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Eleições 2014

Voluntário de Campos em SP espera ganhar "unzinho" para ajudar campanha

Declaração irritou Marina Silva, que rechaçou qualquer pagamento: "expectativa será frustrada"

Eleições 2014|Do R7, com Estadão Conteúdo

Sevino e sua mulher, no meio dos candidatos do PSB, durante inauguração de comitê em Osasco
Sevino e sua mulher, no meio dos candidatos do PSB, durante inauguração de comitê em Osasco

O dono da "Casa de Eduardo e Marina" inaugurada nesta segunda-feira (28) pelo candidato a presidente Eduardo Campos e sua vice Marina Silva, Edvaldo Sevino, deu a entender que teria uma expectativa de retorno financeiro ao ceder o espaço de sua residência, em Osasco, na Grande São Paulo, para a campanha do PSB. Sevino fez um gesto com a mão e disse esperar "receber unzinho" ao ser questionado por que quis fazer uma "Casa de Eduardo e Marina".

Aos moldes das "Casas de Marina", em 2010, as casas são espaços que a campanha chama de "autorais", em que cidadãos comuns abrem suas residências de forma volutária e se envolvem com atividades da campanha.

A declaração foi feita durante gravação em vídeo para a própria equipe do PSB, quando Campos já havia deixado o local para outro compromisso.

Marina, ao saber do ocorrido, ficou visivelmente irritada e disse a um assessor: "Isso é muito grave".


Pouco depois, questionada por jornalistas sobre o episódio, Marina disse que a questão será apurada, mas que esse tipo de benefício é uma prática rechaçada por ela e pela Rede Sustentabilidade.

"Não trabalhamos dessa forma, nunca fizemos esse tipo de coisa e isso nem pode [ocorrer] de acordo com a lei", disse Marina.


— Se existe essa expectativa [de retorno financeiro], essa expectativa é com certeza frustrada do ponto de vista dos nossos valores éticos, do ponto de vista do conceito do que são as casas e do ponto de vista legal.

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Marina argumentou ter ficado evidente que nem ela nem a equipe de campanha estavam sabendo de qualquer possível oferta de compensação financeira a Sevino, pois foi a própria equipe de filmagem da campanha que fez a gravação.

Marina lembrou também que ela havia ficado "emocionada" quando Sevino contou a ela durante a inauguração quanto ganhava por um dia de trabalho e que havia abdicado de trabalhar hoje para participar do evento.

A candidata a vice-presidente fez ainda uma ressalva para que se considere as condições de vida de Sevino e a cultura política do Brasil.

— Infelizmente, eles estão acostumados com o padrão de campanha feito por muitos segmentos.

Amigo do dono

O amigo de Sevino, José Ângelo da Silva, conhecido como "Pernambuco", participou ativamente da inauguração, inclusive interagindo com Campos e Marina. Ele teria indicado a Sevino para abrir a casa, alegando não ter espaço em sua própria residência.

Pernambuco é hoje militante do PSB. Segundo o candidato a deputado estadual pelo PSB, do grupo da Rede de Marina Silva, Reinaldo Mota, Pernambuco foi candidato a vereador pelo PMN em 2012, quando o próprio Mota foi candidato a prefeito.

Presente ao evento, Mota negou ter mantido contato com Pernambuco e disse que ele não é contratado por sua campanha para deputado.

— Isso [pagamento para quem cede a casa] não existe, não procede, é um absurdo.

Mota afirmou ainda que há centenas de casas cadastradas na região, com interesse dos donos de fazerem uma "Casa de Eduardo e Marina" e que a de Sevino foi escolhida "por acaso". Segundo Mota, seu time foi avisado no domingo (27) da "urgência" de escolher uma casa da região para a agenda de Eduardo Campos e Marina Silva.

Incidente semelhante ocorreu em BH

O mal-estar em Osasco foi semelhante ao ocorrido em Belo Horizonte, também ontem, com outro voluntário de um comitê "Casa de Marina e Eduardo". 

"Estou contando com isso [dinheiro]. O que move a gente a trabalhar, é isso", respondeu o pedreiro Hélio Castro, responsável pelo comitê "voluntário", ao ser questionado, quando saía do serviço, se receberia ajuda financeira para fazer campanha na capital mineira. 

Ao lado da esposa Cicléia, dona de casa, Castro é o proprietário do imóvel onde foi instalada a "Casa de Eduardo e Marina" no bairro do Taquaril, na periferia da cidade.

Defensora do "engajamento político", Marina Silva propaga a ideia de que esses comitês funcionarão, ao longo da campanha, de forma voluntária e com a participação de pessoas que "compartilhem" das suas ideias e das de Campos.

"Ué, mas não dá para ficar por conta sem receber. Além do mais, isso [dinheiro] faz a gente trabalhar com mais alegria", ressaltou Castro, descartando a possibilidade de fazer campanha de graça.

O pedreiro, que tem um filho de 23 anos e uma filha de 16, disse que combinou com os dirigentes do partido que o filho Lucas "ficará por conta" da campanha, mas não quis falar de valores. Castro, inclusive, disse que Lucas fará a campanha de carro, "para facilitar".

"Mas isso tem o custo da gasolina, da alimentação. Fora que meu filho ficará à disposição", garantiu o pedreiro.

Marina Silva inaugurou o comitê, em Belo Horizonte, no último dia 22. Até agora, segundo Castro, nenhum material de campanha foi enviado para a sua casa no bairro do Taquaril, na região Leste. Ele aguarda os materiais e a ajuda financeira para iniciar o trabalho.

Porém, ninguém na sede do PSB em Minas soube informar quando os materiais vão chegar. No partido, a desinformação sobre o funcionamento da "Casa Maria e Campos" é grande. Ninguém quis falar sobre o modo de como os comitês vão funcionar, nem sobre possíveis remunerações.

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