Economista da campanha de Aécio diz que metas de Marina são impossíveis de se cumprir
Para Mansueto Almeida, será impossível recompor o superávit primário já no próximo ano
Eleições 2014|Filippo Cecilio, do R7
O economista Mansueto Almeida, um dos colaboradores da equipe econômica do presidenciável Aécio Neves (PSDB), afirmou nesta quarta-feira (3) que as metas sociais do programa de governo de Marina Silva são impossíveis de ser cumpridas, já que gerariam um custo de R$ 150 bilhões nos próximos quatro anos.
Falando em uma teleconferência com diversos jornalistas, Almeida elencou entre as metas “impossíveis” a ampliação do Bolsa Família para mais 10 milhões de beneficiários, a criação do passe livre estudantil e a construção de mais quatro milhões de moradias no programa Minha Casa Minha Vida em apenas quatro anos, além de obras de mobilidade.
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Mansueto se disse assustado com o programa econômico da candidata do PSB.
— Tem metas muito ambiciosas e muito específicas e que ninguém se deu o trabalho de calcular. Para implementar essas metas que estão no programa seria necessário um aumento de carga tributária muito grande nos próximos quatro anos.
O pesquisador também avaliou ser impossível recompor o superávit primário no próximo ano e afirmou que o mercado está mais preocupado com um plano de recuperação da questão fiscal no médio e longo prazo.
Para ele, o próximo governo terá um grau de liberdade muito menor na área econômica do que teve a presidente Dilma Rousseff quando assumiu em 2011.
— Há uma pressão muito grande para o próximo governo mostrar não como vai recuperar o superávit primário no primeiro ano, porque isso será impossível, mas qual será o plano do governo recuperar esse superávit ao longo de dois, três ou quatro anos.
O economista da campanha tucana ainda ironizou as metas econômicas do programa apresentado por Marina. Segundo ele, o tripé com metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante foi apresentado por Armínio Fraga, o que torna as propostas de Marina meras cópias.
O ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso já foi anunciado por Aécio como provável ministro da Fazenda.
— Quando olho o programa de Marina, está lá: vamos fazer o que Armínio Fraga já fez. E como Armínio Fraga está na nossa equipe, fico com o original.
Autonomia do Banco Central
Almeida admitiu que há divergência entre os colaboradores da área econômica de Aécio sobre a necessidade de se criar uma lei específica para garantir a autonomia do Banco Central.
— A pressão por independência do Banco Central é maior em outras candidaturas que no governo de Aécio. Com o Armínio Fraga, o BC seria independente operacional.
O economista considerou, por fim, que o represamento de preços administrados pelo atual governo é equivocado e afirmou que essa prática "jamais será feita pelo governo do PSDB".
Segundo ele, parte dos reajustes de preços administrados já está definida por contrato e a questão dos combustíveis só será avaliada após as eleições.
— Não haverá represamento de preços no governo do PSDB e haverá uma fórmula clara de reajuste dos preços dos combustíveis. Isso será claro e deixará de ser problema na economia brasileira.