Aécio Neves (PSDB) chegou ao segundo turno das eleições presidenciais contra Dilma Rousseff (PT) com um propósito claro: mostrar o apoio popular que sempre teve em Minas Gerais, Estado que comandou por dois mandatos, para alavancar a candidatura usando o discurso da eficiência.
As urnas, entretanto, mostraram uma inversão: em Minas, Dilma Rousseff (PT) teve 415 mil votos a mais que o tucano. No início da corrida eleitoral, Aécio previa que teria 4 milhões de vantagem. Em MG, berço de Dilma e do tucano, a presidente teve 43,48% (4,8 milhões dos votos válidos), contra 39,75% (4,4 milhões) do adversário.
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De quebra, Fernando Pimentel (PT) se elegeu governador de Minas neste domingo (5), vencendo no primeiro turno Pimenta da Veiga (PSDB), candidato que Aécio escolheu para disputar o cargo: 53% a 42%. O resultado põe fim ao predomínio de 12 anos do PSDB em Minas e leva o PT pela primeira vez na história a assumir o cargo.
Novidade
Doutor em ciência política e professor da UFMG Leonardo Avritzer aponta que "a derrota de Aécio em Minas é um fato novo".
— Nos debates, ele bateu fortemente na ideia de que governou Minas muito bem e teria a aprovação do mineiro. Esta derrota mexe com a estrutura da campanha, ele vai ter que explicar.
O que aconteceu? O cientista político Malco Camargos, professor da Puc Minas, devolve a pergunta.
— Isso é o que o Aécio tem que responder. Uma das principais bandeiras é a aprovação que conquistou em Minas. Como vai explicar que quem tem mais proximidade votou assim?
O professor compara a situação à de Marina Silva (PSB) em 2010, quando perdeu no Acre.
— Isso ficou marcado e é algo que a Dilma pode usar contra ele.
Dilma na frente
Mesmo perdendo na capital, onde Aécio teve o dobro de votos, a presidente venceu o rival em cinco das sete maiores cidades mineiras: Uberlândia, Juiz de Fora, Valadares, Montes Claros e Diamantina.
Das 12 regiões mineiras, Dilma levou a melhor em oito — com destaque para vitória em quase todos os municípios do norte, Mucuri, Jequitinhonha e Rio Doce. Aécio se sobressaiu no sul, centro, Campo das Vertentes e Grande BH. Na cidade natal de Aécio, São João del Rei, o senador superou a presidente por 54% a 31%.
PT também alcança mais cadeiras em Minas
No legislativo mineiro, a situação não é diferente. O PSDB, que dominou a Assembleia durante 12 anos, perdeu cinco cadeiras nestas eleições — foi de 14 para 9. O PT caiu de 11 para 10, mas terá a maior bancada na ALMG, que comporta 77 deputados.
Na Câmara Federal, 10 cadeiras para petistas mineiros e 7 para tucanos.