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Vento, sol e nuvens: confira as loucuras que os países fazem para encontrar um pouco de água

Problema é uma questão mundial e depende de boa gestão de recursos hídricos

Internacional|Do R7

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Nem sempre o país com maiores recursos hídricos está livre da escassez de água. Problemas de gestão levam uma nação a desperdiçar suas reservas. O Brasil é uma delas. Tem 16% da água doce do mundo, mas algumas de suas maiores cidades beiram o estado de emergência e se aproximam de um constrangedor racionamento Texto: Eugenio Goussinsky, do R7 Governo de São Paulo adia racionamento de água
Outros países, com menos quantidade de água do que o Brasil, se desdobraram para superar a situação, com tecnologia e uso consciente deste item que tem se tornado cada vez mais precioso. Mas não basta a tecnologia. Sem criatividade, as torneiras secariam. Confira algumas soluções que se tornaram referência 
Holanda - Famosos pela relação especial com a água, os holandeses sempre encontraram soluções para lidar com o tema, muito em função da característica geográfica da Holanda, já que boa parte do território fica abaixo do nível do mar e houve a necessidade da construção de diques
E aprendendo a lidar com as enchentes eles desenvolveram técnicas para evitar o desperdício. O arquiteto Gabriel Kogan, mestre em gerenciamento hídrico no Institute for Water Edication (IHE), na Holanda, conta que o país tem um sistema muito evoluído de combate ao desperdício
Segundo Kogan há um trabalho constante feito por equipes treinadas que percorrem toda a rede, com equipamentos ultrassônicos que detectam vazamentos
Com isso, apesar de tecnicamente o índice mínimo ser de 5%, pode-se dizer, na prática, que a Holanda obteve um invejável índice de 0% de vazamento
— Esta cultura de planejamento e manutenção de toda a rede pode ser inicialmente cara, mas compensa muito em médio e longo prazos, na economia do tratamento de água
Volume dos aquíferos - Mas não é só na superfície que os recursos hídricos são importantes. O hidrogeólogo Ricardo Hirata, professor do Instituto de Geociências da USP e consultor da Unesco, aponta como uma solução importante o equilíbrio entre a utilização da água dos rios, quando ela é mais visível, com a que forma os aquíferos subterrâneos
— A água nos aquíferos, em termos de volume, é proporcionalmente muito maior. No planeta representa 97% de toda a agua doce e liquida, já os rios representam menos de 1% Uma opção criada pelo holandês holandês Piet Oosterling foi a turbina eólica (movida a vento) que produz água. E foi adotada em países secos mas com recursos financeiros, como o Kuwait
Cingapura - O arquiteto Gabriel Kogan também cita a cidade-Estado de Singapura, localizada no Sudeste asiático, como um exemplo de gerenciamento hídrico. Justamente em um local com alto consumo, composto por cerca de 5 milhões de habitantes e com características de forte urbanização
— Em Cingapura, 100% da água é reaproveitada. E no tratamento, a água que se perdeu é completada com água de usinas dessalinizadoras
Kogan conta que, por se tratar de um local em que a água não é abundante, qualquer vazamento é ainda mais prejudicial. Desta forma, há até sensores de vazamento dentro dos canos.— Lá o ciclo da água é completo. Todo esgoto é coletado, tratado e reinserido na rede de abastecimento. Este é o futuro das cidades
Espanha - Baseado nesta diferença que ele vê o desequilíbrio na utilização da água em vários países, o que facilita a sua escassez
— Em algumas regiões o excesso do uso de águas superficiais poderia ser compensado pelas águas subterrâneas. Embora se deva deixar claro que nao é outra água, mas a mesma que ocorre de outra forma. Uma superexplotação (retirada excessiva) de aquifero, poderia secar um rio, por exemplo
— Durante as chuvas, que não são muitas, eles usam as fontes superficiais. O excesso é tratado e injetado nos aquiferos. Ja durante a estiagem, são utilizadas as águas subterrâneas. Estas serão recarregadas pelo excesso durante o periodo úmido
Como exemplo bem-sucedido ele cita o caso de Madri, na Espanha, que se situa em uma região de baixo índice de chuvas na Península Ibérica. Hirata conta que lá são utilizados os dois métodos
Estados Unidos - Em Orange County, Califórnia,  o reúso também foi uma solução para os cerca de 2,7 millhões de habitantes da região, onde se localiza o parque Disneylândia. A irrigação de plantações de laranja esvaziou parte do aquífero da região, nos anos 60, permitindo a infiltração de sal do Oceano Pacífico, que ameaçou de contaminar a fonte do lençol, o que impediria a utilização da água
Foi construída então a Fábrica de Água 21, uma usina de reúso, que purifica o esgoto e o injeta de volta ao solo. A água contaminada pelo sal era despoluída e reinserida no lençol, para ser utilizada novamente pelos consumidores. São reutilizados 266 milhões de litros por dia
Também em San Diego, iniciativa similar foi adotada. Metade do fluxo que vai para o bairro costeiro de Point Loma, neste momento de pouca chuva, é desviado, tratado e reutilizado. O investimento foi de US$ 3,5 bilhões e, em um prazo de 20 anos, o objetivo é estar reutilizando 315 milhões de litros por dia
O diretor de serviços públicos da cidade, Halla Razak, comemorou a iniciativa, para o canal NBC
— O impacto ao meio ambiente é definitivamente positivo. Quando você olha para as águas residuais e os custos, esta é a solução certa para San Diego. Não é só mais econômico, mas fornece uma fonte local que é sustentável e à prova de seca
A solução que, segundo os especialistas, é a mais indicada para São Paulo já foi adotada por outra metrópole, New York, em 1990: a proteção dos mananciais
Um amplo programa foi colocado em prática para evitar a poluição das nascentes. Neste caso, é uma etapa que antecipa a necessidade de tratamento e de outras alternativas
Com a água preservada, diminui a necessidade de amplo processo de purificação e, apesar de o reuso ainda ser adequado para estes casos, ele é feito de uma maniera mais barata
O governo chegou a adquirir terras que contivessem nascentes, com o objetivo de manter o volume dos lençóis freáticos. Também deu assistência financeira a pequenos agricultores da região, para que eles tivessem condições de evitar a devastação. Deu certo
Foi realizada também uma campanha pela redução do consumo que culminou com uma diminuição de consumo de 775 litros por dia, em 1991, para 478 litros por dia, per capita, em 2009
China - Com 21% da população mundial, a China é um dos países que mais têm preocupações em relação à água. Mesmo com o maior rio da Ásia, o Yangtzé, a China tem somente 6% da água potável do planeta
O geólogo Carlos Giampa, diretor da ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas), afirma que o país não está conseguindo suprir o consumo com a reposição da água.
— Trata-se de uma densidade populacional altíssima. Em razão do aumento da população e da expansão da indúistra, o Rio Yangtzé até secou em uma de suas partes, porque tiraram toda a água de lá. A China está com problemas terríveis neste sentido
Pequim e cerca de outras 400 cidades estão em defasagem, consumindo mais água do que o disponível. Os reservatórios estão diminuindo e ainda não foram implementadas técnicas modernas de reúso. Outros rios têm o mesmo problema de seca verificado no Yangtzé
A companhia de água de Pequim está fazendo uma transposição de rios, para redirecionar a água para a cidade, em um projeto bilionário, com a construção de mais de 2,5 mil km de canais
Citando também o rio Ganges, na India, que tem problemas semelhantes e teve uma parte represada, Giampa diz que situações como esta podem não ser a solução. — Em geral transposição de rio é paliativa, não resolve. Quem está mais longe do rio não se beneficia
Austrália - Outro país que busca resolver seus problemas, conforme afirmou Giampa, é a Austrália. —É uma ilha continental, com bons aquíferos, culturas intensas como pecuária e agricultura e intensidade de uso dos recursos hídricos. É um país que se caracteriza por grandes zonas com pouca água
Por isso, a cidade de Perth, considerada a mais seca entre as grandes aglomerações urbanas da Austrália, construiu a partir de 2006 duas estações de dessalinização, que retiram a água do Oceana Indico e a tornam potável
Uma campanha de prevenção também obteve êxito: o consumo de água foi reduzido em 8% em relação a 2003, enquanto a população aumentou em cerca de 30%
Assim como nos Estados Unidos, a cidade também utiliza um processo de reutilização da água, injetando novamente a água no aquífero de Gnangara. Cerca de 13,5% da água utilizada no país é de reuso
México - Na capital mexicana, a Cidade do México, problemas similares aos de São Paulo estão ameaçando a disponibilidade de água. Partes da cidade já foram palcos de racionamento em 2009
Assim como se faz com petróleo, as autoridades estão realizando a perfuração de locais em que se suspeita existirem aquíferos
Mas, até o momento, se trata apenas de uma aposta e a população teme, em 2030, ficar sem água, já que, neste ritmo de consumo, os recursos estão ameaçados
A poluição no país já causou danos ao aquífero de Yucatã, na costa litorânea mexicana
Pedestres caminham perto de mural com candidatos a eleição no Japão em Tóquio, capital do país. Os eleitores da capital vão ás urnas neste domingo (9) para escolher o governador
Também há cerca de 10 anos, foi implantada lei que obriga os edifícios com mais de 10 mil m2 a adotarem práticas de reuso, a partir de equipamentos específicos
O maior atentado da história do Japão aconteceu há 17 anos, em março de 1995, quando integrantes da Aum — seita religiosa radiacal — colocaram bolsas perfuradas de sarin — gás extremamente tóxico — nos vagões de cinco trens do metrô, na capital Tóquio. O gás se espalhou, matando 13 pessoas por asfixia e intoxicando outras 5.500, que até hoje sofrem com as sequelas do ataque
O porto de yokohama
Chile - Trata-se de mais um país que tem de encarar permanentemente a ameaça de falta de água. Boa parte do território tem um clima árido, com o deserto do Atacama sendo um dos principais cenários da paisagem chilena
Um lugarejo no interior, denominado Chugungo, com 700 habitantes, implantou um sistema que capta água das nuvens de uma montanha próxima. Especialistas colocaram uma rede de proteção ao redor da elevação, para segurar a névoa e possibilitar que ela seja coletada, formando gotículoas que são canalizadas, via tubulação, para uma caixa d'água
Também no Chile, na cidade de Antofogasta, são implantadas técnicas de irrigação que hoje em dia são utilizadas em outras partes do mundo com sucesso
Uma delas é a hidroponia, método de cultivo de plantas sem solo, com as raízes recebendo uma quantidade menor de água, misturada a nutrientes. Desta maneira há uma economia de até 70% de água em comparação com a agricultura tradicional
Já o gotejamento é uma outra maneira bastante utilizada no momento. O Chile tem incorporado esta tecnologia, que economiza até 50% de água
O método consiste em gotejar água nas plantas, de maneira precisa e adequada, por meio de tudos de distribuição ligados a gotejadores
Já a capital Santiago preocupa por causa do derretimento das cabeceiras dos Andes, fonte primária de abastecimento de água. Entidades como a organização ambiental The Nature Conservancy (TNC) tentam manter a bacia local com um nível adequado de água, conforme afirmou o especialista em segurança hídrica, do TNC, Fernando Veiga
— Um dos desafios no Chile é manter a capacidade de retenção das águas do degelo, dando condições para que o próprio ecossistema contribua para que essas águas não se percam
África - O continente que vive em permanente alerta. A falta de recursos de muitos países, aliada a condições climáticas desfavoráveis, fazem da escassez de água um problema constante. O consumo per capita fica entre 10 litros e 20 litros por dia, bem abaixo do ideal da ONU, que é 110 litros por dia. Há aquíferos subterrâneos em algumas regiões
Na Libia, por exemplo, foi perfurado um poço de água, mas sua duração é limitada. A The Nature Conservancy (TNC) também atua na região, buscando parcerias para implementar fundos de água e olhando a proteção das bacias que abastecem a cidade de Nairobi, capital do Quênia, por exemplo 
Fernando Veiga, conta que a maioria das soluções não são necessárias no Brasil, pelas características do Brasil, um país que tem muito mais água do que a média mundial. Ele afirma que o reúso é, entre os recursos, o mais indicado. Fora isso, segundo ele, não faz sentido buscar soluções muito inovadoras sem que a lição de casa seja feita. Na foto, o Aquífero Guarani, no sul brasileiro
— Tomando cuidados na questão de proteção e preservação o Brasil tem condições de reverter esta crise, tem uma situação privilegiada no que diz respeito à quantidade de água
Israel - Dois motivos levaram Israel, desde sua fundação, em 1948, a investir em tecnologia: um deles foi a necessidade de o país, pequeno e com apenas 20% do território arável, obter recursos como referência em uma área. A outra foi a própria urgência da população em ter um acesso pleno à água, em um país cheio de regiões desérticas
Desta maneira, o país investe 5% do PIB em tecnologia. O Brasil investe cerca de 1,5%. Israel se tornou pioneira em biotecnologia agrícola, implantando métodos de dessalinização, reutilizando quase 80% da água e utilizando uma rede de distribuição que traz água do Norte para o Sul
O último advento foi a introdução de um purificador de água movido a energia solar, que economiza tanto na área hidrelétrica quanto os recursos hídricos

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Nem sempre o país com maiores recursos hídricos está livre da escassez de água. Problemas de gestão levam uma nação a desperdiçar suas reservas. O Brasil é uma delas. Tem 16% da água doce do mundo, mas algumas de suas maiores cidades beiram o estado de emergência e se aproximam de um constrangedor racionamento Texto: Eugenio Goussinsky, do R7 Governo de São Paulo adia racionamento de água
Outros países, com menos quantidade de água do que o Brasil, se desdobraram para superar a situação, com tecnologia e uso consciente deste item que tem se tornado cada vez mais precioso. Mas não basta a tecnologia. Sem criatividade, as torneiras secariam. Confira algumas soluções que se tornaram referência 
Holanda - Famosos pela relação especial com a água, os holandeses sempre encontraram soluções para lidar com o tema, muito em função da característica geográfica da Holanda, já que boa parte do território fica abaixo do nível do mar e houve a necessidade da construção de diques
E aprendendo a lidar com as enchentes eles desenvolveram técnicas para evitar o desperdício. O arquiteto Gabriel Kogan, mestre em gerenciamento hídrico no Institute for Water Edication (IHE), na Holanda, conta que o país tem um sistema muito evoluído de combate ao desperdício
Segundo Kogan há um trabalho constante feito por equipes treinadas que percorrem toda a rede, com equipamentos ultrassônicos que detectam vazamentos
Com isso, apesar de tecnicamente o índice mínimo ser de 5%, pode-se dizer, na prática, que a Holanda obteve um invejável índice de 0% de vazamento
— Esta cultura de planejamento e manutenção de toda a rede pode ser inicialmente cara, mas compensa muito em médio e longo prazos, na economia do tratamento de água
Volume dos aquíferos - Mas não é só na superfície que os recursos hídricos são importantes. O hidrogeólogo Ricardo Hirata, professor do Instituto de Geociências da USP e consultor da Unesco, aponta como uma solução importante o equilíbrio entre a utilização da água dos rios, quando ela é mais visível, com a que forma os aquíferos subterrâneos
— A água nos aquíferos, em termos de volume, é proporcionalmente muito maior. No planeta representa 97% de toda a agua doce e liquida, já os rios representam menos de 1% Uma opção criada pelo holandês holandês Piet Oosterling foi a turbina eólica (movida a vento) que produz água. E foi adotada em países secos mas com recursos financeiros, como o Kuwait
Cingapura - O arquiteto Gabriel Kogan também cita a cidade-Estado de Singapura, localizada no Sudeste asiático, como um exemplo de gerenciamento hídrico. Justamente em um local com alto consumo, composto por cerca de 5 milhões de habitantes e com características de forte urbanização
— Em Cingapura, 100% da água é reaproveitada. E no tratamento, a água que se perdeu é completada com água de usinas dessalinizadoras
Kogan conta que, por se tratar de um local em que a água não é abundante, qualquer vazamento é ainda mais prejudicial. Desta forma, há até sensores de vazamento dentro dos canos.— Lá o ciclo da água é completo. Todo esgoto é coletado, tratado e reinserido na rede de abastecimento. Este é o futuro das cidades
Espanha - Baseado nesta diferença que ele vê o desequilíbrio na utilização da água em vários países, o que facilita a sua escassez
— Em algumas regiões o excesso do uso de águas superficiais poderia ser compensado pelas águas subterrâneas. Embora se deva deixar claro que nao é outra água, mas a mesma que ocorre de outra forma. Uma superexplotação (retirada excessiva) de aquifero, poderia secar um rio, por exemplo
— Durante as chuvas, que não são muitas, eles usam as fontes superficiais. O excesso é tratado e injetado nos aquiferos. Ja durante a estiagem, são utilizadas as águas subterrâneas. Estas serão recarregadas pelo excesso durante o periodo úmido
Como exemplo bem-sucedido ele cita o caso de Madri, na Espanha, que se situa em uma região de baixo índice de chuvas na Península Ibérica. Hirata conta que lá são utilizados os dois métodos
Estados Unidos - Em Orange County, Califórnia,  o reúso também foi uma solução para os cerca de 2,7 millhões de habitantes da região, onde se localiza o parque Disneylândia. A irrigação de plantações de laranja esvaziou parte do aquífero da região, nos anos 60, permitindo a infiltração de sal do Oceano Pacífico, que ameaçou de contaminar a fonte do lençol, o que impediria a utilização da água
Foi construída então a Fábrica de Água 21, uma usina de reúso, que purifica o esgoto e o injeta de volta ao solo. A água contaminada pelo sal era despoluída e reinserida no lençol, para ser utilizada novamente pelos consumidores. São reutilizados 266 milhões de litros por dia
Também em San Diego, iniciativa similar foi adotada. Metade do fluxo que vai para o bairro costeiro de Point Loma, neste momento de pouca chuva, é desviado, tratado e reutilizado. O investimento foi de US$ 3,5 bilhões e, em um prazo de 20 anos, o objetivo é estar reutilizando 315 milhões de litros por dia
O diretor de serviços públicos da cidade, Halla Razak, comemorou a iniciativa, para o canal NBC
— O impacto ao meio ambiente é definitivamente positivo. Quando você olha para as águas residuais e os custos, esta é a solução certa para San Diego. Não é só mais econômico, mas fornece uma fonte local que é sustentável e à prova de seca
A solução que, segundo os especialistas, é a mais indicada para São Paulo já foi adotada por outra metrópole, New York, em 1990: a proteção dos mananciais
Um amplo programa foi colocado em prática para evitar a poluição das nascentes. Neste caso, é uma etapa que antecipa a necessidade de tratamento e de outras alternativas
Com a água preservada, diminui a necessidade de amplo processo de purificação e, apesar de o reuso ainda ser adequado para estes casos, ele é feito de uma maniera mais barata
O governo chegou a adquirir terras que contivessem nascentes, com o objetivo de manter o volume dos lençóis freáticos. Também deu assistência financeira a pequenos agricultores da região, para que eles tivessem condições de evitar a devastação. Deu certo
Foi realizada também uma campanha pela redução do consumo que culminou com uma diminuição de consumo de 775 litros por dia, em 1991, para 478 litros por dia, per capita, em 2009
China - Com 21% da população mundial, a China é um dos países que mais têm preocupações em relação à água. Mesmo com o maior rio da Ásia, o Yangtzé, a China tem somente 6% da água potável do planeta
O geólogo Carlos Giampa, diretor da ABAS (Associação Brasileira de Águas Subterrâneas), afirma que o país não está conseguindo suprir o consumo com a reposição da água.
— Trata-se de uma densidade populacional altíssima. Em razão do aumento da população e da expansão da indúistra, o Rio Yangtzé até secou em uma de suas partes, porque tiraram toda a água de lá. A China está com problemas terríveis neste sentido
Pequim e cerca de outras 400 cidades estão em defasagem, consumindo mais água do que o disponível. Os reservatórios estão diminuindo e ainda não foram implementadas técnicas modernas de reúso. Outros rios têm o mesmo problema de seca verificado no Yangtzé
A companhia de água de Pequim está fazendo uma transposição de rios, para redirecionar a água para a cidade, em um projeto bilionário, com a construção de mais de 2,5 mil km de canais
Citando também o rio Ganges, na India, que tem problemas semelhantes e teve uma parte represada, Giampa diz que situações como esta podem não ser a solução. — Em geral transposição de rio é paliativa, não resolve. Quem está mais longe do rio não se beneficia
Austrália - Outro país que busca resolver seus problemas, conforme afirmou Giampa, é a Austrália. —É uma ilha continental, com bons aquíferos, culturas intensas como pecuária e agricultura e intensidade de uso dos recursos hídricos. É um país que se caracteriza por grandes zonas com pouca água
Por isso, a cidade de Perth, considerada a mais seca entre as grandes aglomerações urbanas da Austrália, construiu a partir de 2006 duas estações de dessalinização, que retiram a água do Oceana Indico e a tornam potável
Uma campanha de prevenção também obteve êxito: o consumo de água foi reduzido em 8% em relação a 2003, enquanto a população aumentou em cerca de 30%
Assim como nos Estados Unidos, a cidade também utiliza um processo de reutilização da água, injetando novamente a água no aquífero de Gnangara. Cerca de 13,5% da água utilizada no país é de reuso
México - Na capital mexicana, a Cidade do México, problemas similares aos de São Paulo estão ameaçando a disponibilidade de água. Partes da cidade já foram palcos de racionamento em 2009
Assim como se faz com petróleo, as autoridades estão realizando a perfuração de locais em que se suspeita existirem aquíferos
Mas, até o momento, se trata apenas de uma aposta e a população teme, em 2030, ficar sem água, já que, neste ritmo de consumo, os recursos estão ameaçados
A poluição no país já causou danos ao aquífero de Yucatã, na costa litorânea mexicana
Pedestres caminham perto de mural com candidatos a eleição no Japão em Tóquio, capital do país. Os eleitores da capital vão ás urnas neste domingo (9) para escolher o governador
Também há cerca de 10 anos, foi implantada lei que obriga os edifícios com mais de 10 mil m2 a adotarem práticas de reuso, a partir de equipamentos específicos
O maior atentado da história do Japão aconteceu há 17 anos, em março de 1995, quando integrantes da Aum — seita religiosa radiacal — colocaram bolsas perfuradas de sarin — gás extremamente tóxico — nos vagões de cinco trens do metrô, na capital Tóquio. O gás se espalhou, matando 13 pessoas por asfixia e intoxicando outras 5.500, que até hoje sofrem com as sequelas do ataque
O porto de yokohama
Chile - Trata-se de mais um país que tem de encarar permanentemente a ameaça de falta de água. Boa parte do território tem um clima árido, com o deserto do Atacama sendo um dos principais cenários da paisagem chilena
Um lugarejo no interior, denominado Chugungo, com 700 habitantes, implantou um sistema que capta água das nuvens de uma montanha próxima. Especialistas colocaram uma rede de proteção ao redor da elevação, para segurar a névoa e possibilitar que ela seja coletada, formando gotículoas que são canalizadas, via tubulação, para uma caixa d'água
Também no Chile, na cidade de Antofogasta, são implantadas técnicas de irrigação que hoje em dia são utilizadas em outras partes do mundo com sucesso
Uma delas é a hidroponia, método de cultivo de plantas sem solo, com as raízes recebendo uma quantidade menor de água, misturada a nutrientes. Desta maneira há uma economia de até 70% de água em comparação com a agricultura tradicional
Já o gotejamento é uma outra maneira bastante utilizada no momento. O Chile tem incorporado esta tecnologia, que economiza até 50% de água
O método consiste em gotejar água nas plantas, de maneira precisa e adequada, por meio de tudos de distribuição ligados a gotejadores
Já a capital Santiago preocupa por causa do derretimento das cabeceiras dos Andes, fonte primária de abastecimento de água. Entidades como a organização ambiental The Nature Conservancy (TNC) tentam manter a bacia local com um nível adequado de água, conforme afirmou o especialista em segurança hídrica, do TNC, Fernando Veiga
— Um dos desafios no Chile é manter a capacidade de retenção das águas do degelo, dando condições para que o próprio ecossistema contribua para que essas águas não se percam
África - O continente que vive em permanente alerta. A falta de recursos de muitos países, aliada a condições climáticas desfavoráveis, fazem da escassez de água um problema constante. O consumo per capita fica entre 10 litros e 20 litros por dia, bem abaixo do ideal da ONU, que é 110 litros por dia. Há aquíferos subterrâneos em algumas regiões
Na Libia, por exemplo, foi perfurado um poço de água, mas sua duração é limitada. A The Nature Conservancy (TNC) também atua na região, buscando parcerias para implementar fundos de água e olhando a proteção das bacias que abastecem a cidade de Nairobi, capital do Quênia, por exemplo 
Fernando Veiga, conta que a maioria das soluções não são necessárias no Brasil, pelas características do Brasil, um país que tem muito mais água do que a média mundial. Ele afirma que o reúso é, entre os recursos, o mais indicado. Fora isso, segundo ele, não faz sentido buscar soluções muito inovadoras sem que a lição de casa seja feita. Na foto, o Aquífero Guarani, no sul brasileiro
— Tomando cuidados na questão de proteção e preservação o Brasil tem condições de reverter esta crise, tem uma situação privilegiada no que diz respeito à quantidade de água
Israel - Dois motivos levaram Israel, desde sua fundação, em 1948, a investir em tecnologia: um deles foi a necessidade de o país, pequeno e com apenas 20% do território arável, obter recursos como referência em uma área. A outra foi a própria urgência da população em ter um acesso pleno à água, em um país cheio de regiões desérticas
Desta maneira, o país investe 5% do PIB em tecnologia. O Brasil investe cerca de 1,5%. Israel se tornou pioneira em biotecnologia agrícola, implantando métodos de dessalinização, reutilizando quase 80% da água e utilizando uma rede de distribuição que traz água do Norte para o Sul
O último advento foi a introdução de um purificador de água movido a energia solar, que economiza tanto na área hidrelétrica quanto os recursos hídricos

Nem sempre o país com maiores recursos hídricos está livre da escassez de água. Problemas de gestão levam uma nação a desperdiçar suas reservas. O Brasil é uma delas. Tem 16% da água doce do mundo, mas algumas de suas maiores cidades beiram o estado de emergência e se aproximam de um constrangedor racionamento Texto: Eugenio Goussinsky, do R7 Governo de São Paulo adia racionamento de água

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