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Antes de formarem Estado, palestinos devem abandonar terrorismo, diz embaixador israelense

Para Rafael Eldad, é preciso ter certeza de que a Palestina será um Estado pacífico

Internacional|Diego Junqueira, do R7

Soldado israelense retira criança de prédio atingido por míssil palestina em Beersheva, na terça-feira passada (20)
Soldado israelense retira criança de prédio atingido por míssil palestina em Beersheva, na terça-feira passada (20)

Os palestinos prometem apresentar no próximo dia 29 de novembro um pedido à Assembleia Geral das Nações Unidas para que a Palestina seja reconhecida como Estado-observador do órgão. Para o embaixador israelense no Brasil, Rafael Eldad, antes de pedirem o reconhecimento de seu Estado, os palestinos precisam primeiro mudar sua cultura de glorificar os terroristas.

Em entrevista ao R7, Eldad afirmou que “primeiro é preciso chegar a um acordo de paz para ter a segurança que o estado palestino que vai ser criado seja um Estado pacífico, (...) que não seja um Estado que vai buscar constantemente a destruição de Israel, que vai atuar com violência e com terrorismo”.

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Leia a seguir a entrevista completa:

R7 - Por que o governo Netanyahu não se preocupa em fazer um acordo de longo prazo com o presidente palestino Mahmoud Abbas, para uma paz duradoura, mas se limita a acordos com validade curta, como o recente cessar-fogo?


Rafael Eldad - O Hamas é um grupo terrorista, que age de uma maneira premeditada, que comete atos de terrorismo, como na quarta-feira com o ônibus [em Tel Aviv]. Um acordo é impossível porque não se faz acordo com organizações terroristas. Depois desta defensiva de Israel, de tentar proteger seus cidadãos, que estavam na mira de foguetes e morteiros por meses, semanas e anos, agora esperamos que o Hamas entenda que Israel sabe como reagir. Israel tomou uma decisão forte de proteger seus cidadãos, e espero que [o Hams] não repita mais essa agressão contra os israelenses.

Buscamos um acordo com Abu Mazen (Abbas). O primeiro-ministro israelense muitas vezes falou que está disposto a se sentar e negociar um acordo. O problema é que Abu Mazen não quer se sentar e negociar um acordo. Então o problema é a negativa de Abu Mazen e dos palestinos de se sentarem na mesa para um acordo com Israel.


R7 – Até 1988 as negociações eram travadas porque os palestinos não reconheciam o Estado de Israel. Após o reconhecimento dos palestinos, surgiram outras exigências de Israel, como o reconhecimento do país como um Estado judeu, o que os palestinos até hoje não fizeram. Se os palestinos derem esse reconhecimento, isso não pode legitimar uma situação de apartheid dentro de Israel, com mais perseguição a árabes-muçulmanos?

Eldad - O assunto não é reconhecer pelas palavras. Palavras são palavras. Tem que ter atos, coisas concretas. Porque [os palestinos] dizem que reconhecem Israel, mas estão educando suas crianças a odiar Israel, a buscar o desaparecimento de Israel, a cometer terrorismo contra Israel. Então que reconhecimento é esse? Não podem ser apenas palavras ao ar, tem que ser concreto, coisas firmes, uma decisão verdadeira dos palestinos de deixar o caminho do terrorismo e da violência, e [deixar] esta cultura de ódio, esta glorificação do terrorismo, essa cultura de ver os terroristas como mártires, heróis. Toda essa coisa tem que mudar, tem que ter uma mudança total. Israel, de outra parte, declarou muitas vezes que estamos a favor da criação de um Estado palestino. Israel quer a criação de um Estado palestino e vai reconhecê-lo. A única coisa é que, antes disso, primeiro é preciso chegar a um acordo de paz para ter a segurança de que o Estado palestino que vai ser criado seja um Estado pacífico, um Estado que vai conviver em paz e harmonia pacífica com o Estado de Israel, e que não seja um Estado que vai buscar constantemente a destruição de Israel, que vai atuar com violência e com terrorismo.

R7 – Mas essa ofensiva dos últimos dias não retarda mais esse processo de negociação? De que forma a operação Pilar Defensivo pode ajudar em um acordo de paz?

Eldad - A ação é claramente uma defensiva. Israel não quer conflito, não busca conflito, não precisamos de conflitos. Temos suficientes problemas. O que faria o Brasil se mais de 90 milhões de brasileiros estivessem debaixo de ataques constantes durante meses, anos, milhares e milhares de foguetes contra civis? O que faria o Brasil se foguetes caíssem em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Porto Alegre? O que faria o povo brasileiro? Nós estamos em uma defensiva para proteger nossos cidadãos para que não fiquem nessa situação dramática. Isso é tão simples.

R7 – Sempre que ocorre uma guerra entre palestinos e israelenses, uma das grandes polêmicas é o alto número de civis do lado árabe. O escritório da agência France Presse foi atingido em Gaza duas vezes — uma criança morreu no local. O exército israelense disse que ali havia uma célula de inteligência do Hamas. Entre preservar a vida de civis e atacar alvos do Hamas, por que a escolha é sempre atacar?

Eldad - Mas quem tem a culpa disso? Israel, que está tentando atacar alvos do Hamas, de onde eles mandam foguetes, ou o Hamas, que está escondendo [as armas] de uma maneira deliberada, entre civis, crianças e jornalistas, usando-os como escudo humano. Assim que a culpa é desse grupo terrorista criminoso que está atuando de maneira criminosa, e não de Israel, que está tentando se defender para que eles não sigam mandando foguetes contra nossos cidadãos. Vejo muito um argumento que diz: Se há mais mortes e feridos do lado palestino, então Israel tem a culpa e os palestinos têm a razão. O que quer dizer isso? Que matem mais judeus para termos alguma simpatia? É preciso que morram mais israelenses para termos simpatia? Não, não tem que ser assim. Durante semanas, anos, o Hamas está mandando mísseis contra civis israelenses. Num momento Israel perde a paciência e tem que reagir, porque essa é a responsabilidade de qualquer governo cujo povo está nessa situação. É preciso reagir para tentar deter um pouco esses ataques contra civis. Essa é a maneira. Só porque morreram mais palestinos, então os palestinos têm razão? Não. Essa não é uma maneira de ver as coisas.

R7 – Mas não é muito difícil criar uma geração sem ódio em Gaza? Se eles são ou não são usados pelo Hamas, eles ficam na linha de fogo quando ocorre uma guerra.

Eldad - Então eles têm que se revoltar contra o Hamas, e não deixar o Hamas atuar ali. Temos que lembrar uma coisa: Israel é um país muito pequeno, com uma população muito pequena. Se compararmos o número de judeus em Israel com o número de muçulmanos nos países ao redor de Israel, a relação é de um judeu israelense para 1.600 muçulmanos dos países islâmicos. Que proporção é esta? 1/1.600? Temos que ser fortes, temos que defender, temos que ter muito cuidado porque o terrorismo é cada vez mais difícil [de combater], e suas táticas, seus métodos são cada vez mais cruéis, mais duros. E o Estado de Israel, lamentavelmente, está numa situação ondem tem que atuar porque, se não, vai desaparecer, se não vai ser destruído pelos terroristas e pelos inimigos que têm nesta zona.

R7 – O cessar-fogo foi realizado com a mediação da Irmandade Muçulmana, que comanda atualmente o Egito. O senhor está otimista de que eles poderão controlar o Hamas, com quem têm laços históricos?

Eldad - De nossa parte, o cessar-fogo foi elaborado e mediado de alguma maneira pelos Estados Unidos, pela secretária de Estado Hillary Clinton, e outros ajudaram a chegar nisso, como o Egito. Espero que esta proximidade entre o regime de hoje do Egito e o Hamas possa ajudar um pouco a deter as ações terroristas do Hamas. Mas, para isso, teremos de esperar e ver. O único objetivo que buscamos é tranquilidade para nossos cidadãos, e queremos tranquilidade e paz para longo prazo, não apenas para uma semana, um mês, um ano. Esperamos que o cessar-fogo seja para muitos anos.

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