem em nove dias. Até o momento, a reitoria não apresentou um plano para o retorno das aulas no próximo semestre. 

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