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A falta de água tem se tornado cada vez mais causa de sofrimento em populações, principalmente as mais carentes do planeta. Se em países ricos a situação é preocupante, nos mais pobres é desesperadora e, mais uma vez, deixa um alerta neste Dia Mundial da Água
Unesco: mundo precisará mudar consumo para garantir abastecimento de água
Reuters
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O aumento do consumo no mundo, a diminuição do volume de rios, bacias, lagos, lençóis freáticos e geleiras, além da aridez em várias regiões, como nesta imagem da Austrália em tempo de seca, são complicadores
Reuters
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Cerca de 40% da população mundial, de mais de 7 bilhões de pessoas, vive com dificuldade de acesso a este recurso que tem se tornado mais precioso até do que o petróleo
Mário Ângelo/Sigmapress
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O volume da superfície terrestre coberta por água ocupa dois terços do planeta. Estima-se que 97,5% seja de água salgada e apenas 2,5% de água doce. Mas o ciclo está comprometido por aumentos de temperatura em algumas regiões e o desequilíbrio na utilização do recurso
Reuters
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A falta de acesso à água é dramática no continente africano, que, em algumas regiões, tem cidadãos vivendo com apenas 10 litros de água por dia. A OMS (Organização Mundial de Saúde) estabelece que o consumo mínimo per capita deve ser de cem litros diários, necessários para uma pessoa saciar a sede, ter uma higiene digna e preparar os alimentos
Reuters
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Um dos motivos da diminuição da quantidade de água é a redução de importantes bacias hidrográficas. Em Israel, país que domina a tecnologia, com reúso e dessalinização, o Mar Morto está diminuindo a cada ano. Das dez bacias que se localizam em regiões mais povoadas no mundo, cinco estão diminuindo devido à falta de sustentabilidade na exploração
Reuters
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Exemplos são as bacias do rio Ganges, que começa na Índia, e o chinês Yang-tsé. O Mar de Aral, assim como o Mar Morto, também está perdendo volume. Localizado na Ásia Central, entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, tinha o quinto maior volume do mundo, mas, por causa de desvios de rios que desaguavam nele, para irrigar plantações de algodão, foi se tornando menos volumoso
Reuters
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Mas o problema também atinge países desenvolvidos. Os Estados Unidos têm sofrido uma seca em várias de suas regiões, como a Califórnia e, também por causa da diminuição de lençóis freáticos, muitos moradores têm de se virar para encontrar um pouco de água
Reuters
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Engana-se quem pensa que o consumo doméstico abusivo é o principal responsável. Na verdade, ele tem a menor parcela de culpa, já que, em média, a agricultura consome 70% dos recursos hídricos, a indústria outros 20% e o uso doméstico ocupa uma faixa de 10%
Reuters
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A falta de água na África deixa a população mais enfraquecida. E a ausência de saneamento básico potencializa a ocorrência de doenças, como diarreia
Reuters
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As soluções devem partir principalmente dos governos em ações que vão além da conscientização. O uso da tecnologia é um importante instrumento, facilitando processos de reúso e dessalinização e modernização de infraestrutura para impedir o desperdício nos encanamentos
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Há correntes também que sugerem o aumento do preço das tarifas relativas à utilização de água, para evitar o desperdício. A água também é importante na produção de alimentos e equipamentos
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Além disso, vários países estão propensos à falta de água devido ao clima seco e por isso devem investir em distribuição e infraestrutura: Israel, regiões dos Estados Unidos, países da Ásia (como Emirados Árabes), Chile (deserto de Atacama), México (capital) e Argentina (região de Mendoza), entre outras
Reuters
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A água, portanto, tem se tornado cada vez mais decisiva para o desenvolvimento de países e a sobrevivência de populações. Muitas nações acabam travando conflitos para reivindicar nascentes ou, quando os rios se originam além de suas fronteiras, impedir que um país vizinho dificulte o acesso à água
Reuters
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O conflito em Darfur, em 2003, no Sudão, deixou 200 mil mortos e 2,5 milhões de refugiados que se espalharam pela região assolada pela seca do deserto do Saara. A falta de água gerou uma crise humanitária sem proporções
Reuters
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As nascentes dos rios Tigre e Eufrates ficam na Turquia. E chegam ao Iraque e à Síria. Em 2009 o Iraque acusou os dois países de, após uma seca, utilizarem água em excesso. Situações semelhantes acontecem entre Etiópia, Egito e Sudão, em relação ao Rio Nilo e entre Namíbia, Angola e Botswana em relação ao Rio Okavango
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Brasil e Paraguai travaram a sangrenta Guerra do Paraguai, a partir de 1864, com duração de cinco anos, cujo início ocorreu por causa da disputa pelo Rio Corumbá. A Argentina entrou na guerra. Também por serem geradora de energia, bacias hidrográficas exigem entendimento nas fronteiras, como no caso da Usina de Itaipu, entre Brasil e Paraguai
Reuters
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Em todo o mundo, são cerca de 20 os conflitos por água, que, se solucionados, podem gerar cooperação e desenvolvimento: Estados Unidos e México; Canadá e Estados Unidos; Peru e Equador; Brasil, Paraguai e Argentina; Portugal e Espanha; Eslováquia e Hungria; Argélia e Marrocos; Senegal, Mauritânia e Mali; Líbia, Sudão e Chade, intensificado com o conflito de Darfur
Divulgação/Agência Brasília
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No Oriente Médio, Israel disputa água com a Palestina e a Jordânia; Sudão também tem problemas com Etiópia e Uganda; Zâmbia e Zimbábue discutem por causa do rio Zambezi
Reuters
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Outros conflitos são: Irã e Iraque; Turquia, Síria e Iraque; Cazaquistão, Uzbequistão e Quirguistão; Índia e Paquistão; Bangladesh e Índia; China, Laos e Vietnã; Camboja e Tailândia
AP