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Após “explosão” no governo Lula, Brasil deixa de criar novos postos diplomáticos

Nenhuma representação diplomática foi aprovada durante a gestão de Dilma Rousseff

Internacional|Natália Guerra, do R7

Dilma se reuniu com os parceiros dos Brics em março, na África do Sul; depois de dois anos "em branco", presidente já foi ao continente africano três vezes em 2013
Dilma se reuniu com os parceiros dos Brics em março, na África do Sul; depois de dois anos "em branco", presidente já foi ao continente africano três vezes em 2013

Após ver sua presença no mundo explodir durante os oito anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva — com a criação de 77 novos postos diplomáticos, sendo 47 deles em países que não possuíam qualquer representação oficial —, o Brasil não aprovou nenhum novo posto diplomático durante a gestão de Dilma Rousseff.

Entre 2003 e 2010, foram criados postos em diversos países, especialmente na África e na América Central, incluindo lugares como São Cristóvão e Névis, Coreia do Norte, Burkina Faso e Antígua e Barbuda.

Os 77 novos postos dão uma média de quase dez a cada ano durante o governo Lula — contra nenhum na gestão de Dilma. Os dados foram obtidos pelo R7 por meio da Lei de Acesso à Informação.

Três representações estão em processo de abertura, mas os postos foram criados ainda durante o governo anterior: St. John's (Antígua e Barbuda), Saint Georges de I'Oyapock (Guiana Francesa) e Lilongue (Maláui).


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Esse freio na abertura de novos postos diplomáticos é mais um exemplo da tímida política externa do atual governo, dizem especialistas, o que acaba esfriando o protagonismo internacional do País.

De acordo com o professor Marcus Vinícius de Freitas, coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP, essa postura tem levado a um desengajamento do Brasil em vários assuntos da pauta internacional.


— Se o Brasil quer ser um país com efetiva representatividade global, ele tem que ter uma presença em vários países do mundo. [...] O presidente Lula optou por abrir uma série de embaixadas.

Para a pesquisadora Natalia N. Fingermann, especialista em Cooperação Internacional Bilateral e Multilateral, não existe mais crescimento, mas apenas uma manutenção da política do governo Lula.

— Se você for fizer uma análise das viagens de Dilma, ela não tem exercido um papel tão central na política externa quanto Lula.

A especialista critica o “esquecimento” do continente africano, uma das prioridades do governo anterior e para onde Dilma viajou apenas em seu terceiro ano de mandato.

— Para a África ela veio três vezes, por exemplo. [...] Em muitos casos, quem vem assumindo uma posição de representação do País é o vice-presidente Michel Temer.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), no entanto, a diminuição de abertura de postos não se relaciona com a mudança de governo. “A abertura de 75 postos entre 2003 e 2011 já satisfez às necessidades de melhor representação do Brasil no exterior”, disse a assessoria do ministério ao R7.

Gastos cresceram

Natália afirma que o crescimento do Itamaraty era necessário, e minimiza o aumento de custos — de R$ 231 bilhões, em 2002, para R$ 577 bilhões, em 2012 — com o Departamento do Serviço Exterior do Itamaraty.

— O Itamaraty ficou muitos anos sem efetivar novas contratações. Estava precisando renovar esse quadro. Essa é uma das explicações para o aumento dos recursos [...]. É importante que o Brasil amplie seu leque de oportunidade, principalmente num momento em que Europa e Estados Unidos vivem um momento de crise econômica. É bom o Brasil virar um país mais globalizado.

Ela ressalta, no entanto, que é importante observar como as novas embaixadas estão sendo geridas.

— Em muitos casos, [as novas embaixadas] ainda são muito pequenas, o custo acaba não sendo muito alto. A questão é: essas embaixadas estão gerando novos negócios para o Brasil? Estão gerando novos projetos de cooperação internacional? Como elas estão sendo geridas?

A efetividade das novas embaixadas só pode ser verificada com o tempo, ressaltam os especialistas. São necessários de dois a cinco anos para observar um aumento da relação comercial entre os países. Além disso, lembra Freitas, é importante verificar se o país serve como base de apoio em algumas situações, particularmente em votações internacionais.

— Eu não sei ao certo se a eleição do Roberto Azevedo [diplomata brasileiro eleito novo diretor da Organização Mundial de Comércio — OMC] foi resultado de parte dessa estratégia, mas é fato que, na eleição, o Brasil conseguiu um apoio dos países africanos mais efetivo do que teria no passado.

Além de Azevedo, o Brasil comanda a FAO (órgão da ONU para alimentação e agricultura), chefiada por José Graziano, ex-ministro de Lula.

Para o coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP, esses cargos representam conquistas do governo e dependem da ambição do País.

— [Ampliar a representação internacional] é um investimento do governo brasileiro, na medida em que o país quer ser um participante global. Agora, se o país se retrair nesse sentido, aí vai ser uma perda de dinheiro.

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