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Classe média dos EUA escancara fracasso do Tio Sam

O que será do capitalismo sem o “american way of life?”

Internacional|Fábio cervone, colunista do R7

Nível médio do americano está em decadência, e, por isso, é o tema principal das eleições nos EUA
Nível médio do americano está em decadência, e, por isso, é o tema principal das eleições nos EUA

Principal tema da campanha presidencial de 2012, a crise econômica vivida pelos EUA há quatro anos reacendeu a importância da classe média norte-americana. Os milhões de cidadãos que representam a burguesia mediana são um motor de consumo para a produção nacional e internacional e símbolo do sucesso do país. Durante o governo do democrata Barack Obama, no entanto, a decadência do americano médio colocou em xeque a liderança capitalista do Tio Sam.

Garantir a importância e o padrão de vida deste grupo não significa apenas reforçar a economia e sair na frente em meio à corrida eleitoral. Alavancar a classe média é também uma forma de reforçar o lema — e sonho — dos norte-americanos: o de ser a terra das oportunidades.

Milhões de estrangeiros migram anualmente para os EUA atrás desse mesmo sonho. Mas a atual decadência econômica está afetando essa imagem historicamente construída. Aos poucos, a confiança da população diminui, ao mesmo tempo em que o mercado financeiro, já bastante desgastado, segue colaborando para a estagnação econômica. 

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A terra da livre iniciativa e do livre mercado, na qual os sonhos de empreendimentos podem dar certo, está com dificuldades em garantir o constante crescimento da renda nacional por meio de uma próspera classe média. 

Assim, o padrão “american way of life” (“o estilo americano de viver”, em tradução livre), que prometia dois grandes carros numa garagem espaçosa, dentro de uma linda casa própria com gramados irrigados e geladeiras impressionantemente fartas, pode estar com seus dias contados. 


Queda de consumo

A diminuição do padrão da classe média não é um fenômeno recente. Os EUA estão, há algum tempo, assistindo à “terceira mundialização” de sua classe média, ou seja, a redução de seus níveis de vida, em geral, afetada principalmente pelo elevado desemprego e pela queda do consumo. 

Desde o fim dos anos 90 é possível identificar tal processo. Em 1997, o fenômeno Wal-Mart e outros exemplos de sucesso administrativo em grande escala ganharam envergadura e passaram a interferir significativamente no padrão dos EUA.

Empregos cada vez mais instáveis e de baixo rendimento, combinados com um sistema financeiro inseguro, trouxeram para o topo das despesas gastos como o aluguel, um fenômeno típico de países latino americanos. Como um castelo de cartas, o sistema desmoronou em 2008, forçando uma maior redução na renda familiar da classe média dos EUA — e, consequentemente, cortes no consumo, em geral.

Imediatamente, Obama foi obrigado a aumentar a rede de assistência social do país, em um sinal evidente de que os EUA precisam se preparar para uma nova realidade na distribuição das riquezas entre as classes.

Mas este longo processo também afetará todo o mundo. Os efeitos econômicos diretos já são sentidos com um mercado internacional mais disperso e novos atores globais. 

Mas o maior dos impactos está no campo teórico: O que será do capitalismo sem o sonho americano, sem o “american way of life”?

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