PSB e REDE dão sinais de apoio a Aécio Neves no 2º turno
Coligação de Marina Silva pretende fechar acordo conjunto na reta final de campanha
Eleições 2014|Diego Junqueira, do R7
Ao ser questionada se seria capaz de votar na presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo turno, a candidata derrotada Marina Silva (PSB) abriu um sorriso discreto e respondeu baixo.
— O voto é secreto.
PSB e REDE Sustentabilidade, o grupo político da ex-senadora, guardam um segredo valioso nessa reta final de eleição: A quem apoiar no segundo turno? Dilma, Aécio Neves (PSDB) ou manter a neutralidade?
Na noite deste domingo (5), após tomar conhecimento da derrota, Marina prometeu “tomar uma posição conjunta”. Cada partido da coligação irá fazer reuniões internas e, em seguida, irão se unir para anunciar a decisão. Apesar da resistência de alguns aliados, a tendência é de apoio ao tucano no segundo turno.
O presidente do PSB de São Paulo, Márcio França, declarou que, “no que depender da gente, nossa posição será para o Aécio”. Um dos maiores defensores da aproximação com o tucanato, França foi eleito vice-governador de São Paulo na chapa do reeleito Geraldo Alckmin. Na noite de domingo, ele sequer esteve ao lado de Marina e seus correligionários, mas sim na festa tucana em São Paulo.
O candidato a vice na chapa de Marina, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), segue a mesma linha. Ele admitiu ter “muita dificuldade” em apoiar Dilma.
“Eu como gaúcho não sou um homem de levar desaforo para casa. Nem de esquecer calúnias e vilanias como foram criadas contra a nossa candidatura”, falou o deputado, em referência às críticas recebidas do PT durante a campanha.
Mas no PSB há posições como a do presidente nacional do partido, o socialista Roberto Amaral, que é ex-ministro do governo Lula e chegou a questionar, no ano passado, a decisão do ex-governador pernambucano Eduardo Campos de se afastar da base aliada a Dilma.
Apesar do histórico, Amaral disse ser uma “idiotice” apostar que seu voto seria de Dilma.
O que dizem os “marineiros”?
Dentro da REDE, no entanto, a questão não está resolvida. Célio Turino, porta-voz do grupo e responsável pela área cultural da campanha, afirmou que a “tendência é de neutralidade” no segundo turno. Ele admitiu ainda que PSB e REDE podem até não se posicionar juntos.
— Depois de tudo o que aconteceu com a não criação do partido, agora a REDE tende a seguir seu caminho.
Mas a candidata mesmo deixou algumas pistas sobre o futuro. Perguntada se manteria a mesma postura de 2010, quando optou pela neutralidade entre os candidatos do PT e do PSDB, Marina deixou a entender que, dessa vez, pode ser diferente.
“Minha postura, quando não foi feito o registro da REDE, de não me recolher numa anticandidatura pode ser uma tendência”, afirmou, referindo-se ao fato de participar dessas eleições mesmo não sendo pelo seu partido.
Ressentida com a campanha petista, Marina não quis responder se um apoio a Dilma estaria descartado, mas disse que “estatisticamente a sociedade mostra isso”.
— Não há de tergiversar com o sentimento do eleitor, 60% fez esse movimento [de não votar em Dilma] (sic).
Com capital de 22 de milhões de votos e se apresentando como a "mudança qualificada", Marina cobra um preço por seu apoio: o comprometimento com seu programa de governo.
— O que determinou o apoio a Eduardo Campos foi o compromisso com o programa. (…) Da nossa parte, o programa foi discutido. Ele é a base de qualquer diálogo nesse segundo momento.