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Empresas europeias ajudam países pobres, mas tiram dinheiro com sonegação fiscal

Segundo ONG, empresas agravam pobreza ao movimentar bilhões de euros em paraísos fiscais

Internacional|Wellington Calasans, especial para o R7, em Estocolmo

Muchanga Caroline, da Zâmbia, vende açúcar no mercado e paga 90 vezes mais imposto que a empresa produtora
Muchanga Caroline, da Zâmbia, vende açúcar no mercado e paga 90 vezes mais imposto que a empresa produtora

A União Europeia oferece ajuda aos países em desenvolvimento com uma mão, mas toma de volta com a outra ao fechar os olhos para um problema grave: a evasão fiscal praticada por suas empresas.

A dura crítica foi feita pela organização sueca Concord no seu recente relatório anual, divulgado no início desta semana em Estocolmo.

A Concord, que é composta de 48 organizações humanitárias e de desenvolvimento, detalha no relatório como as políticas da União Europeia neutralizam a luta contra a pobreza no mundo.

E a área que mais chama a atenção é a de impostos. De acordo com o relatório, somente em 2010, um valor aproximado de 1 bilhão de euros saiu ilegalmente dos países em desenvolvimento. Metade desse montante teria saído em operações financeiras que fazem o dinheiro voltar para as empresas europeias como se fossem lucros.


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No relatório, a Concord sugere que esses ganhos devam ser tributados. Se isso ocorresse, os países em desenvolvimento teriam um valor praticamente idêntico como receita fiscal no mesmo período.

Em um exemplo concreto, foi citado no relatório o caso de uma mulher na Zâmbia que vende açúcar no mercado local. Segundo os dados apresentados, na verdade, ela paga mais impostos do que a Zâmbia Sugar Plc, dando lucros de bilhões de libras ao gigantesco grupo britânico do setor de alimentos Associated British Foods.


“A Europa não pode continuar a dar com uma mão e tirar com a outra”, disse o presidente da Organzação Concord, Laust Leth Gregersen, em nota de imprensa.

— A atual política fiscal é um exemplo clássico de quando se trabalha assim. Bilhões vão para os países em desenvolvimento, na forma de assistência, mas voltam para os países ricos por sonegação de impostos.

O relatório da Concord também revela que quase a metade de todo o dinheiro que as grandes empresas europeias investem em países em desenvolvimento sai ou é movimentado por meio de paraísos fiscais.

A União Europeia, Estados Unidos e outros países querem acabar com as transações financeiras de grandes empresas em paraísos fiscais.

No encontro político realizado este mês em São Petersburgo (Rússia), os países do G20 produziram um projeto de normas fiscais internacionais com este objetivo.

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