Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Com 15 mil crianças perdidas, ONU alerta para "catástrofe de fome" no Sudão do Sul

Cerca de 4,9 milhões de pessoas podem enfrentar falta de alimento nos próximos meses

Internacional|calencar

Publicidade
No caos da guerra civil no Sudão do Sul, foram necessários três anos para que Nyagonga Machul conseguisse reecontrar seus filhos. Em 2013, Machul viajou da vila onde morava para a capital do país quando o presidente Salva Kiir, da etnia Dinka, demitiu o deputado Riek Machar, do grupo étnico dos Nuer. A demissão despertou uma guerra civil na nação mais nova do mundo, que enfrenta há anos diversos conflitos étnicos
Nesse ano, a mãe perdeu os seus quatro filhos. Nhial, agora com 14 anos e protetor da família; Ruai, de 10 anos, e Machiey, 6, que adoravam brincar e nadar juntos; Nyameer, 6, e Nyawan, que agora tem 4 anos, mas à época era apenas um bebê
Por 4 anos Machul rezou por notícias dos filhos. Em dezembro, ela soube que todos estavam vivos, mas vivendo em Bentiu, o acesso aos campos de petróleo localizado ao norte do país. Mais de 1.000 quilômetros os separavam
A mãe foi separada dos filhos quando ela os deixou na casa da avó para passarem a noite, mas um homem armado invadiu a vila e eles precisaram fugir para não serem mortos. "Eu estava na cama dormindo. De repente eu ouvi sons de tiros e pessoas gritando", disse o pequeno Nhial
Em pânico, as crianças correram cada uma para um lado e se esconderam. Quando elas voltaram, encontraram uns aos outros, mas não a avó. Foi então que eles decidiram fugir sozinhos. Sem a ajuda de ninguém, os quatro irmãos atravessaram pântanos que chegavam à altura do peito e eram cheios de crocodilos e cobras. Eles até chagaram a implorar por comida nas ruas
Até que um dia uma ex-vizinha da família chamada Nyabika Temdor os encontrou e deu abrigo a eles. Mas o atirador apareceu novamente e eles precisaram fugir mais uma vez. Após quatro dias, eles chegaram a um campo de famílias retiradas de seus lares. O assentamento contava com mais de 120 mil moradores e era cercado de arame farpado e torres de observação
Esse foi o local que uma das organizações apoiadoras da UNICEF os encontrou e colocou os nomes na lista de crianças perdidas na guerra, o que tornou possível que Machul reencontrasse seus filhos. Na última sexta-feira (10), o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, anunciou que mais de 1,5 milhão de pessoas já foram forçadas a se deslocar do Sudão do Sul para buscar segurança desde que o conflito eclodiu em dezembro de 2013
Isso torna a crise de refugiados do Sudão do Sul a maior da África e a terceira maior do mundo, atrás apenas da Síria e do Afeganistão, ainda que receba menos atenção e recursos. Desde janeiro passado, Uganda recebeu mais de 52.000 refugiados do país, sendo que a maior parte deles passou por pontos de entrada como o de Busia, o qual Sidah e sua família passaram para conseguir refúgio
Muitos refugiados estão utilizando pontos de acesso informais, alegando a presença de grupos armados nas rotas para os principais pontos de travessia
Milhares de pessoas têm feito grandes desvios a pé para escapar do Sudão do Sul, indo em direção à República Democrática do Congo (RDC) e em seguida entrando em Uganda pela parte leste temendo ataques de grupos armados presentes nas rotas mais diretas. Alguns relatam terem caminhado por mais de um mês até terem finalmente encontrado segurança
A maior parte dos refugiados tem sido acolhido por Uganda, onde cerca de 698 mil chegaram recentemente. A Etiópia também está abrigando cerca de 342 mil pessoas, enquanto mais de 305 mil estão no Sudão, 89 mil no Quênia, 68 mil na República Democrática do Congo e 4.900 na República Centro-Africana
Ao fazer um apelo por mais assistência, o porta-voz do ACNUR Willian Spindler acrescentou: “Mais de 60% dos refugiados são crianças, muitos chegam em condições alarmantes de desnutrição. Recém-chegados relatam sofrimento dentro do Sudão do Sul com os intensos combates, sequestros, estupro, temores de grupos armados e ameaças à vida, bem como a escassez de alimentos”
Segundo um alerta divulgado pela ONU, cerca de 4,9 milhões de pessoas no Sudão do Sul, o correspondente a mais de um terço da população do país, poderão enfrentar severa falta de alimentos nos próximos meses
Para a organização, o nível de insegurança alimentar no país atingiu o ponto mais alto desde o início dos conflitos armados na região, há mais de três anos
O governo do Sudão do Sul já declarou situação de fome em algumas regiões do centro-norte do país. No total, a mais nova nação do mundo tem cerca de 100 mil pessoas nessa situação. Segundo as Nações Unidas, mais de 1 milhão de pessoas estão peito de passar fome devido a uma combinação perversa de guerra civil e colapso econômico
A declaração formal da situação de fome em áreas do país indica que já começam a morrer pessoas na que é considerada "a pior catástrofe" desde o início do conflito civil. O quadro integrado de classificação da segurança alimentar indica que 4,9 milhões de pessoas precisam de alimentos no país
O alerta das agências humanitárias é de que a crise pode se espalhar se não houver ajuda. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Programa Mundial de Alimentação (PMA) querem medidas urgentes na área para evitar a morte de mais pessoas

1 / 17

No caos da guerra civil no Sudão do Sul, foram necessários três anos para que Nyagonga Machul conseguisse reecontrar seus filhos. Em 2013, Machul viajou da vila onde morava para a capital do país quando o presidente Salva Kiir, da etnia Dinka, demitiu o deputado Riek Machar, do grupo étnico dos Nuer. A demissão despertou uma guerra civil na nação mais nova do mundo, que enfrenta há anos diversos conflitos étnicos
Nesse ano, a mãe perdeu os seus quatro filhos. Nhial, agora com 14 anos e protetor da família; Ruai, de 10 anos, e Machiey, 6, que adoravam brincar e nadar juntos; Nyameer, 6, e Nyawan, que agora tem 4 anos, mas à época era apenas um bebê
Por 4 anos Machul rezou por notícias dos filhos. Em dezembro, ela soube que todos estavam vivos, mas vivendo em Bentiu, o acesso aos campos de petróleo localizado ao norte do país. Mais de 1.000 quilômetros os separavam
A mãe foi separada dos filhos quando ela os deixou na casa da avó para passarem a noite, mas um homem armado invadiu a vila e eles precisaram fugir para não serem mortos. "Eu estava na cama dormindo. De repente eu ouvi sons de tiros e pessoas gritando", disse o pequeno Nhial
Em pânico, as crianças correram cada uma para um lado e se esconderam. Quando elas voltaram, encontraram uns aos outros, mas não a avó. Foi então que eles decidiram fugir sozinhos. Sem a ajuda de ninguém, os quatro irmãos atravessaram pântanos que chegavam à altura do peito e eram cheios de crocodilos e cobras. Eles até chagaram a implorar por comida nas ruas
Até que um dia uma ex-vizinha da família chamada Nyabika Temdor os encontrou e deu abrigo a eles. Mas o atirador apareceu novamente e eles precisaram fugir mais uma vez. Após quatro dias, eles chegaram a um campo de famílias retiradas de seus lares. O assentamento contava com mais de 120 mil moradores e era cercado de arame farpado e torres de observação
Esse foi o local que uma das organizações apoiadoras da UNICEF os encontrou e colocou os nomes na lista de crianças perdidas na guerra, o que tornou possível que Machul reencontrasse seus filhos. Na última sexta-feira (10), o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, anunciou que mais de 1,5 milhão de pessoas já foram forçadas a se deslocar do Sudão do Sul para buscar segurança desde que o conflito eclodiu em dezembro de 2013
Isso torna a crise de refugiados do Sudão do Sul a maior da África e a terceira maior do mundo, atrás apenas da Síria e do Afeganistão, ainda que receba menos atenção e recursos. Desde janeiro passado, Uganda recebeu mais de 52.000 refugiados do país, sendo que a maior parte deles passou por pontos de entrada como o de Busia, o qual Sidah e sua família passaram para conseguir refúgio
Muitos refugiados estão utilizando pontos de acesso informais, alegando a presença de grupos armados nas rotas para os principais pontos de travessia
Milhares de pessoas têm feito grandes desvios a pé para escapar do Sudão do Sul, indo em direção à República Democrática do Congo (RDC) e em seguida entrando em Uganda pela parte leste temendo ataques de grupos armados presentes nas rotas mais diretas. Alguns relatam terem caminhado por mais de um mês até terem finalmente encontrado segurança
A maior parte dos refugiados tem sido acolhido por Uganda, onde cerca de 698 mil chegaram recentemente. A Etiópia também está abrigando cerca de 342 mil pessoas, enquanto mais de 305 mil estão no Sudão, 89 mil no Quênia, 68 mil na República Democrática do Congo e 4.900 na República Centro-Africana
Ao fazer um apelo por mais assistência, o porta-voz do ACNUR Willian Spindler acrescentou: “Mais de 60% dos refugiados são crianças, muitos chegam em condições alarmantes de desnutrição. Recém-chegados relatam sofrimento dentro do Sudão do Sul com os intensos combates, sequestros, estupro, temores de grupos armados e ameaças à vida, bem como a escassez de alimentos”
Segundo um alerta divulgado pela ONU, cerca de 4,9 milhões de pessoas no Sudão do Sul, o correspondente a mais de um terço da população do país, poderão enfrentar severa falta de alimentos nos próximos meses
Para a organização, o nível de insegurança alimentar no país atingiu o ponto mais alto desde o início dos conflitos armados na região, há mais de três anos
O governo do Sudão do Sul já declarou situação de fome em algumas regiões do centro-norte do país. No total, a mais nova nação do mundo tem cerca de 100 mil pessoas nessa situação. Segundo as Nações Unidas, mais de 1 milhão de pessoas estão peito de passar fome devido a uma combinação perversa de guerra civil e colapso econômico
A declaração formal da situação de fome em áreas do país indica que já começam a morrer pessoas na que é considerada "a pior catástrofe" desde o início do conflito civil. O quadro integrado de classificação da segurança alimentar indica que 4,9 milhões de pessoas precisam de alimentos no país
O alerta das agências humanitárias é de que a crise pode se espalhar se não houver ajuda. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Programa Mundial de Alimentação (PMA) querem medidas urgentes na área para evitar a morte de mais pessoas

No caos da guerra civil no Sudão do Sul, foram necessários três anos para que Nyagonga Machul conseguisse reecontrar seus filhos. Em 2013, Machul viajou da vila onde morava para a capital do país quando o presidente Salva Kiir, da etnia Dinka, demitiu o deputado Riek Machar, do grupo étnico dos Nuer. A demissão despertou uma guerra civil na nação mais nova do mundo, que enfrenta há anos diversos conflitos étnicos

  • r7internacional
  • sudão do sul
  • guerras
  • crianças
  • perdidas

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.