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Após repercussão negativa, governo da Turquia intensifica campanha para tentar justificar repressão pós-golpe

Embaixador diz que tentativa de levante partiu “de uma facção secreta infiltrada”

Internacional|Do R7*

Turquia tenta rebater as acusações de que as autoridades estariam perseguindo a oposição
Turquia tenta rebater as acusações de que as autoridades estariam perseguindo a oposição

Com sua reputação visivelmente abalada por conta da repressão após a tentativa fracassada de golpe na Turquia, o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan está visivelmente intensificando sua campanha com a mídia internacional para tentar justificar as prisões em massa e rebater as acusações de que as autoridades estariam perseguindo a oposição.

Na tarde desta segunda-feira (22), o embaixador turco no Brasil, Hüseyin Diriöz, concedeu entrevista coletiva na sede do Consulado-geral do país, em São Paulo. Na presença de jornalistas dos principais veículos de comunicação brasileiros, ele reforçou a versão do governo Erdogan de que a tentativa de golpe de estado do dia 15 de julho partiu “de uma facção secreta infiltrada” ligada ao clérigo Fethullah Gülen.

— Não estamos encarando um golpe comum, mas sim uma organização terrorista infiltrada em diversos níveis da sociedade;

Apesar das mais de 60 mil prisões de militares, funcionários do Ministério da Educação, reitores de universidades e membros do Judiciário, Diriöz afirmou que a Turquia após a tentativa de golpe frustrada é “um país mais estável, mais unido”, e que “tudo está de volta ao normal”.


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— Nós tivemos um forte ataque à nossa democracia, então é normal para nós punir os responsáveis.


Após a coletiva de imprensa, o embaixador turco esteve na Record News na noite da segunda-feira para participar do programa JR News. Durante a entrevista, ele novamente tentou justificar a repressão do governo após a tentativa de golpe na Turquia (veja vídeo no final da matéria).

Na quinta-feira passada (18), Diriöz já havia visitado a sede da Folha de São Paulo, na companhia do cônsul-geral turco, Mehmet Özgün Arman.


Apostila entregue durante a coletiva de imprensa no consulado-geral contém a história de “mártires”
Apostila entregue durante a coletiva de imprensa no consulado-geral contém a história de “mártires”

Press Kit

Ao chegar no Consulado-geral, os jornalistas foram acomodados em um salão e receberam uma pequena apostila com informações sobre a tentativa de golpe militar na Turquia. Produzido pela agência de notícias oficial do governo turco, o livro continha um “minuto-a-minuto” do levante de 15 de julho, repleto de imagens da “resistência popular” nas ruas do país, além de dezenas de citações de líderes mundiais condenando o golpe.

Outra seção do livro é dedicada a mostrar a história de alguns dos 240 “mártires” que morreram no dia da tentativa de golpe. A última seção traz um explicativo do Estado de Emergência declarado por Erdogan na Turquia.

Perseguição

Mais de 130 meios de comunicação foram fechados após a tentativa frustrada de golpe militar na Turquia, e pelo menos 89 jornalistas acusados de serem simpatizantes do clérigo Gülen foram presos. Parceiro estratégico da Turquia, os Estados Unidos responderam às detenções recentes afirmando que a prisão de jornalistas era parte de uma “tendência preocupante”.

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Perguntado sobre se as prisões de jornalistas representam uma ameaça à democracia na Turquia, o embaixador alegou que “existem jornais de oposição críticos ao governo” no país, e que apenas aqueles ligados ao clérigo acusado de planejar o golpe estão sendo presos.

Economia

Antes de abrir para perguntas dos jornalistas, o co-presidente do conselho empresarial turco brasileiro, Mithat Cansiz, realizou uma apresentação na qual mostrou dados recentes da economia turca. Ele também mostrou vantagens para os interessados em investir no país, afirmando que a Turquia é “uma economia livre”.

Considerada um mercado emergente, a Turquia está sentindo as consequências do aumento dos atentados terroristas em seu território e da tentativa frustrada de golpe. A turbulência interna no país e a repressão assustaram os mercados internacionais. Recentemente, a agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou o país para abaixo do grau de investimento.

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O setor do turismo também foi afetado pelos recentes atentados e pela tentativa frustrada de golpe na Turquia. De acordo a agência Reuters, o número de estrangeiros visitando a Turquia despencou mais de 40% em junho deste ano, se comparado ao mesmo mês do ano passado.

No domingo (21), uma explosão durante um casamento matou pelo menos 50 pessoas na cidade de Gaziantep. No entanto, Cansiz alega que a maioria dos ataques recentes aconteceu na região sul do país, onde o conflito entre o governo turco e as forças curdas é mais intenso.

* Por Luis Felipe Segura

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