USP usa poupança para pagar contas, diz reitor
Para Zago, a situação é insustentável e pode levar a universidade à inadimplência
Educação|Do R7
Em comunicado gravado em vídeo na última semana e divulgada à comunidade acadêmica nesta segunda-feira (21), o reitor da USP (Universidade de São Paulo) Marco Antonio Zago diz que, por conta do comprometimento de 105% do orçamento com o pagamento de salários, a universidade está tendo que usar sua poupança para arcar com os demais gastos.
— Isto quer dizer que gastamos mais do que recebemos apenas para pagar salários e benefícios. E estamos tirando da poupança os recursos para todas as outras atividades, como limpeza, segurança, água, energia elétrica, assinaturas de revistas científicas, subsídios às refeições assistências médicas, entre outras — diz o reitor.
Para Zago, a situação é insustentável e pode levar a universidade à inadimplência e à suspensão do pagamento de salários.
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Pela primeira vez desde que a crise financeira na universidade foi anunciada, em meados do mês de abril, Zago lamentou suas consequências, como o congelamento de reajuste salarial neste ano, que levou aluno, decentes e funcionários a iniciarem uma greve no dia 27 de maio.
— Dirijo-me aos estudantes, professores e servidores da USP para deixar clara a minha decepção por não poder fazer a esperada correção salarial que pelo menos reponha a inflação do período desde o último reajuste.
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Segundo o reitor, o congelamento do reajuste salarial dos servidores neste ano “não se trata de uma decisão trivial, ou sobre a qual não tenha meditado muito”.
— O mais importante patrimônio da Universidade sãos os seus recursos humanos. E não atender a essa expectativa mínima, neste momento, tem dado oportunidade a todos os tipos de taques pessoais, apresentando o reitor como um inimigo dessa mesma comunidade. Nada mais distante da realidade— continua.
Zago reitera lembrando que o congelamento não se trata de uma decisão pessoal, mas sim das três universidades paulistas (USP, Unesp e Unicamp) em decorrência do comprometimento “excessivo” dos orçamentos das instituições com suas folhas de pagamento e outros benefícios pessoais.
Ele diz ainda que o decreto que criou a autonomia financeira das universidades paulistas recomenda um comprometimento de, no máximo, 75% do orçamento com despesas com pessoal.
Crise financeira
De janeiro a junho deste ano, a USP gastou R$ 2,27 bilhões com salários, benefícios e provisão de 13º e férias a seus servidores — 105,5% do orçamento da universidade. No entanto, os recursos repassados pelo Estado à instituição no mesmo período atingiram apenas R$ 2,15 bilhões.
Em comunicado encaminhado há comunidade acadêmica no dia 28 de abril, Zago, anunciou uma crise financeira na instituição. Na época, foi informado que, no final de 2012, o orçamento da universidade equivalia a R$ 3,23 bilhões. Porém, no final de 2013, essa reserva havia baixado para R$ 2,56 bilhões. A queda foi de 21%.
No mês de maio, a reitoria já havia comunicado que o comprometimento do orçamento com o pagamento de pessoal foi de 104,2% no primeiro quadrimestre deste ano. Na época, também foi informado que a universidade tem gastado, por mês, R$ 90 milhões acima do que recebe do governo de São Paulo.