Discurso de Levy estimula violência contra gays, diz Luciana Genro
Em debate da TV Record e do R7, candidato do PRTB disse que gays “têm problemas”
Eleições 2014|Diego Junqueira, do R7
A candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, se mostrou indignada e “perplexa” com o discurso de seu adversário Levy Fidelix (PRTB) sobre os direitos da minoria LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Durante o debate presidencial deste domingo (28) transmitido pela TV Record e pelo R7, o nanico associou a pedofilia aos homossexuais e disse que os gays “têm problemas” e precisam de “atendimento psicológico e afetivo”.
“Eu fiquei realmente perplexa com a fala do Levy. Não esperava essa radicalidade toda dele na questão da homofobia”, disse Luciana ao R7 ao final do debate.
Para a candidata do PSOL, Fidelix acaba estimulando a violência contra os gays, mesmo que “involuntariamente”.
— De fato o que a gente vê hoje é que o preconceito acaba estimulando a violência. Eu não creio que o Levy, por vontade própria, esteja estimulando a violência contra os homossexuais, transexuais, a comunidade LGBT. Mas, involuntariamente, esse discurso dele acaba estimulando algumas pessoas — essas sim verdadeiramente doentes, [que] padecem de uma homofobia doentia — a cometer atos de violência contra a comunidade LGBT. Então isso é muito grave.
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Durante o debate deste domingo, Luciana perguntou a Levy por que partidos que “defendem a família” não lutam também pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Na resposta, Levy afirmou que os gays precisam de tratamento psicológico, mas “bem longe”, e disse ainda que “aparelho excretor não reproduz”.
— Tenho 62 anos e, pelo o que eu vi na vida, dois iguais não fazem filho. Digo mais. Desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. É feio dizer isso. (...) Como é que pode um pai de família, um avô, ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto e vá acabar com essa historinha. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano, um pedófilo. Está certo!. (...) Eu, como presidente da República, não vou estimular. Se está na lei, que fique como está, mas jamais estimular a união homoafetiva.
O nanico do PRTB insinuou ainda que o crescimento dos gays pode reduzir a população brasileira (vejo o vídeo ao final).
— O Brasil tem 200 milhões de habitantes, daqui a pouquinho vai reduzir para 100 [milhões]. Vai para a Avenida Paulista, anda lá e vê. É feio o negócio. Gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los. Não tenha medo de dizer que sou pai, avô, e o mais importante, é que esses que têm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente, bem longe mesmo porque aqui não dá.
Após o debate, Levy rebateu a declaração de Luciana de que estaria estimulando a violência contra os gays.
— Não, não. Será que constatar as coisas estimula? Não. Não. Não estou estimulando violência contra ninguém.
Sem nenhum constrangimento, Levy voltou a criticar o casamento gay, afirmou que “como pai de família e avô, não posso admitir isso” e disse que está falando sobre "o que acontece".
— Cada pessoa faz o que quiser com a sua vida. [...] Mas essas pessoas devem procurar sim ajuda psicológica.
Combate à homofobia
Luciana aproveitou a discussão para criticar políticas adotadas pela presidente Dilma Rousseff (PT) de combate à homofobia.
— É por isso que é tão criminoso o fato de a presidenta Dilma ter suspendido o programa de combate à homofobia nas escolas. Nós precisamos desde criança ensinar as pessoas a respeitar o ser humano, independente da sua orientação sexual ou da sua identidade de gênero.
A candidata do PSOL se referia ao projeto “Escola Sem Homofobia”, vetado por Dilma em maio de 2011, que pretendia distribuir kits em escolas para alunos do ensino médio. Conhecido por kit anti-homofobia e também por kit gay, o programa do MEC (Ministério da Educação) caiu após pressão de grupos religiosos.